Cadáver achado embalado em Santos é de ex-detento apontado como informante da PM

Por Santa Portal em 30/12/2021 às 14:32

A pessoa cujo corpo foi encontrado enrolado a um lençol preso por fita adesiva, na quarta-feira (29) à noite, na Vila Mathias, em Santos, já cumpriu penas por homicídio qualificado, porte ilegal de arma e tráfico de drogas.

Sem levar um tiro ou facada, Alessandro Nascimento de Assis, de 35 anos, morreu em decorrência de asfixia mecânica mediante estrangulamento. Da Área Continental de São Vicente, ele seria informante de policiais militares.

A autoria e o local do homicídio ainda são ignorados. É provável que Alessandro tenha sido abordado em um lugar e morto em outro, durante os chamados tribunais do crime do Primeiro Comando da Capital (PCC).

A facção costuma punir com pena de morte os delatores. A suposta ligação de Alessandro com PMs, na qualidade de informante, é apontada nos bastidores policiais e da criminalidade como o motivo da aplicação da reprimenda máxima.

Independentemente de onde ocorreu o homicídio, chama atenção o lugar da desova do cadáver: a Rua Edegard Boaventura, local residencial e perto do 2º DP de Santos, do Teatro Municipal, da Santa Casa e de filiais de duas redes conhecidas de fast food.

Quem participou da ação criminosa não se preocupou em escolher um local tão arriscado para jogar o corpo. Não se intimidou com as várias câmeras, públicas e privadas, que existem no perímetro. Ocupantes de uma moto e um carro teriam participado da desova.

Mais do que demonstrar ousadia ou aparentar falta de cuidado na escolha do local da dispensa do corpo, a impressão é a de que o objetivo foi passar o seguinte recado: a facção descobre quem transmite dados privilegiados a policiais e não deixa tal situação impune.

Embora o corpo tenha sido abandonado na área do 2º DP, o caso é investigado pela 3ª Delegacia de Homicídios, da Divisão Especializada de Investigações Criminais (Deic) de Santos e região.

A identificação do ex-detento ocorreu no Instituto Médico-Legal (IML) de Praia Grande, onde também se confirmou a suspeita de que estrangulamento foi a causa da morte. Ele apresentava sulcos profundos no pescoço produzidos pela pressão de uma corda.

Foto: Divulgação

Histórico criminal

Em maio de 2004, no município de Pedro de Toledo, no Vale do Ribeira, Alessandro foi preso em flagrante por homicídio qualificado e porte ilegal de arma. Por esses crimes, recebeu a pena total de 13 anos, 11 meses e 19 dias de reclusão.

Após registrar duas fugas de cadeia em seu prontuário prisional e ser recapturado em ambas as ocasiões, Alessandro progrediu ao regime aberto em outubro de 2016, sendo colocado em liberdade.

De volta às ruas, o ex-presidiário foi novamente preso em flagrante, desta vez por tráfico, em julho de 2017, no Humaitá, em São Vicente. Ele carregava uma sacola contendo um tijolo de maconha pesando 584 gramas e alegou ser “usuário”.

Em janeiro de 2018, ele foi condenado a seis anos e nove meses de reclusão por tráfico, sendo a decisão confirmada em segunda instância. Atualmente, Alessandro não tinha mandado de prisão pendente e provavelmente estaria no regime aberto. (EF)

loading...

Este site usa cookies para personalizar conteúdo e analisar o tráfego do site. Conheça a nossa Política de Cookies.