Após ser multada por não usar máscara em praia, advogada diz ter se sentido coagida

Por Santa Portal em 08/06/2021 às 20:22

Após ter sido autuada no último sábado (5) por não usar máscara de proteção contra a covid-19 em local público, na praia do Gonzaga, em Santos, desrespeitando o Decreto Municipal, a advogada Celeste Gouvea disse ter se sido coagida com a abordagem da Guarda Civil Municipal. Em entrevista ao Santa Portal, a santista relatou que o intuito dos guardas não foi orientar, apenas multar.

“Eu estava caminhando como faço todas as manhãs na beira da água, por volta das 10h. Quando fui atravessar a ponte, um agente me abordou e disse que eu deveria acompanhá-lo, pois seria autuada por não usar máscara. Expliquei que estava sozinha, com distanciamento e não colocava a vida de ninguém em risco. Ainda mostrei que estava com a máscara na mochila, mas ele insistiu em me autuar por não estar com ela no rosto”, relatou.

De acordo com ela, tinham três carros da Guarda Municipal, diversos quadriciclos e cerca de 10 guardas. Apesar do número de pessoas presentes, Celeste diz que ninguém interviu para que o procedimento acontecesse como deveria. Conforme ela, todos os agentes estavam sendo coniventes com o que estava acontecendo.

“Houve um erro no auto de infração, pois colocaram como se eu estivesse na Avenida Bartolomeu de Gusmão, já que colocaram o número de um prédio, mas eu estava na beira da água. É muito diferente. Pedi diversas vezes para que colocasse os dados corretos, informando que era na praia que eu estava. Perguntei a justificava de não poder colocar o que pedi e ele dizia era padrão”, contou a advogada.

De acordo com a santista, colocar o local correto dos fatos é ‘básico de uma abordagem’. “Se as informações estivessem presentes, eu poderia recorrer da multa”, explicou.

Em nota, a Prefeitura de Santos informou que a Guarda Civil Municipal orientou quanto a obrigatoriedade do uso de máscara e, diante da recusa, foi aplicada multa no valor de R$ 300. A GCM destacou que a multa é aplicada à pessoa que não traz consigo a máscara e/ou se recusa a usar corretamente, ou seja, cobrindo nariz e a boca.

No entanto, Celeste afirma que não houve pedido para que colocasse a proteção, apenas foi notificada da multa. “O intuito era multar, não advertir. Me senti coagida, porque queriam me obrigar a assinar uma coisa que registram da maneira que querem”.

Gravação de vídeo

Ao discordar com a postura dos guardas, Celeste decidiu gravar o ocorrido e publicar nas redes sociais. Segundo ela, houve um excesso por parte das autoridades. “Estão fazendo trabalho de polícia. Quer dizer, nem a polícia está fazendo o trabalho, que é prender criminosos, políticos que desviaram dinheiro da saúde e tudo que mais vemos no Brasil. A minha indignação é não registrarem os autos correspondentes aos fatos falando que é o padrão. Quem determina o que é padrão? ”, disse.

A advogada está surpresa positivamente com a repercussão da gravação, pois os comentários são de pessoas concordando com a postura que tomou. “Falaram que eu estava certa, pois estavam passando dos limites e constrangendo banhistas e pedestres. Hoje fui eu, amanhã quem vai ser?”.

Críticas ao governador

Para ela, a postura da GCM é “autoritária com a população pagadora de impostos” e Celeste ainda lembrou a polêmica atual envolvendo o governador João Doria, que foi flagrado tomando sol em uma piscina de hotel sem máscara.

“Exige uma postura do povo que o mesmo não tem. Ele foi flagrado no mesmo dia que eu, mas a diferença é que eu estava sozinha e com distanciamento social.  Por que a lei não é igual para todos? Especialmente para ele, que é autor de diversas propostas para ‘ficar em casa’. É um tapa na cara essa hipocrisia”, opinou.

EUA x Brasil

Celeste mora na Flórida, nos Estados Unidos, e contou que comércios, shows e quaisquer atividades sociais estão funcionando normalmente.

“Sou privilegiada por morar em um local em que não há risco de novos lockdowns e que está tudo normal. Aqui, no Brasil, falam que trancar a população em casa salva vidas, só que aumenta depressão, miséria, obesidade, fome e destrói vidas. Medo e estresse não deixam somente maluca e pirada, mas deixam doente também. Fechar academia? Qualquer médico do mundo recomenda atividade física para melhorar a saúde”, expôs.

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