Doria admite abrir diálogo com Lula e agora coloca em dúvida decisões de Moro

Por Folha Press em 28/04/2022 às 12:38

Divulgação/Governo de SP
Divulgação/Governo de SP

O pré-candidato do PSDB à Presidência da República, João Doria, defendeu que haja diálogo com o ex-presidente Lula (PT) em nome da preservação da democracia e da derrota de Jair Bolsonaro (PL).

Doria evitou ainda dizer se as decisões de Sergio Moro (União) em relação ao petista foram corretas ou equivocadas, ressaltando gostar do ex-juiz e ter respeito por ele.

O ex-governador de São Paulo participou de sabatina realizada por Folha de S. Paulo e UOL nesta quinta-feira (28). A entrevista foi conduzida pela apresentadora Fabíola Cidral, pelo colunista do UOL Josias de Souza e pela jornalista da Folha de S. Paulo Catia Seabra.

“Não há razão para não manter o diálogo com Lula, com o PT, com partidos à esquerda e partidos à direita”, disse Doria, salientando que a democracia pressupõe diálogo.

“Tenho posições muito distintas em relação ao PT, mas isso não impede de manter uma relação respeitosa”, disse Doria. “Só nos regimes autoritários é que não há diálogo”, completou.

Doria, no entanto, rejeitou a ideia de um apoio a Lula já no primeiro turno. Em relação ao segundo turno, o pré-candidato afirmou que o PSDB estará na segunda etapa da disputa. “Sou otimista e determinado”, emendou.

Em relação a Moro, a quem chegou a realizar um evento de homenagem quando era governador de São Paulo, Doria afirmou não ser capaz de analisar de ele foi isento no julgamento de Lula. O STF (Supremo Tribunal Federal) já anulou condenações do petista na Lava Jato e o Comitê de Direitos Humanos da ONU concluiu que Moro foi parcial.

“A minha posição não mudou em relação a Sergio Moro. Mas eu não sou capaz de fazer juízo se os julgamentos que ele realizou foram corretos ou não foram corretos, cabe isso aos tribunais. Aliás, o Supremo já se manifestou e eu aprendi a respeitar as decisões da Justiça”, disse Doria.

“Não sou jurista, não sou advogado e não frequento e nem participo de nenhum tribunal. Eu não me sinto à vontade para fazer esse julgamento. E quero registrar que respeito Sergio Moro. Portanto, eu não faço pronunciamento automático de endosso como esse, ainda que eu respeite a ONU. Mas por desconhecer os critérios dessa avaliação, não posso fazer o endosso”, afirmou em relação à decisão da ONU.

Questionado sobre a mudança de postura, já que sempre criticou Lula e o PT de forma dura, Doria respondeu que “o Brasil está farto de guerra e conflito”.

Doria também afirmou que não daria seu voto a Bolsonaro novamente.

Ele disse ainda que tem respeito e nunca cessou o diálogo com o ex-governador Geraldo Alckmin (PSB), que foi seu padrinho político no PSDB, mas deixou o partido após desentendimento com o ex-governador e agora deve ocupar a vaga de candidato a vice na chapa de Lula.

O tucano afirmou, contudo, não compreender “a razão de ele [Alckmin] estar ao lado de Lula”.

Doria deu como encerrada a disputa interna no PSDB com o ex-governador do Rio Grande do Sul Eduardo Leite, que perdeu as prévias para o paulista em novembro passado. Mesmo derrotado, Leite iniciou uma pré-campanha paralela à Presidência da República, mas divulgou uma carta de apoio a Doria na última sexta-feira (22).

“Esse assunto foi reavivado e foi encerrado”, disse Doria, ressaltando que a carta de Leite foi bonita e um gesto de grandiosidade. No entanto, aliados do gaúcho, que também cogita disputar a reeleição no seu estado, ainda têm esperanças de que Leite seja o presidenciável do PSDB no lugar de Doria.

Doria minimizou os problemas da sua pré-candidatura, como a rejeição de eleitores e a dificuldade de composição da terceira via -formada por PSDB, Cidadania, MDB e União Brasil.

Os partidos acertaram o lançamento de uma candidatura única até 18 de maio, mas a União Brasil já admite se retirar das conversas. Na sabatina, Doria afirmou que “a tendência da União Brasil é caminhar sozinha” e que isso será respeitado.

Ele afirmou que a unidade da terceira via “é um trabalho em progressão, pode dar certo ou não”. “Ainda acredito na possibilidade de união”, emendou. Doria evitou responder sobre os planos de PSDB e MDB caso a frente perca seu maior partido, a União Brasil, que tem o maior tempo de TV e o maior fundo eleitoral.

Doria afirmou que a decisão sobre os próximos passos cabe aos presidentes dos partidos.

Além de Doria, outras opções de presidenciáveis da terceira via são Simone Tebet (MDB) e Luciano Bivar (União). O tucano disse não ter restrição ao diálogo com Ciro Gomes (PDT), apesar de já ter sido xingado pelo pedetista.

O ex-governador ressaltou, no entanto, que uma aliança eleitoral seria difícil, já que as posições defendidas por eles, sobretudo no campo de economia e privatizações, são diferentes.

Questionado sobre admitir a opção de ser candidato a vice na chapa da terceira via, Doria respondeu que não exclui nenhuma possibilidade.

“Não me priorizo e nem excluo nenhuma alternativa. A prioridade é o Brasil e os brasileiros, não é sequer meu partido, nem sequer o indivíduo “, afirmou.

O tucano disse ainda que isso não era uma crítica a Tebet, que afirmou em sua sabatina que não toparia a cadeira de vice.

Doria, no entanto, disse não cogitar concorrer a uma vaga no Congresso ou mesmo disputar a reeleição em São Paulo. Ele reafirmou que o candidato do partido é o atual governador, que foi seu vice, Rodrigo Garcia (PSDB).

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