13/01/2015

Em 2001, voltava para Santos, pela última vez, governador Mário Covas

Por Juan Reol/#Santaportal em 13/01/2015 às 19:08

RETROSPECTIVA 18 ANOS – No dia 26 de janeiro de 2015 o Sistema Santa Cecília de Comunicação completa 18 anos transmitindo informação e entretenimento nas nove cidades da Baixada Santista. Com um Jornalismo sério e atuante, a Santa Cecília TVcobriu os principais acontecimentos da região nesse período. O #Santaportal, página de notícias na internet e “filho mais novo do Sistema”, realiza uma retrospectiva destas quase duas décadas de existência, lembrando fatos que marcaram tanto a história da emissora quanto os moradores do litoral de São Paulo.

Após lembrar o acidente do show do Raimundos no Clube de Regatas Santista, em 1997, o incêndio na Ilha Barnabé, que aconteceu em 1998, o “Caso da Cavalaria, de 1999, e o retorno do bonde às ruas de Santos, no ano 2000, o #Santaportal destaca a comoção dos paulistas com a morte do ex-governador de São Paulo, Mário Covas, que aconteceu em 6 de março de 2001. Natural de Santos, ele foi sepultado no Cemitério do Paquetá, no bairro Vila Nova, no mesmo dia, em uma tarde que jamais será esquecida pelas mais de 15 mil pessoas que acompanharam o cortejo pelas ruas da cidade.

Mário Covas Júnior nasceu 21 de abril de 1930, em Santos (SP). Filho do português Mário Covas, um corretor de café, e da espanhola Arminda Carneiro Covas, fez os estudos básicos em sua cidade natal, deixada para trás apenas em 1947, quando foi para São Paulo (SP) cursar química industrial na Escola Técnica Bandeirantes. No terceiro ano prestou vestibular para Engenharia Civil, se formando em 1955 na Escola Politécnica da Universidade de São Paulo.

Zuza, apelido carinhoso usado por sua família e recebido por um tio graças a uma fantasia de Carnaval, conheceu sua fiel companheira, Florinda Gomes, a Lila, também em 1947. Mesmo passando os primeiros anos de namoro com um morando em Santos e o outro na Capital, eles casaram e tiveram três filhos: Renata, Mário e Silva, está última falecida em 1975 em um acidente de moto.

Covas, ferrenho torcedor do Santos Futebol Clube-SP, herança de seu pai, iniciou na vida política ainda na década de 50, quando foi vice-presidente da União Nacional dos Estudantes (UNE). Formado engenheiro, foi funcionário público da Prefeitura de Santos até 1962.

Sua primeira eleição aconteceu em 1961, quando tentou o cargo de prefeito de Santos pelo Partido Social Trabalhista (PST). Derrotado no cargo máxima em sua cidade natal, disputou para a Câmara Federal, quando foi eleito deputado pela primeira vez, em 1962. Ocupou a cadeira em mais dois mandatos, 1983 e 1986.

Com a extinção do pluripartidarismo graças ao Ato Inconstitucional 2, imposto pela Ditadura Militar, Mário Covas se filiou ao MDB. Em 1969, devido a promulgação do Ato Institucional 5, o santista foi destituído do seu cargo e teve seus direitos políticos suspensos por dez anos. Além disso, no mesmo ano, passou dez dias preso em um Quartel da Aeronáutica, em São Paulo. Durante o período da cassação, trabalhou com engenheiro, mas continuou seus contatos com a vida política do país.

Com a retomada de seus direitos políticos e o fim do bipartidarismo, Mário Covas trocou o MDB pelo PMDB. Indicado pelo então governador Franco Montoro, assumiu a Prefeitura de São Paulo em 1983, onde ficou até 1985.

Em 1986 se elegeu senador da República com 7,7 milhões de votos, a maior votação da história do Brasil na época. Os números o colocaram como líder do PMDB na Assembleia Nacional Constituinte. Em junho de 1988, Mário Covas, inconformado com atitudes do então presidente José Sarney, se juntou a outras lideranças e ajudou a fundar o Partido da Social Democracia Brasileira. Devido à força de sua popularidade à época, foi escolhido pelo PSDB para disputar o cargo de presidente da República, quando terminou no quarto lugar. No segundo turno, apoiou Luís Inácio Lula da Silva, do PT, contra Fernando Collor de Mello, do PRN, que acabou vencendo a eleição.

Em 1990 tentou o mandato de governador, terminando em terceiro lugar a eleição vencida por Luís Antônio Fleury Filho (PMDB). Quatro anos depois, Mário Covas foi eleito governador do Estado de São Paulo, derrotando Francisco Rossi (PDT) no 2º turno. Em 1998, o santista de nascimento foi reeleito governador, cargo interrompido pela sua morte em março de 2001. O então vice-governador Geraldo Alckmin, atualmente em seu quarto mandato, assumiu São Paulo pela primeira vez, interinamente, em janeiro do mesmo ano do falecimento do titular devido licença médica do mesmo.

Mário Covas teve um vasto histórico de problemas de saúde ao longo de sua vida. Em 1986 sofreu um infarto, o que o levou a uma angioplastia e a colocação de duas pontes de safena e uma mamária um ano depois. Em 1993, foi submetido a uma cirurgia para retirada da vesícula biliar e, nos anos seguintes, foi internado duas vezes por causa de crises de erisipela nas pernas. Em 1998, após a retirada de um tumor benigno na próstata, os médicos detectaram um câncer de bexiga, que foi retirada para iniciar um tratamento quimioterápico. Dois anos depois foi descoberto um novo tumor maligno entre a nova bexiga e o reto. No dia 24 de outubro, Covas adiou sua internação para a noite do dia 29, data da eleição para a Prefeitura de São Paulo, para confirmar publicamente seu voto em Marta Suplicy (PT), no segundo turno.

Mesmo doente e se submetendo a vários tratamentos, Covas continuou as suas atividades como político atuante. Em 6 de março de 2001, Mário Covas morreu de falência múltipla dos órgãos por volta das 5h30, no Instituto do Coração do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (Incor) em São Paulo. Ele havia sido internado em 25 de fevereiro.

Antes do sepultamento do governador Mário Covas no Cemitério do Paquetá, em Santos, o velório aconteceu no Palácio dos Bandeirantes e no Palácio 9 de Julho, sede da Assembleia Legislativa, ambos na Capital. O corpo foi trazido para o Litoral até a praça José Bonifácio, no município santista, onde foi colocado em um caminhão do Corpo de Bombeiros para desfile em carro aberto. Cerca de 15 mil pessoas acompanharam o cortejo, seja das janelas dos comércios do Centro Histórico, seja das ruas. Apenas na praça, mais de 3,5 mil santista, de acordo com dados da Polícia Militar na época.

No trajeto para o Cemitério do Paquetá, o caminhão dos Bombeiros teve um problema na bomba de gasolina e parou, tendo que ser rebocado por outro. Cerca de 100 metros antes do destino final, ambos não puderam realizar uma curva. Desta forma o caixão do governador Mário Covas foi carregado por policiais militares.

Diversas autoridades da época acompanharam o enterro do governador, entre elas os líderes do PSDB, incluindo o então presidente do Brasil, Fernando Henrique Cardoso, que veio para a cidade de helicóptero e acompanhado de sua esposa, hoje falecida, Ruth Cardoso. Ambos ficaram ao lado de Lila Covas durante toda a cerimônia. Também estiveram presentes ministros da época como José Serra (Saúde), Paulo Renato (Educação), Pimenta da Veiga (Comunicações) e Aloysio Nunes Ferreira Filho (Secretaria Geral da Presidência), além do governador do Espírito Santos, José Ignácio Ferreira.

Não-tucanos também compareceram ao enterro como o ministro Raul Jungmann (Desenvolvimento Agrário), o senador Romeu Tuma (PFL-SP), a deputada Luíza Erundina (PSB-SP) e os petistas Marta e Eduardo Suplicy, além da deputada federal Telma de Souza (PT) e do prefeito de Santos, Beto Mansur (PPB).

Milhares de pessoas acompanharam o sepultamento do lado de fora do cemitério, já que a entrada foi permitida apenas para 1.500 pessoas, entre familiares e autoridade. Sejam nos cortiços da Vila Nova ou pendurados nos muros do Paquetá, santistas, muitos deles trabalhadores portuários, aplaudiram assim que o corpo do governador chegou ao local.

Mário Covas nunca escondeu o orgulho de ser de Santos. Em uma de suas histórias mais famosas, dizia que, na vida, havia perdido apenas duas vezes, para presidente da República e para prefeito de Santos. Um de seus sonhos era ser eleito presidente do clube de seu coração, o Santos Futebol Clube-SP.

Após o falecimento do governador, o prefeito de Santos, Beto Mansur (PPB) propôs na Câmara Municipal que a avenida dos Portuários passasse a chamar avenida Mário Covas, proposta aceita pelos vereadores da época.

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