Clientes de agências de turismo acusam proprietário de golpe

SANTOS – Dezenas de moradores de Santos podem ter sido vítimas de um golpe aplicado pelo dono de uma agência de viagens que não cumpriu com suas obrigações contratuais nem devolveu o dinheiro aos clientes. Um dos relatos de uma pessoa que se sentiu lesada com a situação teve cerca de dois mil compartilhamentos no Facebook. O proprietárionega que tenha aplicado golpes e afirma que os problemas aconteceram por causa da falência das empresas.

A servidora do Tribunal de Justiça (TJ-PR) Thalita Tavares relatou os problemas com agência de turismo Jet Brasil no início da manhã de quarta-feira (13) em seu perfil no Facebook. Com viagem marcada para Cancun, entre os dias 28/12/2015 a 04/01/2016, dias antes da viagem, 22 de dezembro, ela entrou em contato com o hotel onde supostamente ficaria hospedada. “Tomei conhecimento de que as passagens aéreas e os vouchers de reserva do hotel que me foram encaminhados haviam sido falsificados. Em contato com hotel em Cancun constatei que não havia nenhuma reserva em meu nome”, afirma Thalita.

Ao ser informada de que não havia reservas em seu nome e nem de sua prima, que seria a acompanhante do passeio, ela se deu conta de que poderia ter sido vítima de um golpe. A viagem de Thalita foi fechada em outubro de 2015. “O valor integral da viagem foi depositado diretamente na conta do Rodrigo”, conta. O pacote incluía passagens aéreas, hospedagens, passeios e traslado. Ainda de acordo com a vítima, que fez um boletim de ocorrência no dia que descobriu que a viagem não seria realizada. “As passagens aéreas e os vouchers do hotel eram falsificadas”, completa.

Thalita tentou localizar o proprietário da agência, mas não obteve sucesso. Apenas no dia 26 de dezembro Rodrigo entrou em contato com a cliente. “Ele entrou em contato conosco e informou (sem dar qualquer explicação sobre os vouchers falsos) que a restituição do valor pago pelo pacote de viagens, bem como pelos passeios já adquiridos ocorreria até, no máximo, dia 8 de janeiro de 2016”, lembra.

A servidora conta que novamente teve problemas, já que o proprietário da agência encaminhou um comprovante de depósito de um cheque para ressarcir o valor pago, mas o dinheiro nunca foi compensado. “Segundo informado pelo gerente do banco, ou não houve depósito e o comprovante foi falsificado, ou o cidadão depositou um envelope vazio -jáque o envelope não fora sequer localizado pelo banco”, diz. Thalita já entrou com medidas judiciais na esfera criminal e cível.

Outra vítima foi a empresária Tathiana Silva Santos, que chegou a fazer a viagem para Disney contrata pela agência Alliance Litoral, mas passou por diversos problemascomode passeios pagos que não foram contratados e até mesmo um voo falso no retornopara o Brasil. Ela conta que antes dessa viagem já havia utilizado os serviços da empresa, mas não havia tidoproblemas.

De acordo com Tathiana, o seguro viagem que havia sido contratado para ela e uma amiga não estava disponível. “Ele falsificou o nosso seguro viagem. Ligamos para o seguro e não tinha cobertura alguma, pois o número do seguro tinha sido usado por ele meses antes. Ele apenas colocou nosso nome no papel”, conta.

Ela alega ainda que o pacote fechado era para um dos hotéis mais caros da Disney, e elas ficaram em um de categoria inferior. Além disso, ficaram dois dias sem fazer nenhum passeio, pois os ingressos para os parques, pagos no pacote, não estavam disponíveis. “Ele dizia que a operadora que estava enrolando. Ligamos para a operadora e descobrimos que ele não tinha entrado em contato com eles, ou seja, nossos ingressos nem tinham sido comprados”, afirma Tathiana.

Na volta da viagem elas constaram um novo problema: o voo de volta não existia. “Quando ela (a acompanhante) foi fazer o check in online para voltar, cadê o voo? Não existia.”, completa.

Tathiana conta ainda que havia pago por um intercâmbio, mas depois dos problemas na viagem para a Disney quis cancelar e pegar o dinheiro de volta. Ela alega que o proprietário não ressarciu o valor gasto e disse que estava com dificuldade porque a empresa contratada por ele não estava realizando a devolução do dinheiro. A empresária entrou em contato com a agência contratada e descobriu que não havia matrícula com o nome dela para o intercâmbio. No total, a vítima alega ter tido um prejuízo de cerca de R$ 60 mil.

O Santaportal também entrou em contato com o proprietário das agências de viagem,que creditouos problemasà falência das empresas. De acordo com ele, os clientes foram comunicados de que as viagens agendadas não aconteceriam, e que os valores seriam reembolsados assim que possível.

O outro lado
O empresário não tem uma data para previsão de pagamento dos clientes que se sentiram lesados. “Por enquanto não é possível dar uma previsão, pois os reembolsos acontecerão individualmente”, afirma. Sobre os vouchers falsos, ele garanteque eram verdadeiros, mas a agência dele não efetivou o pagamento. “As reservas estavam confirmadas, porém não foram pagas a tempo. No termo do turismo, a reserva cai”, explica.

O proprietário das agências disse ainda que não existe cheque falso. “Foi um cheque sem fundos. Alguns clientes receberam cheques pré-datados e apresentaram antes da data, o que inviabilizou alguns pagamentos”, argumenta.

Elelamenta que dados referentes a seus familiares tenham sido divulgados nas redes sociais, e alega ter sofrido diversas ameaças por causados compartilhamentos no Facebook.