03/09/2018

Em meio a crise, Papa ataca quem busca 'escândalo e divisão'

Por Agência Brasil em 03/09/2018 às 09:37

INTERNACIONAL – O papa Francisco criticou nesta segunda-feira (3) as pessoas que “buscam apenas o escândalo e a divisão”, em meio à ofensiva contra ele movida pelo arcebispo italiano Carlo Maria Viganò, expoente da ala conservadora da Igreja Católica.

A declaração foi dada durante uma missa do Pontífice na Casa Santa Marta, sua residência oficial no Vaticano. Em sua homilia, Jorge Bergoglio partiu do Evangelho de Lucas, que narra a acolhida desconfiada a Jesus em seu retorno a Nazaré, para passar sua mensagem.

Segundo Francisco, Cristo venceu “com seu silêncio” os “cães selvagens” e o “diabo que semeara a mentira no coração”.

“Silêncio. Dizer o que pensa e depois calar. Porque a verdade é dócil, a verdade é silenciosa, a verdade não é barulhenta. Não é fácil repetir aquilo que Jesus fez, mas o cristão tem a dignidade ancorada na força de Deus”, disse.

“Com as pessoas que não têm boa vontade, com as pessoas que buscam apenas os escândalos, que buscam apenas a divisão, a destruição, mesmo nas famílias: silêncio. E oração”, acrescentou o Papa, que ainda pediu para o “Senhor dar a graça de discernir a hora de falar e de calar”.

Há pouco mais de uma semana, chegou ao público uma carta na qual o arcebispo italiano Carlo Maria Viganò, ex-núncio apostólico em Washington (EUA), acusa Bergoglio de ter ignorado denúncias de abusos sexuais cometidos pelo ex-cardeal norte-americano Theodore McCarrick.

Viganò diz que Francisco sabia das acusações desde 2013, mas não fez nada para afastar McCarrick – o prelado só foi removido do colégio cardinalício em julho passado, após ter sido envolvido em um caso de pedofilia.

No último fim de semana, o arcebispo italiano enviou outra carta a um site conservador católico e lançou novas acusações contra o Pontífice. Desta vez, a história diz respeito ao encontro do Papa com uma tabeliã norte-americana, Kim Davis, que se negara a casar homossexuais nos Estados Unidos.

A reunião foi arranjada por Viganò em 2015, durante uma visita de Bergoglio aos EUA, mas o Vaticano diz que Davis era apenas convidada da Nunciatura Apostólica em um evento e não tivera nenhum encontro privado com o líder católico.

No entanto, em sua nova carta, Viganò garante que o Vaticano e o Papa sabiam quem era Davis e aceitaram vê-la. Aliados de Francisco interpretam os ataques do arcebispo como um movimento orquestrado pelas alas ultraconservadoras da Cúria, incomodadas com as aberturas do Pontífice a gays e divorciados.

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