Comissão de Saúde vai apurar mortes na UTI do PS Central de Santos
Por #Santaportal em 18/08/2015 às 10:24
SANTOS – Uma superbactéria pode ter provocado a morte de duas pessoas que estavam internadas na Unidade de Terapia Intensiva (UTI) do Pronto-Socorro Central de Santos. Uma Comissão de Saúde da Câmara pede o fechamento da unidade para realizar a eliminação das bactérias produtoras de carbapenemase (KPC). Em nota, a prefeitura garante que não há nenhuma justificativa para interditar a UTI, que tem condições de funcionar e atender adequadamente a população.
De acordo com o vereador Evaldo Stanislau (PT), presidente da Comissão de Saúde problemas com a assepsia do local podem contribuir para a disseminação de vírus e bactérias. “A situação é grave e exige medidas contundentes. A primeira delas é a Secretaria Municipal de Saúde reconhecer que o problema existe e agir com efetividade”, enfatiza Evaldo, que é médico infectologista e foi até a unidade após receber a denúncia das mortes, no início do mês.
Stanislau constatou que os médicos prescreveram a medicação adequada para combater a infecção – a Polimixina B. “Porém, não havia em estoque e não foi efetuada a compra emergencial”, acrescenta. Para ele, a solução mais acertada é a interdição da unidade para a total desinfecção. “É radical, mas é assim que tem que ser diante da situação atual”, enfatiza.
Uma audiência pública para discutir a ocorrência das mortes duas será realizada na quarta-feira (19), a partir das 18 horas, no auditório Zeny de Sá Goulart, na sede do Legislativo. Além da população, foram convocados também órgãos médicos, associações de classe, sindicatos, Ministério Público, Conselho Municipal e outras entidades representativas da sociedade civil.
O caso foi parar na polícia, já que o parlamentar pediu investigação para apurar responsabilidades por conta das mortes. Uma queixa-crime foi protocolada no segundo Distrito Policial da cidade, onde já foi aberto um inquérito.
Em nota, a prefeitura de Santos garante que não há nenhuma justificativa para interditar a UTI do PS Central, que tem condições de funcionar e atender adequadamente a população. A administração instaurou uma Comissão de Sindicância (publicada na edição de hoje do Diário Oficial de Santos) para a apuração dos fatos.
Segundo a prefeitura, a comissão analisará de forma minuciosa dois extensos prontuários médicos, além de colher depoimentos dos profissionais que atuam na unidade, conforme rotina na administração pública. Também terá como função a identificação de eventuais problemas e o apontamento de soluções. A Secretaria Municipal de Saúde dará todos os esclarecimentos, respeitando a lei de transparência e o Código de Ética Médica (especialmente no que concerne ao sigilo do prontuário médico, no caso deste último).
A nota diz ainda que o prédio onde hoje funciona a UTI não foi construído para esta finalidade na década de 1970. Após passar por uma ampla reforma em 2008, os antigos consultórios de especialidades médicas se tornaram uma unidade de terapia intensiva. A administração alega que a UTI do PS Central será desativada quando passarem a funcionar os leitos de terapia intensiva do Hospital de Clínicas e Maternidade (antigo Hospital dos Estivadores), que se encontra em obras e será inaugurado no próximo ano, o que permitirá além da ampliação do número de leitos uma grande melhoria nos serviços oferecidos.