05/08/2021

'A Jornada de Vivo' vale pelas músicas mesmo com trama confusa

Por Nelson de Sá/Folhapress em 05/08/2021 às 18:08

Divulgação/Netflix
Divulgação/Netflix

Lin-Manuel Miranda parece surgir em todas as janelas e plataformas neste último ano e meio de pandemia, em versões filmadas de seus musicais e de outros ou em séries e animações, de Disney Plus a HBO Max e agora Netflix. Neste último streaming, em “A Jornada de Vivo”, desenho do qual é produtor executivo, além de compositor e letrista, ele dá voz ao personagem-título.

É um jupará, um pequeno mamífero que se distribui por grande parte da América Latina, inclusive pelo Brasil.

No caso, ele é cubano e aparece na primeira cena na Plaza Vieja de Havana, dividindo um quadro musical com seu dono, o compositor Andrés -este na voz de Juan de Marcos González, o mesmo do projeto Buena Vista Social Club, celebrizado no documentário de 1999.

Andrés morre pouco depois, sem se reencontrar com a cantora Marta, paixão de juventude que se mudara para os Estados Unidos décadas antes -esta na voz da cantora americana Gloria Stefan, natural em Havana.

No filme, a partir daí, Vivo tenta levar uma canção composta por Andrés, para Marta.

E Miranda busca novamente lançar uma ponte musical, sem entrar em conflitos políticos, entre Cuba e os EUA, entre extremos, mais uma vez.

Por mais de uma hora e meia, mostra-se uma trama bastante confusa para uma animação, com Vivo se unindo a uma sobrinha pré-adolescente de Andrés, enfrentando cobras e jacarés na Flórida, até alcançar seu intento.

Melhor concentrar-se na música, que traz uma inesperada renovação na produção de Miranda, em meio ao desgaste de sua excessiva exposição.

Deixando ao fundo o cenário geopolítico e o enredo muito remendado, são as novas canções que tornam “Vivo” significativo, muitas delas ressoando após o fim do filme.

Uma em especial, interpretada não pelo compositor, mas por uma artista trazida a primeiro plano por ele.

Ynairaly Simo, 13 anos, nova-iorquina de pais imigrantes da República Dominicana, faz a sobrinha Gabi, que canta “My Own Drum”, rap que contrasta com as baladas e os ritmos latinos que o precedem e acaba aos poucos se integrando a eles.

Essa integração ou encontro, obviamente alegorizando Cuba e EUA, funciona muito mais na música do que na história de “Vivo”.

Simo é um achado, assim como a canção. Miranda mantém sua tradição de dar palco a desempenhos exuberantes de outros atores, como em “Hamilton” e “In the Heights”, este inclusive na versão brasileira, mas não dele próprio.

Sobre ‘A Jornada de Vivo’


Avaliação: Bom

Estreia: sexta-feira (6), na Netflix

Classificação: Livre

Elenco: Lin-Manuel Miranda, Zoe Saldana, Brian Tyree Henry

Direção: Kirk De Micco e Brandon Jeffor

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