Ecoansiedade cresce na Baixada Santista em meio a crise climática e chuvas constantes
Por Laeticia Bourgeois em 22/09/2025 às 06:00
A preocupação com o futuro do planeta deixou de ser apenas uma pauta ambiental e passou a afetar diretamente a saúde mental da população. A chamada “ecoansiedade” é um termo recente, usado para descrever o estresse e preocupação gerados pelos impactos das mudanças climáticas. O quadro, que afeta principalmente jovens, pode começar a aparecer com mais frequência na Baixada Santista, devido ao aumento significativo dos efeitos da crise climática na região.
A ecoansiedade ou ansiedade climática se manifesta por meio do medo, catastrofização, tristeza, e até mesmo sentimento de impotência e culpa em relação a assuntos voltados a situações ambientais. Ela ainda não pode ser considerada um transtorno mental formalmente reconhecido porque não consta no manual de diagnóstico (DSM -5), mas pode ser um termo clínico descritivo.
“O mecanismo da ecoansiedade é igual a outros tipos de ansiedade – existe uma resposta do corpo e da mente diante de uma ameaça percebida –, porém o foco estará sempre voltado ao meio ambiente.” relata a psicóloga Márcia Cirilo Araújo, especialista em quadros de ansiedade.
A população jovem é a mais suscetível a desenvolver esse quadro, devido ao grande número de informações que são recebidas diariamente sobre mudanças climáticas e aquecimento global, que geram uma incerteza sobre o futuro. Além disso, boa parte deles identificam seus efeitos.
Um estudo da Unicef de 2023 revelou que 57% dos jovens entre 16 e 24 anos sentem ecoansiedade. Além dos jovens, profissionais ligados diretamente à área do meio ambiente e moradores de áreas consideradas de risco também desenvolvem essa ansiedade. “A pessoa se sente ameaçada e impotente nesses casos”, completa a psicóloga.
O excesso de informações sobre crises ambientais pode também ser um fator de gatilho para a população. “Para quem já tem a predisposição para ecoansiedade sim, pois passará a consumir esse tipo de conteúdo como se estivesse monitorando notícias sobre desastres ambientais”, alerta Márcia. “É importante evitar redes sociais ou sites não confiáveis. Estar em grupos com soluções e iniciativas positivas pode ajudar”, completa.
Para casos de ansiedade, é interessante a procura de ajuda profissional, como de um psicólogo ou terapeuta. “O papel da terapia é ajudar a pessoa a questionar seus pensamentos limitantes, seus medos, validando suas emoções. Ensinar técnicas para o manejo da ansiedade, promover pensamentos mais flexíveis e realistas, resgatar projetos de vida e futuro, apesar da crise climática”, afirma a especialista.
Quando administrada, a ecoansiedade pode se tornar um “motor” para mudanças positivas. “Partindo do pressuposto que as pessoas conscientes e realistas vão agir para tentar mudar o que for preciso ao seu redor, sendo um agente multiplicador”.