Após 20 horas, Câmara de Guarujá arquiva processo de impeachment contra Suman

Por Rodrigo Martins em 16/12/2021 às 17:00

Por 11 votos a 5, o processo de impeachment contra o prefeito de Guarujá, Válter Suman, foi arquivado na tarde desta quinta-feira (16) pelo plenário da Câmara de Vereadores.

A sessão de julgamento, que começou na noite de quarta (15), durou cerca de 20 horas. O plenário teve presença de apoiadores do prefeito e de pessoas contra a permanência dele no cargo. O local esteve bastante dividido, e a sessão precisou ser adiada porque houve discussão e protestos nas galerias. Somente metade das cadeiras puderam ser ocupadas, para evitar aglomeração.

Nesta quinta, a leitura do processo teve continuidade e, após a leitura do último volume do relatório, os 16 vereadores tiveram direito a falar por 15 minutos. Na sequência, o advogado do prefeito fez a defesa da manutenção de Suman no cargo, antes do início da votação.

Por maioria, os vereadores decidiram seguir a recomendação da Comissão Processante, que havia recomendado o arquivamento do processo contra Suman. O parecer da comissão havia seguido a análise do relator, Edmar Lima dos Santos, o Juninho Eroso (Progressistas).

Com a votação concluída, o presidente da Câmara, José Nilton Lima de Oliveira, o Doidão (PSB), proclamou o resultado final e, com isso, o processo contra Suman foi oficialmente arquivado.

Câmara de Guarujá inicia julgamento do pedido de impeachment contra Válter Suman
Foto: Reprodução/Santa Cecília TV

Votaram pelo arquivamento:

Ariani Paz (PT)

Sirana Bosonkian (PTB)

Fernando Martins dos Santos, o Peitola (MDB)

Edmar Lima dos Santos, o Juninho Eroso (Progressista)

Mário Lúcio (PSB)

Santiago dos Santos Angelo (PP)

José Francinaldo Ferreira de Vasconcelos, o Naldo Perequê (PSB)

Aparecido dos Santos, o Aparecido Davi (Republicanos)

Marcio Nabor Tardeli, o Márcio Pet Shop (PTB)

Jailton Reis dos Santos, o Sorriso (PRTB)

Walter dos Santos, o Nego Walter (PSB)

Votaram a favor do impeachment:

Wagner dos Santos (DEM)

Raphael Vitiello (PSD)

Anderson Figueira (Podemos)

Toninho Salgado (PSD)

Carlos Eduardo Vargas (PTB)

Reação da oposição

José Manoel Ferreira Gonçalves, presidente do diretório municipal do PDT em Guarujá e autor do pedido de impeachment de Suman, criticou duramente a decisão da Comissão em recomendar a permanência do prefeito no cargo.

“O relator reconhece que os fatos apresentados são graves. Se os fatos são graves, cabe à Câmara exercer seu papel de julgamento político e apurar a indignidade do prefeito e a quebra do decoro. Essas situações estão patentes. O relator apresenta dois obstáculos: a) o julgamento do crime pela justiça ainda não ocorreu; e b) as informações vieram por meio de documentos sigilosos. Contudo, não existe prova alguma de que as informações vieram por meio de documentos sigilosos, então a Câmara não deve ignorar os documentos que estão em suas mãos, muito menos afirmando que são sigilosos, se não possui prova alguma do alegado sigilo. O Prefeito poderia, facilmente, comprovar que os documentos são sigilosos, se assim o fossem, e não o fez. A ausência de julgamento do crime pela justiça não impede que a Câmara analise os fatos quanto à quebra do decoro e a indignidade do prefeito, já que isso pode ser analisado a partir dos fatos e dos documentos que estão em poder da Câmara. Há uma ‘prevaricação política’, ou seja, a Câmara está se esquivando de fazer o julgamento político que é seu dever”, disse.

Para José Manoel, a Câmara está abrindo um precedente perigoso. “Embora isso não seja um crime previsto na lei, é uma conduta que demonstra a fraqueza do papel fiscalizador desses vereadores, que se esquivam de exercer seu poder, e permitem que o prefeito, mesmo sob quebra de decoro e indignidade, continue no poder”, afirmou.


Foto: Reprodução/Santa Cecília TV

Comissão Processante

Em novembro, Suman esteve na Câmara onde, por uma hora, explicou aos vereadores a origem do dinheiro e bens encontrados com ele pela Polícia Federal. Dias antes, o ex-secretário de Educação Marcelo Nicolau, também investigado pela PF, prestou esclarecimentos. Ele também é apontado como membro de uma organização criminosa que desviava dinheiro de uma Organização Social que prestava serviços à Saúde de Guarujá.

Os dois foram presos em 15 de setembro deste ano pela Operação Nácar-19, da Polícia Federal, e soltos alguns dias depois. Eles foram detidos após prestar depoimento na sede da PF em Santos, e levados para o CDP de São Vicente de camburão.

A princípio, os vereadores votaram por não afastar o prefeito do cargo. O Partido Democrático Trabalhista (PDT) de Guarujá, por intermédio de seu presidente, José Manoel Ferreira Gonçalves, protocolou o pedido de impeachment na Câmara de Guarujá, e uma Comissão Processante foi instaurada para avaliar a possibilidade de afastamento de Válter Suman do cargo de chefe do Executivo.

Câmara de Guarujá inicia julgamento do pedido de impeachment contra Válter Suman
Foto: Reprodução/Santa Cecília TV

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