Atentados contra agentes de segurança são missões dadas por facção criminosa, diz especialista

Por Noelle Neves em 27/12/2021 às 06:00

O jornalista especializado e advogado, Eduardo Velozo Fuccia, analisou os crimes cometidos contra agentes de segurança na Baixada Santista no último fim de semana e acredita que se tratam de cumprimento de ordens dadas por uma facção criminosa.

“Vislumbro que os casos podem estar ligados levando em conta que partiram de uma ordem central, de um comando único, que seria o Primeiro Comando da Capital (PCC). Integrantes acabam contraindo débitos (financeiros ou morais) e para saldar a dívida ou serem anistiados, são incumbidos de missões, como eliminar agentes de segurança”, explicou ao Santa Portal.

De acordo com Velozo, não necessariamente as vítimas são desafetos dos executores. “Às vezes, são pessoas que propiciam alguma situação que facilite o assassinato ou que residem na mesma área que eles. Não vejo como um acerto de contas. Não dá para descartar 100%, mas não me parece”, analisou.

O especialista aponta que esse tipo de atentado pode ocorrer em todas as épocas do ano, mas em períodos de saída temporária, a propensão de ocorrer é maior. Neste fim de ano, estarão nas ruas 3.634 presos do regime semiaberto.

“Há um número considerável de bandidos fora das unidades prisionais. O preso recebe a incumbência e se não cumprir o que foi mandado, pode sofrer retaliação. O comando da facção consegue checar se a tarefa foi cumprida”, disse.

A teoria de Velozo é mais do diretor jurídico do Sindicato dos Agentes Penitenciários (Sindasp-SP). “O crime contra agentes de segurança precisa ser autorizado por alguém. Faz parte do pagamento do crime organizado. Há alguma facção organizando. Mas o motivo, ainda não sabemos. Foram buscar os dois policiais penais em casa. Ambos trabalhavam no turno da noite, o que quer dizer que quase não há interação com os presos. Foi uma execução. Estamos orientando a todos a ficarem com atenção redobrada”.

Relembre os crimes contra agentes de segurança

Policiais penais do CDP

Dois policiais penais que trabalhavam no Centro de Detenção Provisória de São Vicente (CDP-SV), foram vítimas de atentados. Um deles morreu.

O policial penal Rogério Pinheiro, de 44 anos, conhecido como ninja, foi baleado na manhã deste sábado (25), na porta de casa, no bairro Jardim Rio Branco, em São Vicente. Ele foi atingido por cinco tiros no tórax, abdômen, membro superior esquerdo e região patelar esquerda.

A vítima estava chegando em casa de carro, por volta de 7h30, quando recebeu os disparos de um indivíduo na em uma motocicleta. Testemunhas relatam que o criminoso mirou na direção do condutor no veículo, o que fez com que o policial penal perdesse o controle e seguisse com o carro na direção de um matagal.

Pinheiro passou por uma cirurgia e está fora de perigo.

Na tarde do mesmo dia, quatro homens encapuzados mataram Ronaldo Soares dos Santos, de 49 anos no bairro Nova Mirim, em Praia Grande. Ele estava em casa, quando ouviu barulho de bombinhas no portão. Quando saiu para checar, foi baleado.

A família o socorreu e o levou ao Pronto Socorro Quietude, mas não resistiu.

Ex-PM morto a tiros de fuzil

Na madrugada deste domingo (26), um ex-policial militar, de 33 anos, foi executado com tiros de fuzil por quatro homens, na Vila Áurea, em Guarujá. Um outro homem, de 37 anos, que o acompanhava, ficou ferido.

Conforme a Secretaria de Segurança Pública (SSP), uma viatura da Polícia Militar estava em patrulhamento pelo bairro, quando ouviu o barulho dos disparos e seguiu até o local. Lá, encontraram o veículo com a placa adulterada e iniciaram a perseguição.

Os quatro ocupantes do carro atiraram contra a equipe, que revidou. Três dos criminosos fugiram para uma região de mata. O quarto homem foi atingido fatalmente no confronto. Com ele, foi encontrado um fuzil.

Tentativa de homicídio a PM

Um policial militar de 40 anos estava andando de moto na Rodovia Padre Manoel da Nóbrega (SP-55), na Estância São José, em Peruíbe, no último sábado (25), quando foi vítima de uma tentativa de homicídio. Ele estava indo para casa após o trabalho, quando dois indivíduos em uma moto efetuaram disparos contra ele.

Eduardo Kunding

Vale lembrar que no início do mês o também policial penal, Eduardo Kundig, de 47 anos, foi morto a tiros na Avenida Ulysses Guimarães, no Jardim Rio Branco, em São Vicente, na noite desta quarta-feira (1º). Ele chegou a ser levado ao hospital, mas não resistiu aos ferimentos.

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