10/01/2021

Artista baiano percorre as ruas de Santos tocando saxofone neste domingo

Por Isabel Franson/ #Santaportal em 10/01/2021 às 14:08

O saxofonista baiano Ray Nery tem 29 anos e percorre, na noite deste domingo (10), ruas próximas à orla de Santos tocando às janelas de casas e prédios. 

Confira a reportagem completa do Santaportal :

Qual é o som que move a sua vida? Já se perguntou?
Para quem vive de arte, o som é o do próprio sopro, por magia e talento se transformando em música.
O baiano Ray Nery, 29 anos, deixou a interiorana Juazeiro em março de 2020 rumo à desconhecida imensidão paulistana, focado em assinar seu nome na música e na noite da selva de pedra.

A expectativa foi diretamente afetada pela pandemia da Covid-19, que provocou o fechamento de bares e restaurantes não só em São Paulo, como em todo o Brasil.
Ray, que só sabia viver da música, decidiu tocar. Não num endereço fixo, mas caminhando. “As lives, como percebemos após tentativas, só funcionam mesmo pra quem já tem nome na arte. Eu fiquei sem ter o que fazer, precisava comer. Um belo dia, peguei o sax e saí pra tocar na rua”.

“Me vi numa ‘esquina qualquer’ de São Paulo e pensei: ‘vou tocar pra ganhar alguma coisa’. Quando parei de soprar, ouvi os aplausos. Muitos aplausos. Fiquei surpreso e emocionado”.
O local, Ray depois descobriria, era no bairro da Lapa, com cerca de 60 mil habitantes. “Me perguntaram se eu precisava de algo e respondi ‘não. Só trabalhar’”.

Durante a pandemia, Ray rodou todos os bairros da Capital caminhando e tocando sax. “Cerca de três a quatro meses”. Andarilho, o músico nunca se repete no mesmo ponto. “Se você me ouviu pela janela de casa na manhã de hoje, pode apostar que não estarei aqui amanhã”.

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Descendo a Serra
Agora, com o verão, resolveu expandir para o Litoral. “Desci a Serra exatamente em 31 de dezembro. Inclusive, já encontrei pessoas aqui que apreciaram meu trabalho em São Paulo”.
No Instagram, o músico criou o perfil @RayNery88 e tem até uma chave de Pix para aceitar doações. “Tenho feito esse trabalho com intenção de percorrer o Litoral todo. Já fiz Praia Grande, São Vicente e agora estou em Santos. Comecei na Ponta da Praia e [até a tarde deste domingo] cheguei no Embaré, na altura do Canal 4”.

Ziguezagueando pelas ruas, mas sempre em paralelo à praia, “porque não sou daqui, pra não me perder”, ri, Ray toca, em média, de seis a oito horas por dia. “O objetivo é levar a minha arte para o maior número de pessoas”.
Ao mesmo tempo em que o público se encanta, ele se emociona de volta. “É uma troca maravilhosa. Arte alimenta, arte é vida.
Citando o poeta e crítico Ferreira Gullar, o artista nordestino reforça: “‘a arte existe porque só a vida não basta’. Ainda mais nesses tempos de pandemia, em que precisamos tanto disso”.

E faz uma crítica ao Governo: “os músicos e artistas, em geral, foram deixados de lado. O Poder Público deve inclinar seu olhar com mais sensibilidade, nessa situação tão importante, em que a categoria perdeu empregos. Enquanto todos ‘estão no mesmo barco’, o artista está à deriva. Precisamos urgentes de políticas assistenciais bem pensadas para esse nicho”.

De volta pra minha terra
Sem projetos concretos em São Paulo e, agora, descobrindo o amor pela vida andarilha, Ray Nery pretende seguir soprando pelo Litoral, rumo ao Norte. Não do Estado, do País. “Devo emendar com o Rio de Janeiro e Espírito Santo até, quem sabe, voltar pra Bahia”.
Pela referência de um tio materno, trompetista, Rayrlon Bezerra Nery entrou na carreira cedo, ainda criança. “Sou um apaixonado pela música brasileira. Essa diversidade cultural que o Brasil nos oferece é maravilhosa”.
No repertório, alguns poucos clássicos internacionais “que não podem ficar de fora”, lembra, são intercalados com muito samba, bossa nova e forró. “Do meu DNA nordestino”.

Oportunidade única em Santos
Na noite deste domingo (10), a partir das 18 horas, Ray deve retomar de onde parou. Entre o Embaré e o Boqueirão. Esta noite, deve retomar o trabalho soprando pelas ruas próximas à orla até os bairros do Gonzaga e José Menino. “Quando vocês menos esperarem, estarei por aí, fazendo um som na janela de vocês”.

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