Liderança feminina é destaque em empresas da região
Por Maria Clara Pasqualeto em 08/03/2025 às 13:00

Maioria na porcentagem da população brasileira, as mulheres ocupam apenas 38% dos cargos de liderança, segundo uma pesquisa da FIA Business School. Apesar disso, a Baixada Santista conta com histórias inspiradoras de gestoras.
Natalie Nanini, atual gerente de Jornalismo do Sistema Santa Cecília de Comunicação, conta que, na verdade, nunca se imaginou trabalhando na área televisiva. Ela conta que não virou gerente “do dia para noite”. Começou no jornal impresso, e, aos poucos, as oportunidades apareceram.
“Costumo dizer que não fui eu quem escolheu o jornalismo, o jornalismo que me escolheu. Desde muito nova, já com 15/16 anos, já sabia que queria ser jornalista, só não sabia que seria jornalista de televisão, porque meus planos eram trabalhar no jornal impresso”.
Natalie finaliza: “A televisão acabou acontecendo na minha vida, enquanto eu trabalhava na área de jornal impresso. Até mudei de estado e fiquei um ano e sete meses sem fazer televisão, para saber se era isso mesmo que eu queria. Depois, fui chamada pela Record, para trabalhar num programa de esportes como editora-chefe, algo que eu, também, nunca tinha feito. Com 27 anos, fiz uma escolha: sair do vídeo e trilhar uma carreira executiva”.
Ludmilla Rossi, CEO do Juicyhub, hub de inovação em Santos, é outro exemplo de superação feminina, que, com muito esforço e dedicação, alcançou um cargo executivo. Ela conta que, inclusive, utilizou da pandemia para executar sua ideia: criar um espaço para valorizar a economia da cidade.
“Até então, não existia uma plataforma como o Juicyhub. Para que pudéssemos acolher pessoas criativas, empreendedoras, que estavam buscando construir uma nova linha de negócios na cidade, logo que estourou a pandemia, criamos um hub de inovação com três grandes pilares: conexões, negócios e comunicação. Em três anos de operação, capacitamos mais de 7 mil pessoas e apoiamos mais de 230 CNPJs”.
No caso de Maria de Fátima Pires Campos, ela explica seu sucesso na gerência do laboratório Cellula Mater, junto de seu irmão, Carlos Eduardo. Juntos, trabalham há mais de 25 anos em prol da saúde e da sociedade.
“Em 1997 fui convidada pelo Dr. Carlos, meu irmão, para fazer parte do Laboratório Cellula Mater, na área administrativa, onde fazia faturamento e emissão de laudos, pois minha primeira formação acadêmica foi em Ciências da Computação. Infelizmente, perdemos nossos pais em 1999. Com essa perda meu irmão me incentivou a fazer outra faculdade, Biomedicina, ja que trabalhava no laboratório. Realizei mais uma faculdade, e me formei em 2003. De lá pra cá, fomos trabalhando em prol da saúde, e conforme, o aumento de serviços, nossa equipe também aumentou. Estamos atuando em cinco cidades na Baixada Santista, e hoje faço parte da diretoria do laboratório, com muito orgulho e gratidão”.
Desafios da atuação feminina em cargos executivos
Quanto aos desafios da atuação feminina em gerência, Ludmilla destaca a questão regional, mencionando o fato de Santos caracterizar-se como uma cidade extremamente feminina. Porém, apesar da melhoria na representatividade e indicadores, muitas mulheres são deixadas de lado.
“De um lado, vemos um discurso muito importante, nos dias de hoje, sobre igualdade de gênero, mais acesso e oportunidade às mulheres. Vemos os indicadores melhorarem, porém, ao mesmo tempo, estarem aquém do esperado. Além disso, é importante lembrar que Santos é a cidade mais feminina do Brasil, e, ainda assim, não temos uma representatividade tão grande. Temos uma cidade que grande parte da economia é concentrada no setor portuário, e a maior parte dos cargos executivos são ocupados por homens”.
Natalie complementa o ponto de Ludmilla, mencionando, do mesmo modo, a escassez feminina no setor portuário. Não apenas na cidade, porém, de forma global.
“Um levantamento recente feito pela ‘Vista Brasil’ mostrou que, no setor portuário/aquaviário do Brasil, apenas 17% das mulheres apresentam um cargo de liderança. Isso equivale a média mundial, para entender que não é um problema só do Brasil. É uma necessidade de mudança cultural e global. Embora esse índice já tenha sido menor, e que estamos avançando por conta da equidade de gênero, ainda estamos muito distantes do ’50/50′, metade homens, metade mulheres”.
Para Fátima, as mulheres fazem mais do que, simplesmente, trabalhar incansavelmente: Elas conquistam seus espaços no mercado, apesar de todos os desafios.
“A mulher dos tempos atuais acumula um histórico de vitórias como a conquista do seu espaço do mercado de trabalho, independência financeira, direitos políticos e por aí vai. Porém, nos dias de hoje, é notório também o acúmulo de funções entre a classe, ainda que ela seja independente e esteja bem posicionada no mercado de trabalho, por diversas vezes fica com a mulher a responsabilidade da casa e dos filhos. De fato estamos cada vez mais conquistando nosso espaço, mas ainda falta muito para ser igualado. Dentro do Laboratório Cellula Mater, 93% do quadro de colaboradores são mulheres”.