Amor pela seleção brasileira embala trajetória de Richarlison na Copa

Por Alex Sabino, Josué Seixas e Luciano Trindade/Folha Press em 09/12/2022 às 06:00

Rodolfo Buhrer /La Imagem/Fotoarena/Folhapress
Rodolfo Buhrer /La Imagem/Fotoarena/Folhapress

Richarlison, 25, tem várias tatuagens pelo corpo. Uma das que mais gosta é de um coração com a bandeira do Brasil, desenhada em seu peito. Simboliza o orgulho que ele tem por defender seu país.


Ele também não é do tipo que esconde suas emoções. Pelo contrário. Fica com os olhos marejados, por exemplo, durante a execução do hino nacional brasileiro antes de cada jogo na Copa do Mundo.


Ele é um dos destaques do time que enfrentará a Croácia nesta sexta-feira (9), às 12h (de Brasília), no estádio Cidade da Educação. Trata-se da realização de um sonho para o jogador. O duelo é válido pelas quartas de final.


Quem convive com Richarlison conta que ele passou dia e noite se tratando de uma lesão para voltar a tempo de disputar o Mundial em alto nível. Com três gols, ele é o artilheiro da equipe na competição.


“Graças a Deus, foi uma lesão leve e ele tinha tanta vontade de participar dessa Copa que ele se recuperou muito rápido”, diz o pai dele, Antônio Marcos de Andrade, 46.


A seleção tem um peso muito grande na vida de Richarlison, assim como o próprio futebol. Com a bola nos pés, ele realiza o sonho que também era de seu pai. “Não deu certo para mim, mas deu certo para o meu filho”, orgulha-se Antônio, que tentou ser jogador.


Para Antônio, a imagem do filho emocionado na hora do hino é um retrato fiel do que ele é no dia a dia e de como ele leva a vida. E revela, ainda, a capacidade de concentração que o atleta tem, pois seu semblante muda em instantes, quando a partida está para começar.


“Ele é um cara de grupo, que conquista as pessoas com esse jeito alegre e humildade. Desde a base, ele sempre foi assim, se destacava por essa determinação, essa raça que ele tem”, afirma o pai dele.


Foi assim que ele conquistou não só a confiança de Tite, como também a admiração dos torcedores do Tottenham, clube que ele defende na Inglaterra.


Lá, ele viveu um dos momentos mais emocionantes de sua vida antes da Copa. Em setembro, o atacante estreou na Champions League e marcou dois gols na vitória sobre o Olympique, por 2 a 0.


Além da grande atuação, viralizou nas redes sociais um momento após a partida, quando ele foi até uma das arquibancadas e abraçou o pai.


“Essa oportunidade de encontrar ele no estádio foi mais um sonho realizado dele. Foi muito importante estarmos presentes. Estávamos sempre presentes, mas a distância, no pensamento, no coração. E naquele dia eu estava lá na Inglaterra junto com ele”, lembra Antônio.


Os dois choraram juntos. “A gente se emocionou porque é um sonho que ele realizou. Uma estreia, com dois gols, foi muito gratificante. Só tenho que agradecer a Deus pelas bênçãos na vida do meu filho”, acrescenta.


O próprio jogador diz que a fama “não mudou nada” para ele em relação a sua vida pessoal, pois se mantém preso à frase que, embora seja um clichê, também um mantra importante para ele: “sempre mantenho os pés no chão”.


Em campo, porém, ele “descumpriu” essa promessa. Mas foi por um bom motivo. Na estreia do Brasil na Copa, contra a Sérvia, ele marcou de voleio o segundo gol da vitória por 2 a 0 -ele também havia aberto o placar.

Foi quando caiu de vez nas graças da torcida, que agora espera mais uma grande atuação dele diante da Croácia, em busca da vaga na semifinal.

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