Análise aponta mais de 7 milhões de coliformes fecais em praia de Guarujá; Prefeitura diz desconhecer

Por Santa Portal em 30/01/2024 às 06:00

Divulgação/Aguaviva
Divulgação/Aguaviva

Uma análise apontou de 7 milhões de coliformes fecais por 100 mililitros de água na Praia de Pitangueiras, em Guarujá, no trecho entre as ruas Santos e Brasil, na Avenida Marechal Deodoro da Fonseca. O estudo foi realizado pelo laboratório Mérieux NutriSciences e divulgado Associação Guarujá Viva (Aguaviva). A Prefeitura de Guarujá afirmou desconhecer a realização de estudo pelo órgão fiscalizador oficial que correspondam a esses dados.

De acordo com a Aguaviva, o resultado analisa a água colhida no despejo de canalização de águas pluviais na Praia de Pitangueiras, no trecho entre as ruas Santos e Brasil, na Avenida Marechal Deodoro da Fonseca, em Guarujá.

Além dos coliformes fecais, o estudo também aponta a presença de mais de 2 milhões de Escherichia coli, bactéria que se encontra normalmente no trato gastrointestinal inferior dos organismos de sangue quente.

“O laudo confirma presença de coliformes fecais em quantidade alarmante nas águas que chegam a três praias de Guarujá pelos dutos de águas pluviais. Os relatórios apontam a existência de ligações clandestinas de esgoto que chegam às praias. São três resultados de águas coletadas. Nas praias do Tombo; Astúrias e Pitangueiras. Nos dois primeiros, a análise foi qualitativa e, no último, a análise foi quantitativa, demonstrando que o esgoto in natura está sendo despejado na praia, indicando a existência de ligações clandestinas de esgoto. A Prefeitura de Guarujá tem poder de Polícia e precisa descobrir quem está jogando esse esgoto ali, já que ele deveria ser escoado para o emissário submarino. Isso também reforça o nosso pedido que a Sabesp realize o mais rápido possível o caça-esgoto que ajuda a diminuir ou resolver o problema. Nós pedimos um cronograma para eles e não fomos ouvidos pela empresa”, afirmou José Manoel Ferreira Gonçalves, presidente da Aguaviva.

Em nota, a administração municipal afirmou que desconhece a realização de teste de qualidade da água do mar de Pitangueiras, incluindo seus métodos de amostragem, que tenha sido coletado no dia 9 de janeiro de 2024 pelo órgão fiscalizador oficial, a Cetesb, ou de outra instituição apta.

“Em suas análises dos últimos oito meses, a Cetesb manteve bandeira verde contínua para a Praia de Pitangueiras, ou seja, própria para banho de mar. Outro ponto a ser avaliado são os protocolos utilizados no levantamento, uma vez que a Cetesb também é responsável por dar suporte técnico e determinar as normas para coleta e análise dos recursos hídricos de São Paulo, conforme artigo 16 do Decreto 52.490/70”, afirma a Prefeitura, em nota.

Segundo Jeffer Castelo Branco, técnico em Meio Ambiente ouvido pela Aguaviva, as águas salinas do mar em praias são de recreação de contato primário, ou seja, contato direto e prolongado com a água que permite a natação e o mergulho, com alta possibilidade de o banhista ingerir água.

Conforme a Resolução Conama 357 de 2005, as águas salinas para esse fim são as definidas como de classe 1, que podem conter no máximo até 1.000 coliformes fecais (termolerantes) por 100 mililitros em 80% ou mais de pelo menos seis amostras coletadas durante o período de um ano, com periodicidade bimestral. A portaria GM/MS Nº 888, de 4 de maio de 2021 estabelece que na água para consumo humano o valor máximo permitido para coliformes totais e escherichia coli em 100 mL é “ausente”.

No parecer do especialista ele cita que, de acordo com o Laboratório de Controle de Qualidade de Alimentos da UFG, os coliformes podem causar dores abdominais, diarreia, náuseas e vômitos. Em indivíduos desnutridos, a gastroenterite pode durar várias semanas, levando a um quadro de desidratação grave. Pode ocorrer sangue nas fezes e ausência de febre. A enterocolite hemorrágica pode evoluir para uma doença grave chamada Síndrome Urêmica Hemolítica (HUS).

Castelo Branco destaca também que conforme Larry M. Bush, no manual da MSD, a Escherichia coli (E. coli) compreende um grupo de bactérias Gram-negativas que residem normalmente no intestino de pessoas saudáveis, mas algumas cepas podem causar infecção no trato digestivo, trato urinário ou muitas outras partes do corpo. A infecção mais comum é a do trato urinário, como a infecção da bexiga em mulheres. E entre outras infecções que podem resultar da E. coli incluem: gastroenterite, prostatite, doença inflamatória pélvica, infecção da vesícula biliar, do pé em pessoas com diabetes, meningite em recém-nascidos, pneumonia e outras.

Jefer Castelo Castelo considerou que o resultado da amostra para coliformes termotolerantes mostrou em uma única amostra níveis extremamente elevados para coliformes totais e termotolerantes (fecais). “Isso pode ser resultado de emissões de esgoto sem tratamento e/ou de ligações irregulares na rede de águas pluviais, recomenda-se que o poder público repita a análise imediatamente, com participação do controle social, em períodos diferentes do dia, e em persistindo o problema, fazer uma busca para a eliminação dos pontos de contaminação”, declarou.

O Santa Portal entrou em contato com a Cetesb, que informou não possuir dados da qualidade das águas pluviais desse canal e “desconhece o contexto em que o estudo foi realizado, não tendo, portanto, condições de validar os resultados obtidos”.

A companhia avalia a balneabilidade das praias do Guarujá em 12 pontos, e, em janeiro de 2024, as concentrações de Enterococos, indicador microbiológico utilizado, foram baixas na maioria dos locais. Somente as praias do Perequê e da Enseada, na Av. Santa Maria, foram consideradas impróprias. 

Por fim, a Cetesb recomenda que a população, antes do banho de mar, consulte as condições de balneabilidade das praias do litoral no seu site www.cetesb.sp.gov.br/praias/ ou no aplicativo para dispositivos móveis.

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