Apaixonado por surf, Leonardo Rodrigues usou o esporte para criar hamburgueria

Por Noelle Neves em 26/08/2021 às 11:27

Arquivo Pessoal
Arquivo Pessoal

Leonardo Carneiro Rodrigues, de 23 anos, sempre teve uma inquietação dentro de si. Pelo menos, era isso que amigos, familiares e até professores diziam. Tagarela que só, não conseguia ficar parado e constantemente, era cobrado por conversar o tempo inteiro com qualquer pessoa. O que poucos imaginavam é que essas características o fariam prosperar.

Apesar da pouca idade, construiu uma das principais hamburguerias de Santos, começando com poucos recursos, e ainda concilia a vida de empresário com a de corretor de café. Hoje, Leo, como é conhecido, é motivo de orgulho para quem o conhece, especialmente para aqueles que acompanharam sua trajetória e amadurecimento de perto.

Veia de empreendedor desde a adolescência de Leonardo

Leonardo teve a infância tranquila, repleta de viagens em família, bons momentos, muito surf e skate. Ativo e animado, colecionava amizades por onde passava. E a veia empreendedora o acompanhou em todo o caminho.

Desde pequeno, já sabia como utilizar o dinheiro a seu favor. Aproveitava o que ganhava de aniversário, investia na compra de bicicletas, arrumava e depois vendia por um preço mais elevado. Também comprava pranchas e alugava para turistas.

Essa era sua vibe… Por isso, quando fez 17 anos e foi questionado pelo pai, durante as férias escolares, sobre o que faria após a formatura, congelou. Na época, não tinha noção do que escolher, afinal, sempre “deu trabalho na escola”.

Diante da indecisão, a resposta do pai foi uma: mandou se trocar pois iria começar a trabalhar com corretagem de café. A vida de empreendedor começou ali.

Em paralelo, após a conclusão do Ensino Médio, começou a faculdade de Administração de Empresas. E foi durante uma das aulas que teve o insight que mudaria sua vida.

“Era uma aula de marketing. De repente, me toquei que em volta da Instituição não tinha nada para comer. Pensei, na hora, em abrir um negócio de temakis e hot roll em uma Kombi na porta da universidade. Quando corri atrás para entender como fazer, descobri que não tinha mais alvará e desisti”, contou em entrevista ao Santa Portal.

Mas a faísca foi acesa e o incêndio estava a um passo de acontecer. Porque daquele dia em diante, Leo começou a pensar em outras oportunidades de empreender.

Então chamou o primo, Rubens, para uma sociedade. Com conhecimento que tinha na área, já que é formado em gastronomia, podia ajudar Leonardo a realizar o sonho de ter o próprio negócio.

“Certo dia, estava fazendo hambúrguer na churrasqueira com a minha família. Meu pai chegou em casa falando sobre uma Kombi à venda, toda bonitinha. Ele deu a ideia de passar lá. Em seguida, olhei meu celular e vi que tinha recebido mensagem do namorado da minha prima dizendo que tinha aberto um food truck e me convidando para abrir algo no mesmo espaço. Foi muito louco, tudo aconteceu junto. No dia seguinte, fomos conversar e as coisas começaram a acontecer”, relatou.

 A ideia inicial era ter um food truck de comida japonesa. Mas as circunstâncias fizeram com que pensasse sobre uma hamburgueria, afinal, no local já tinha uma temakeria. Conversou com o primo mais uma vez e assim nasceu o food truck Crowd Burguer.

Foto: Arquivo Pessoal

A dupla foi até Cubatão e comprou uma Kombi velha. A missão a partir daquele momento foi reformar o veículo e transformar no food truck perfeito para receber clientes e oferecer a melhor experiência. A ajuda veio de muitos lados, mas principalmente de amigos.

Leo fazia churrasco e passavam finais de semana e feriados fazendo os reparos e ajustes necessários. “A kombi era usada para vender comida mexicana, precisava de alguns ajustes. Foi uma época divertida. Passávamos a tarde imersos nesse projeto. Minha mãe ajudou a decorar, meu pai pintou, meus amigos envernizaram cadeiras e pregaram madeiras. Sempre recebi total apoio”, disse.

E assim nasceu Crowd Burguer

Os primeiros meses de funcionamento do food truck Crowd Burguer foram complicados, porque nem Leo nem Renan sabiam administrar um negócio. O primo ainda tinha noção do funcionamento de uma cozinha, pois já havia trabalhado em restaurantes, mas com uma estrutura pequena e falta de experiência de gestão, sofreram com falta de mercadoria.

“Às vezes acabava o pão, às vezes a cerveja… Eu também trabalhava como corretor no período da manhã e ia direto para o food truck. Precisava moldar entre 60 e 70 hambúrgueres em 30 minutos e depois, ia atender as mesas. Meu primo ficava na chapa”, lembrou.

A rotina exaustiva trouxe reflexos negativos para o corpo do jovem, que começou a sofrer com crises de ansiedade e exaustão. A sobrecarga fez com que tivesse vontade de desistir diversas vezes. O apoio dos pais e do irmão foi fundamental para seguir.

Embora receosos pela pouca idade de Leonardo, a família se manteve unida e ajudando em tudo possível. “Eles ficaram preocupados, eu tinha só 20 anos. Como daria conta de tanta carga? Mas graças a Deus, consegui me segurar e passei por isso. Foi uma fase difícil, porque saia de casa às 8h e voltava 1h. Deu tudo certo”.

O início também teve altos e baixos em relação a vendas. Em alguns dias, muitos clientes e movimento intenso. Em outros, se vendiam cinco lanches era muito.

Foto: Arquivo Pessoal

“No primeiro dia, a geladeira quebrou e tivemos um prejuízo enorme. Perdemos carne, bacon, cheddar, maionese. Tinha tudo para nos desanimar, mas a vontade de crescer sempre foi maior. Hoje, vejo que a Crowd está em expansão, tanto que conquistamos nosso espaço físico com uma estrutura muito melhor”

Leonardo Rodrigues, empresário

Leonardo e Renan procuraram aplicar seus gostos e personalidades no negócio. Então, pela grande afinidade com o surf, criaram um conceito todo voltado para o esporte. Os nomes dos lanches são de praias e circuitos do WSL (Campeonato Mundial de Surf).

As amizades que colecionou ao longo da vida foram determinantes para o crescimento da Crowd. Leo sempre teve contato com pessoas de influência, que divulgaram os hambúrgueres. E olha, nem precisou de muito para popularizar, já que o sabor e o atendimento falam por si só.

Uma coisa é fato: pediu uma vez, quer pedir sempre. E quem duvida, é só provar por si mesmo.

“O que mais tem hoje em Santos é hamburgueria. Para driblar a concorrência, além de apostar na qualidade das mercadorias e atendimento de primeira, fazemos promoções. Mas de verdade, o que eu acho que conta mesmo é o fato de eu e meu primo estarmos à frente o tempo inteiro. As pessoas sabem com quem estão lidando, pois damos nossa cara à tapa”

Leonardo Rodrigues, empresário

O que mais apostam é na interação total com o público. Por isso, oferecem cupom de fidelidade, promoção para Close Friends no Instagram e muitas outras alternativas criativas para gerar proximidade.

Os colaboradores são como família e Leo acredita que também contribua para a entrega do produto final. A harmonia no ambiente de trabalho interfere positivamente e faz com que novas ideias surjam com frequência, tornando a Crowd uma hamburgueria de inovações.

Com o negócio expandindo e se consolidando, a rotina está mais tranquila. O empreendedor acorda cedo, faz a corretagem de café e nos horário livre, treina ou joga futevôlei. No fim de semana, aproveita para surfar ou andar de skate. Na Crowd, a divisão de tarefas também mudou. Agora Rubens lida com fornecedores, enquanto Leo pensa nas estratégias de marketing para alavancar a hamburgueria. Mas de acordo com o jovem, não é uma regra. Se não der para um fazer a função, o outro assume.

Foto: Arquivo Pessoal

Os desafios da pandemia para Leonardo

A pandemia foi um um período desafiador para empresários em todo o mundo. E para Leonardo, não foi diferente. “A Crowd tinha acabado de mudar para um novo espaço. Investi reformando, comprando novos aparelhos, contando com um novo movimento. No final, funcionamos apenas dois meses até iniciar o lockdown. Foi a hora de usar a criatividade. Muita gente deu força, fizemos promoções e focamos bastante no delivery. O pessoal começou a nos conhecer mais e apostei em novas alternativas, buscando visibilidade. Foi um grande aprendizado”, lembrou.

Leonardo contou que utilizar aplicativos de entrega ajudou muito. Com a nota boa, comida de qualidade e bom atendimento, tornou-se um dos Super Restaurantes de uma das plataformas.

“Se eu pudesse dizer algo para o Leo criança seria para ser mais forte. Na infância e adolescência, me importei demais com o que os outros iriam falar e me desanimava em muitos momentos. Empreender até pode ser uma loucura, ainda mais quando se é jovem e não tem estrutura, mas basta confiar e ter segurança. Não desistir é o caminho”.

Leonardo Rodrigues, empresário

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