29/10/2015

Audiência pública discute liberação de veículos leves a diesel no Brasil

Por Agência Brasil em 29/10/2015 às 08:36

ECONOMIA – Os carros leves movidos a diesel, com fabricação atualmente proibida no Brasil, produzem 25% a menos de dióxido de carbono [CO²], porém são mais caros e a indústria automobilística brasileira, além de não ter investimentos nesta tecnologia, já investe no etanol, que também consome menos CO² que a gasolina.

Essas foram algumas das argumentações apresentadas em uma audiência pública na quarta-feira (28) na Câmara dos Deputados que reuniu representantes do setor automobilístico para debater o Projeto de Lei 1.013, de 2011, que trata da fabricação e venda de carros leves movidos a diesel no Brasil. Este tipo de automóvel está proibido desde 1976, quando o país enfrentou uma crise de petróleo e determinou que só poderiam ser fabricados e vendidos veículos a diesel com carga transportável superior a 1 tonelada.

Mario Massagardi, presidente da Aliança Pró-Veículos Diesel (Aprove Diesel), formada por empresas do setor de auto peças e sistemistas de tecnologia, diz que não existem justificativas para a proibição desse tipo de veículo no país.

Massagardi disse que em 2014 foram vendidos 10 milhões de carros a diesel no mundo e que, só na Europa, esse tipo de carro corresponde a 53% dos veículos vendidos no último ano. “O consumo de um carro a gasolina médio gira em torno de 20 quilômetros por litro [km/l], enquanto o de um à diesel é 25km/l, ao mesmo tempo em que gera 25% a menos de CO²”.

Luiz Moan, presidente da Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea), reconheceu que a eficiência energética do diesel é superior a da gasolina, mas disse que o preço dos carros a diesel são, em média, 30% maiores. “Fizemos o calculo da diferença de preço. O consumidor leva de 12 a 18 anos para compensar o custo adicional.”

Segundo Moan, a Anfavea é contrária a liberação desses veículos no país. “Na Europa se usa o diesel principalmente para evitar a emissão do dióxido de carbono, mas aqui, no Brasil, já temos o etanol, que além de ser renovável, emite muito menos CO² que o óleo diesel. Outra questão é a da disponibilidade do diesel. Na matriz energética do Brasil, hoje não tem”, concluiu.

O diretor de Assuntos Governamentais da Volkswagen do Brasil, Antônio Megale, disse que investir nesse tipo de motor requereria uma mudança radical nos rumos dos investimentos das empresas do setor, pois nos últimos anos, com incentivo do governo, as montadoras investiram grande volume de recursos no desenvolvimento de tecnologia nacional no etanol e nos carros modelo flex.

“Depende da posição do governo brasileiro sobre o tema. Temos convicção de que os veículos a diesel têm boa qualidade, mas o primeiro passo é o governo refletir sobre essa matriz energética e definir o que é melhor para o país, para o meio ambiente e para o acerto da balança comercial. Precisamos de visão a longo prazo para saber sobre a oferta de combustíveis no país”, disse

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