09/05/2017

Conheça o home office: o estilo de trabalho baseado na produtividade

Por Natália Lellis/Colaboradora em 09/05/2017 às 13:00

MERCADO DE TRABALHO – Quando as pessoas pensam em trabalho com certeza imaginam exaustivas horas em um escritório. Mas será que você já pensou na possibilidade de trabalhar no conforto da sua casa? Essa modalidade existe, tem nome e se chama home office. Se traduzida ao pé da letra, significa ‘escritório em casa’.

Pode até soar estranho que a palavra trabalho e casa estejam na mesma frase, mas o desenvolvimento de tecnologias como smartphones, internet mais veloz e computadores repletos de aplicativos possibilitou que trabalhadores de algumas áreas pudessem aderir à tendência.

Nas empresas brasileiras onde o home office está instituído, um em cada 13 trabalhadores pratica a modalidade, equivalente a apenas 7%. De acordo com pesquisa realizada pela SAP Consultoria RH, que ouviu mais de 300 companhias de diferentes segmentos, entre setembro de 2015 e março de 2016, 37% das corporações do país já permitem que os funcionários trabalhem em casa.

Apesar disso, o número representa um tímido aumento de apenas um ponto percentual do que o registrado em 2014, quando a primeira edição do levantamento foi realizado. O consultor de negócios do Sebrae de São Paulo e professor universitário Rafael Mateus Barreto explica que o pequeno aumento se dá por uma perspectiva empresarial.

“Existem empresas que realmente necessitam do trabalho presencial, devido ao tipo de serviço prestado. Mas para aquelas onde o home office é uma opção e mesmo assim insistem em manter seus funcionários no local de trabalho, essa forma de gestão só alimenta a cultura de que para produzir é necessária a presença na empresa”, afirma.

Ainda assim, ao contrário do que muitas pessoas possam achar, o funcionário que trabalha em casa é até 40% mais produtivo. E custa de 30% até 70% menos para as empresas, segundo dados da Prolancer, plataforma de ofertas de vagas remotas no Brasil.

Para aqueles que aderiram a tendência, a vantagem é a liberdade, flexibilidade nos horários, e estar livre do estresse de trânsito, ônibus atrasado e outros fatores que possam atrapalhar a produtividade”, aponta o consultor. “E a empresa também ganha com isso, ou pelo menos deixa de perder. Além de ter um funcionário mais eficiente, ela terá menos gastos com o aluguel para o espaço, gasto de energia elétrica, telefone, internet, vale-refeição e outros benefícios”, dizo consultor do Sebrae.

No entanto, não pense que a vantagem do home office é exclusiva de empresas e assalariados. A tendência é um prato cheio para autônomos. Esse é o caso da social media, Livia Gomes Lino que alimenta o conteúdo de sites de empresas e comércios.

A jovem santista, de 24 anos, explica que depois de se formar em jornalismo, em 2015, sofreu dificuldades para arranjar emprego em empresas privadas. O home office foi um acidente de urgência que a tornou independente. “Eu comecei a trabalhar em casa em outubro do ano passado, depois de dez meses sem conseguir emprego. Eu via que o tempo estava passando e que meu currículo estava se desvalorizando. Então, eu resolvi que deveria fazer alguma coisa. Se ninguém queria me contratar, eu comecei a trabalhar por conta própria”, conta Livia.

A experiência com fotografia, photoshop e o gosto por redes sociais, a ajudou no trajeto. “Eu então elaborei um plano, bati de porta em porta nos comércios, pesquisava os conteúdos que eles tinham na web e oferecia serviços que pudessem alavancar os negócios daquele público”, explicou.

Diferentemente de uma empresa tradicional que exige 44 horas semanais, a liberdade para quem trabalha em casa é focada na produtividade, mas sem deixar a disciplina de lado. “A rotina deve ser bem organizada e designada, caso o contrário vira uma bola de neve e o serviço vai acumular. Eu não fico presa em horários, por que meu foco é cumprir com os deveres. Essa é a vantagem. Então, quando eu termino minhas obrigações, eu estou livre para fazer outras coisas”, frisa a social media.

E separar os momentos profissionais das pessoais pode ser um problema, principalmente se na casa há crianças pequenas, animais barulhentos ou qualquer outra empecilho que possa atrapalhar ou distrair. Para isso, o consultor do Sebrae sugere um espaço próprio e isolado, se possível.

“É até interessante que o profissional acorde cedo, tome um banho e se arrume para trabalhar, mesmo que em casa. É como se ele estivesse entrando em ‘modo trabalho’. Até por que reuniões pela webcam podem acontecer e ninguém quer ser pego de pijama, nem com cara de sono”, reforça o especialista.

Na lei
Apesar da modalidade home office ser reconhecida como forma de trabalho, diante da leis trabalhistas ela não se diferencia do trabalho realizado no estabelecimento do empregador, nem há legislação específica para esse tipo de serviço executado.

Como não há distinção entre um empregado normal e quem realiza suas funções em home office, não há diferenças de direitos trabalhistas para quem exerça essa modalidade profissional.

“Eles terão o contrato de trabalho anotado na carteira, receberão normalmente o salário piso da categoria ou o mínimo previsto em lei, férias acrescidas de um terço, 13º, FGTS e eventuais outros direitos previstos nos instrumentos normativos da categoria”, explicou o advogado Nilo Nelson Fernandes Filho, vice-presidente da Associação dos Advogados Trabalhistas de Santos e Região e também professor universitário.

Controle da jornada
Assim coma as tecnologias beneficiam a forma de trabalhar dos funcionários, elas também podem favorecer para o controle de horário de trabalho, horas extras e afins. “Atualmente, existem diversos meios tecnológicos que permitem ao empregador não apenas fiscalizar, ainda que remotamente, a jornada de trabalho realizada pelos seus colaboradores em home office e a realização ou não de intervalos, mas também controlar a produção e até mesmo os gastos”, destaca o profissional.

O reembolso de gastos
O advogado Nilo Nelson lembra que se o empregado custear as despesas que tiver com o trabalho em home office significaria transferir para si o risco da atividade empresarial, o que a lei não permite. “Neste sentido, a jurisprudência trabalhista vem entendendo que o empregador deve custear eventuais gastos do empregado no exercício das funções empregatícias desde que haja comprovação inequívoca de que tais despesas tenham ocorrido no cumprimento das tarefas profissionais”, explica.

Sobre acidentes de trabalho, o profissional também destaca esta situação. “Neste caso, também não há distinção entre o trabalhador em home office e o presencial, bastando para a caracterização de acidente de trabalho a prova de que o acidente tenha se dado durante o desempenho das atividades profissionais, independentemente do local onde ocorreu”, ressalva.

Reforma trabalhista
Entre as mudanças nas leis trabalhista que constam no texto-base aprovado pelo plenário da Câmara na madrugada do dia 27 de abril está a regulamentação do home office. O novo projeto prevê que exista um contrato com especificações de quais atividades o funcionário vai desempenhar em casa de acordo com suas funções.

Os trabalhadores que optarem à modalidade não terão direito a horas extras. Isso por que não estarão sujeitos ao regime de jornada de trabalho previsto na CLT. Os riscos decorrentes da atividade realizada em casa passa a ser de responsabilidade do trabalhador em função do descuido com os padrões de higiene, segurança e ergonomia no local de trabalho.

A modalidade existe oficialmente há 5 anos, mas não é possível para alguns cargos e profissões. Confira outros dados sobre o home office:

Benefícios aos trabalhadores

– 52% tem mais tempo para a família
– 49% sentem menos estresse;
– 45% dirigem menos;
– 33% dormem mais.

Como funciona

– Jornada flexível com qualquer tipo de contrato previsto em lei;
– benefícios como vale-transporte não são pagos a não ser que o funcionário tenha que se locomover;
– 60% das empresas que praticam o home office são dos setores de tecnologia da informação e comunicação; químico, petroquímico e agroquímico; serviços de suporte e provimento; bens de consumo; maquinário/equipamentos & automação.

Objetivos

– redução de custos;
– equilibrar vidas pessoal e profissional dos funcionários.

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