Praia grandense cria aplicativo que ajuda a deixar vícios e hábitos ruins de lado

“Escolha percorrer uma jornada. Uma jornada em volta de si mesmo”. Esta é a apresentação do aplicativo DeiUmTempo, que auxilia pessoas que querem deixar de lado vícios ou hábitos prejudiciais à saúde. Mas o aplicativo vai além: com vídeos, podcasts e a proposta de um diário para reportar a jornada, o DeiUmTempo traz uma experiência de autoconhecimento. A ideia do app surgiu com Marcos Tartuci, praia grandense que hoje trabalha em São Paulo.

Durante muitos anos ele foi executivo de empresas, e chegou a ser presidente de uma empresa que trabalhava com cinema. Porém, em 2019, ele foi diagnosticado com Transtorno de Ansiedade Generalizada (TAG), doença que foi agravada pelo alcoolismo – o que foi uma surpresa para o empresário.

“Nunca tive nenhum problema de saúde, nunca dei nenhum vexame. Mas eu bebia muito cedo no dia, na hora do almoço, e voltava durante a noite”, conta. O psiquiatra deu o aviso: ele teria que parar de beber.

Por isso, Tartuci acabou inventando um método para sair do alcoolismo de uma forma menos traumática. “Todo dia eu fazia uma leitura sobre o assunto, pesquisava, escrevia sobre o que aprendi e meditava. Então eu pensei que seria muito legal se tivesse tudo isso reunido em um só lugar, em um aplicativo, em vez de usar vários de uma vez”.

Início da jornada

Este método foi colocado em prática no DeiUmTempo, que foi criado em meio à pandemia da covid-19. O aplicativo tem três tipos de jornada: do álcool, tabaco e, mais recentemente, da carne. Cada jornada tem 90 dias com atividades diárias de 15 minutos. A jornada do álcool e do tabaco tem três passos por dia, onde a pessoa assiste um vídeo, ouve um podcast e escreve uma reflexão – uma pergunta que foi solta no começo do primeiro vídeo, e que ela pode escrever no livro da jornada do aplicativo.

Já a da carne, que ajuda pessoas que querem reduzir o consumo do alimento, tem um passo a mais: a vídeo receita, mostrada após o final da reflexão, em que a pessoa aprende a fazer pratos veganos e vegetarianos. Para esta jornada, Marcos conta com a Chef Ca Botelho para ensinar as receitas e o presidente da Sociedade Vegetariana Brasileira, Ricardo Laurino.

A ideia do aplicativo surgiu em junho de 2020, mas ele só foi ao ar em abril de 2021. Desde então, são 220 participantes na jornada do tabaco, 300 participantes na da carne e 540 na do álcool, a jornada que mais forma pessoas. “Elas relatam melhora no sono, perda de peso, redução da ansiedade, melhora nos relacionamentos, diminuição da irritação, e ter desenvolvido mais autoconhecimento. Falam também da oportunidade de se cuidar, que geralmente deixam de lado no dia-a-dia, e agora elas param por 15 minutos”, explica Tartuci. Na sequência de dias de treinamento da semana, ele faz uma mensagem de recepção ao usuário. A cada dia de atividade feita, o participante acumula pontos de engajamento.

O usuário também tem a opção de compartilhar sobre sua jornada em um feed, como das redes sociais, sob a opção de um apelido e uso de foto de perfil, para preservar a identidade. Lá, as pessoas relatam o dia a dia da sobriedade, desde dificuldades a vitórias.

O material traz ainda vídeos com temas diversos, como controle da abstinência, autocuidado, gerenciamento de crise, o que fazer para manter o autocontrole, tem uma série de matérias de psicologia. Tudo para viver por completo a jornada de 90 dias.

O que vem por aí

A próxima jornada a ser criada é contra o “workaholismo”, termo usado para o vício em trabalho que pode gerar problemas de saúde, como a Síndrome de Burnout. Segundo o Ministério da Saúde, este é um distúrbio emocional com sintomas de exaustão extrema, estresse e esgotamento físico que é resultado do excesso de trabalho. Segundo a International Stress Management Association do Brasil (Isma), 30% dos brasileiros sofrem com a doença.

A DeiUmTempo agora busca patrocínios e fundos e está em rodada de investimento para estender as jornadas, de 90 para 365 dias no ano. O pedido também é feito pelos participantes do aplicativo.

“Em 90 dias a pessoa consegue passar o período crítico, mas para ressignificar o hábito precisa de pelo menos 250 dias”, explica Tartuci.