108 anos de glória: Santos faz aniversário celebrando história rica e contribuição ao futebol

Por Rodrigo Martins/#Santaportal em 14/04/2020 às 07:29

SANTOS FC – No dia 14 de abril de 1912, data em que o navio Titanic se chocou contra um iceberg no Atlântico Norte em sua primeira viagem oficial e protagonizou um dos naufrágios mais conhecidos da história, nascia há 108 anos o time que mudaria para sempre o futebol mundial: o Santos Futebol Clube. O #Santaportal traz a última reportagem da série especial em comemoração ao aniversário do Peixe.

Na tarde daquele 14 de abril, na antiga Rua do Rosário, nº 18 (atualmente Rua João Pessoa, nº 8/10), na sede do Clube Concórdia, uma reunião na parte superior da padaria A Suissa, no Centro antigo de Santos, deu início a história do clube.

A fundação do Santos se deu pelo esforço de três esportistas da cidade, Francisco Raymundo Marques, Mário Ferraz de Campos e Argemiro de Souza Júnior, que promoveram a reunião. No entanto, foram considerados sócios-fundadores todos os 39 participantes desse encontro.

Durante a reunião surgiu a dúvida quanto ao nome que seria dado a essa agremiação. Várias sugestões foram dadas como Brasil Atlético, Euterpe e Concórdia, mas os participantes da reunião decidiram por unanimidade em aprovar a proposta de Edmundo Jorge de Araújo: a denominação Santos Foot-Ball Club.

Veja abaixo como era composta a primeira diretoria do Peixe:
Presidente – Sizino Patusca
Vice-presidente – George Cox
Secretários – José Martins e Raul Dantas
Tesoureiros – Leonel Silva e Dario Frota
Diretores – Augusto Bulle, João Carlos de Mello, Henrique Cross, Francisco Raymundo Marques, Cícero da Silva e Jomas de Pacheco.

Alvinegro Praiano Nasceu Tricolor
O Alvinegro mais famoso do mundo teve como cores iniciais o branco, o azul e o dourado. Essas cores foram adotadas pelo clube ao longo do seu primeiro ano de existência.

No entanto, havia uma grande dificuldade na época para a confecção de um uniforme com essas cores. Desta forma, no dia 31 de março de 1913 ficou decidido que o Santos adotaria as cores branca e preta como oficiais. A sugestão foi de Paulo Peluccio. Com isso, o uniforme santista passou a ser calção branco e camisa listrada de branco e preto.

Na mesma época foi criado o primeiro escudo, composto por um globo terrestre com os paralelos de latitude a partir de uma linha do equador e dos meridianos de longitude. Os continentes eram destacados com a cor amarela, enquanto os oceanos estavam em azul. No centro, o globo com nove listras verticais alternadas dentro, em preto e branco, com uma bola de futebol ao centro. Dentro da bola, estava SFBC (Santos Foot-Ball Club). Também havia uma coroa acima do escudo.

Apesar de todo o esforço e criatividade, esse escudo jamais foi utilizado em jogos oficiais pelo Peixe, tendo feito parte apenas da sede social do clube.

O escudo atual do Santos surgiu apenas em 1925 e foi colocado nos uniformes da equipe praiana em 1927. Mas, de lá para cá, o escudo santista passou por algumas alterações. Em 1942, por exemplo, o clube chegou a ter um escudo em que as letras SFC eram escritas em preto e ficavam entrelaçadas, com um fundo branco. Esse modelo foi utilizado durante dois anos. Em 1944, o Santos voltou para o seu escudo tradicional e, desde então, passou por leves adaptações em seu design.

Primeiras Partidas
A primeira exibição santista foi um jogo-treino no dia 23 de junho de 1912, no campo da Vila Macuco, contra o Thereza Team, um combinado no local. O embate foi vencido pelo Santos pelo placar de 2 a 1, com gols de Anacleto Ferramenta e Geraule Ribeiro.

Já a primeira apresentação oficial aconteceu somente no dia 15 de setembro de 1912, quando o Peixe bateu o Santos Athletic Club (equipe formada apenas por ingleses) por 3 a 2, no campo da Avenida Ana Costa, local onde atualmente se encontra a Igreja Coração de Maria. Arnaldo Silveira abriu o placar nesse jogo e o gol dele é considerado o primeiro da história alvinegra. O próprio Arnaldo e Adolpho Millon Júnior marcaram os outro gols do Santos.

No início de 1913, o clube recebeu um convite da Liga Paulista de Futebol para disputar o Campeonato Paulista daquele ano – essa foi a primeira competição oficial disputada pelos santistas. A estreia, porém, não foi das melhores: derrota por 8 a 1 para o Germânia. A agremiação também enfrentou problemas financeiros, devido ao alto custo das viagens na época, e acabou desistindo de participar até o fim da competição daquele ano. A única vitória alvinegra foi diante do Corinthians, por 6 a 3. Naquele ano, o Santos ainda ganharia o seu primeiro título na história, o Campeonato Santista de 1913, conquistado de forma invicta.

Em 1915, o Santos voltou a disputar o Campeonato Santista, conseguindo o segundo título embora tenha usado o nome de União FC, devido a APEA (liga no qual permaneceu afiliado) não ter permitido que o clube usasse o seu nome oficial. 

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Divulgação/Santos FC

Estádio da Vila Belmiro
Antes de construir o seu próprio estádio, o clube fazia jogos oficiais onde hoje está localizada a Igreja Coração de Maria, na Avenida Ana Costa.

Já os treinos do time eram feitos em um campo distinto, localizado no bairro do Macuco. Em 1915. os dirigentes passaram a procurar terrenos na cidade. Em 31 de maio de 1916, uma assembleia geral aprovou a compra de uma área de 16.650 metros quadrados, no bairro da Vila Belmiro, aprovado pelo presidente do clube na época, Agnello Cícero de Oliveira. A compra do terreno foi feita em 16 de junho de 1916.

A construção do Estádio Urbano Caldeira, a Vila Belmiro, foi concluída em 1916 e sua inauguração ocorreu em 12 de outubro do mesmo ano. Mas a primeira partida em sua casa foi realizada somente 10 dias depois, em 22 de outubro de 1916, válida pelo Campeonato Paulista.

O jogo de estreia do estádio (foto abaixo) foi disputado entre Santos e Ypiranga, com vitória dos donos da casa por 2 a 1. O primeiro gol da partida e da história do estádio foi feito pelo santista Adolpho Millon Júnior.

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Divulgação/Santos FC

A Vila Belmiro teve a sua iluminação inaugurada em 1931. No dia 21 de março daquele ano, o clube fez um amistoso contra a seleção santista, que terminou empatado em 1 a 1. Camarão fez o gol alvinegro, enquanto Manoel Cruz empatou para o combinado local.

Em 1933, com a morte de Urbano Caldeira, que tinha sido jogador, treinador e dirigente do clube, o estádio foi batizado oficialmente com o nome de Estádio Urbano Caldeira em sua homenagem.

Ataque dos 100 gols: só faltou o título
A primeira grande campanha fora do âmbito local acontece em 1927, quando o Peixe teve o temido “Ataque dos 100 gols”, com a linha formada por Omar, Camarão, Feitiço, Araken e Evangelista.

Antes de brilhar no Campeonato Paulista, o Santos participa da inauguração do Estádio São Januário e bate o Vasco por 5 a 2, demonstrando a sua força.

Na competição estadual, o Peixe é arrasador. O time coleciona vitórias e o seu brilhante ataque chega à marca impressionante de 100 gols em 16 jogos, uma média de 6,25 por partida, feito que até hoje não foi superado por nenhuma equipe do futebol mundial.

Porém, a campanha só não foi consagrada com o título porque, na última partida do campeonato, os santistas – que precisavam apenas do empate para serem campeões – foram derrotados pelo Palestra Itália, por 3 a 2, na Vila Belmiro, em jogo marcado por uma arbitragem polêmica, que teria favorecido o time da capital paulista.

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Divulgação/Santos FC

1935: Primeiro Título Paulista
Com o retorno do ídolo Araken, após saída polêmica do clube, o Santos finalmente conquistaria o seu primeiro título paulista.

Com uma campanha excepcional no Paulistão de 1935, o Peixe venceu nove em 12 partidas do campeonato. Os santistas sofreram apenas uma derrota durante a campanha.

Disputando o título até o final com o Palestra Itália, o Santos se vinga de 1927 e fatura o título daquele ano. A taça veio com a vitória sobre o Corinthians, por 2 a 0, com gols de Raul e Araken, em pleno Parque São Jorge.

Além de campeão, o Alvinegro Praiano teve o melhor ataque (32 gols) e a melhor defesa, sofrendo apenas 12 gols em todo o torneio.

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Divulgação/Santos FC

Fila e Retomada das Conquistas  
Sem conseguir repetir o sucesso de 1935, o Peixe não realizou grandes campanhas até o final daquela década. A primeira metade da década de 1940 também não foi positiva para o clube, com a equipe passando por um declínio técnico, acompanhado de resultados apenas regulares.

Além disso, entre 1937 e 1945 o Santos sofreu com uma grande instabilidade política, tendo oito presidentes diferentes durante esse período.

Foi então que, em 1945, o Alvinegro Praiano dá inicio a um processo de reconstrução, liderado pelo presidente Athié Jorge Coury.

Em 1946, as mudanças impostas por Athié melhoram a produção do time, que ficou com o quarto lugar no Estadual.

Já entre 1948 (foto abaixo) e 1950, dois vice-campeonatos mostraram a força do trabalho desenvolvido pelo clube, que voltou a ter uma equipe competitiva e respeitada pelos rivais.

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Divulgação/Santos FC

No entanto, ainda faltavam algumas etapas para que o Santos retomasse o caminho das conquistas. Athié passou a apostar na manutenção de jogadores da base, mesclando com atletas trazidos do interior ou do futebol carioca.

O planejamento rende frutos, como a conquista do Quadrangular de Belo Horizonte, derrotando Atlético, América e Cruzeiro. No Rio-São Paulo de 1952, o Peixe fica entre os três melhores da competição, após vitórias sobre Flamengo, Palmeiras, Corinthians, Fluminense e São Paulo.

Em 1954, com Lula efetivado como técnico, o Santos chega a liderar o Paulistão, mas alguns tropeços contra times do interior tiraram da equipe a chance de interromper o jejum de títulos.

No ano seguinte, porém, o Peixe supera os grandes da capital e fica com a taça. Em jogo emocionante, os santistas são campeões com um gol de Pepe, que deu a vitória por 2 a 1 sobre o Taubaté, na Vila Belmiro.

O triunfo em casa fez o Alvinegro Praiano chegar um ponto à frente do vice Corinthians.

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Divulgação/Santos FC

Em 1956, o Santos se consolidou como uma das grandes forças do futebol paulista e liderou o Estadual. Ao final da competição, disputada na época por pontos corridos, o Peixe e o São Paulo terminaram empatados em 30 pontos.

O empate na pontuação forçou a realização de um jogo-extra. Na grande decisão disputada no dia 3 de janeiro de 1957, com Wilson e Feijó nos lugares de Hélvio e Ivã, sobre os quais pairava uma suspeita de suborno, o Santos foi campeão com uma grande virada no Pacaembu.

Zezinho fez 2 a 0 para o Tricolor, mas Feijó diminuiu de pênalti ainda no primeiro tempo. No segundo tempo, com dois gols de Del Vecchio e um de Tite, o Peixe arrancou a vitória e faturou o primeiro bicampeonato estadual de sua história.

Era Pelé
No mesmo ano em que se sagrou bicampeão paulista, o Santos viu a chegada do jovem Pelé, vindo de Bauru, trazido na época pelo ex-jogador Waldemar de Brito.

A estreia do jovem Pelé aconteceu ainda em 1956, diante do Corinthians de Santo André. Pelé entrou no segundo tempo da partida e fez o sexto da goleada de 7 a 1.

Após ver o São Paulo quebrar a sua sequência e faturar o Paulistão de 1957, o Peixe ganhou o seu quarto titulo estadual de forma incontestável. Com 64 pontos e um ataque responsável por marcar impressionantes 143 gols em 38 partidas (média de 3,7 gols por jogo), o Alvinegro Praiano superou os são-paulinos e ficou com a taça.

Esse foi o primeiro título paulista de Pelé, que marcou inacreditáveis 58 gols na competição. No mesmo ano, o jovem Pelé, com apenas 17 anos, ajudaria a seleção brasileira a conquistar a sua primeira Copa do Mundo, na Suécia.

Com o título de 1958, o time da Vila Belmiro começava a escrever a página mais dourada de sua história. No ano seguinte, o Peixe foi vice no Paulista, sendo superado pelo Palmeiras, e vice da Taça Brasil, ao ser derrotado pelo Bahia na final, porém ganhou o Rio-São Paulo de 1959 com uma vitória por 3 a 0 sobre o Vasco, no Pacaembu, na última rodada.

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Divulgação/Santos FC

Recheado de craques e tendo Pelé como o seu camisa 10, o Santos começou a empilhar troféus na década de 1960. No Campeonato Paulista, o Peixe ganhou oito títulos, sendo dois tricampeonatos (1960-1961-1962 e 1967-1968-1969). No Rio-São Paulo, o Alvinegro Praiano ganhou os títulos de 1963 e 1964.

No cenário nacional, os santistas também escreveram uma hegemonia no futebol brasileiro, com cinco títulos seguidos (1961, 1962, 1963, 1964 e 1965) da Taça Brasil, o Campeonato Brasileiro da época. O Santos ainda ganharia mais um título brasileiro, em 1968, quando foi campeão do Torneio Roberto Gomes Pedrosa, o Brasileirão daquele ano.

Se dentro do Brasil o Peixe era o dono da bola, fora do país a equipe também fazia bonito. Os anos 1960 reservaram as conquistas internacionais que fizeram o nome do Santos Futebol Clube ser conhecido em todo o mundo.

Em uma final com três jogos, cercada de bastante polêmica com a arbitragem da segunda partida, o Alvinegro Praiano ganhou a sua primeira Copa Libertadores da América diante do Peñarol (Uruguai).

No primeiro duelo entre as duas equipes, o Santos venceu por 2 a 1, com dois gols de Coutinho, no Uruguai. Na Vila, o rival deu o troco e venceu por 3 a 2 – o Peixe chegou a empatar a partida, mas o árbitro alegou na súmula que havia terminado o jogo antes, temendo pela reação da torcida, em uma jornada que ficou conhecida como a “Noite das Garrafadas”.

Na terceira e decisiva partida, entretanto, o Santos não daria chances para o adversário. Sem pode contar com Pelé nos dois primeiros jogos, o Peixe foi a campo no Monumental de Nuñez com o Rei e atropelou o Peñarol. O primeiro gol santista foi contra, de Caetano, aos 11 minutos do primeiro tempo.

No segundo tempo, Pelé liquidou a fatura, marcando aos 3 e aos 44 do segundo tempo. E assim a América foi branca e preta pela primeira vez.

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Divulgação/Santos FC

No Mundial Interclubes, o Santos teria pela frente o forte Benfica (Portugal), campeão europeu daquele ano. Com dois gols de Pelé e um de Coutinho, o Peixe bateu os encarnados, por 3 a 2, na primeira partida, disputada no Maracanã.

A volta aconteceria no Estádio da Luz, em Lisboa. A confiança dos portugueses era grande e ingressos para o hipotético terceiro confronto, que definiria o campeão do mundo, já estavam sendo vendidos. Só tinha um detalhe: esqueceram de avisar Pelé e companhia.

Desta forma, no dia 11 de outubro de 1962, o Peixe fez aquela que é considerada por muitos – inclusive por próprios jogadores da equipe praiana na época – como a maior atuação daquele time e do clube em toda a sua história.

Em uma noite mágica, Pelé fez três. Coutinho e Pepe também marcaram. E assim o Santos goleou o Benfica, por 5 a 2, diante de mais de 70 mil portugueses, que reconheceram a superioridade alvinegra e aplaudiram a equipe ao final da partida. Era o primeiro título mundial do Peixe.

Outro fato curioso dessa conquista foi que o programa de rádio oficial do governo brasileiro “A Voz do Brasil”, criado pelo presidente Getúlio Vargas em 1935, teve o seu horário alterado pela primeira vez para que a população brasileira pudesse acompanhar ao vivo a histórica conquista santista.



O bicampeonato da Libertadores e Mundial veio no ano seguinte. Detentor do título continental do ano anterior, o Santos pulou a fase inicial da competição e entrou direto para a disputa das semifinais. O rival santista por uma vaga na decisão seria o Botafogo.

No primeiro duelo entre as equipes, empate por 1 a 1 no Pacaembu. O bom resultado em São Paulo animou o time carioca, porém a empolgação se transformou em frustração para os botafoguenses.

Sem se intimidar com o Maracanã lotado, o Peixe fez uma apresentação impecável e goleou o Botafogo diante de sua torcida: 4 a 0. Pelé levou a melhor no confronto com Garrincha e marcou três gols ainda no primeiro tempo. Na segunda etapa, Lima completou a goleada santista, sacramentando a ida do esquadrão alvinegro para mais uma final de Copa Libertadores. O oponente da vez seria o Boca Juniors (Argentina).

Na primeira partida da decisão, vitória brasileira por 3 a 2 no Maracanã. Coutinho (2) e Lima fizeram para o Santos. Sanfilippo fez os dois dos argentinos.

No segundo e decisivo jogo da final, o primeiro tempo acabou 0 a 0, mas o Boca abriu o placar logo no primeiro minuto do segundo, com o artilheiro Sanfilippo. O Peixe reagiu rápido e, minutos depois, Coutinho deixou tudo igual. O empate já daria o título aos santistas, mas Pelé estava disposto a acabar de vez com as esperanças dos argentinos e marcou, aos 37 da etapa complementar, o gol da vitória e do bicampeonato alvinegro, calando a pulsante La Bombonera.

Credenciado pelo bi da Libertadores, o Santos agora teria de encarar o Milan (Itália) em busca do bicampeonato mundial. A largada, porém, não foi como o Peixe esperava. No San Siro, vitória dos italianos por 4 a 2.

Na volta, os santistas precisariam vencer para continuarem na busca pela taça. E o pior: sem Pelé, que estava contundido. Após sair perdendo por 2 a 0 no Maracanã, uma chuva torrencial caiu no Rio de Janeiro e ajudou o Alvinegro a conseguir uma virada espetacular. Pepe fez jus ao seu apelido de “Canhão da Vila” e marcou duas vezes em cobranças de falta. Almir Pernambuquinho – substituto do Rei na decisão – e Lima também marcaram na épica vitória no Maraca.

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Reprodução/Arquivo Fifa

No jogo de desempate, o lateral-esquerdo Dalmo fez em cobrança de pênalti, aos 31 do primeiro tempo, o gol do segundo título mundial santista.

Dono de enorme prestígio no futebol internacional, o Santos rodou o mundo em excursões, enfrentando times e até seleções estrangeiras.

Em 1968, o Peixe foi campeão da Supercopa Sul-Americana, deixando para trás o Racing (Argentina) e o Peñarol (Uruguai). Na Recopa dos Campeões Intercontinentais, os santistas bateram a Inter de Milão (Itália), por 1 a 0, gol de Toninho Guerreiro. O segundo duelo, marcado para acontecer em Nápoles, não ocorreu porque o time italiano desistiu da disputa. Com isso, o Alvinegro Praiano ergueu mais um troféu internacional.

Santos parou Guerra
Em uma de suas páginas mais marcantes, o Santos parou uma guerra. Em 4 de fevereiro de 1969, o Peixe parou a Guerra de Biafra, também conhecida como Guerra Civil Nigeriana, ao jogar na cidade de Benin (Benin City), na fronteira da Nigéria com a região separatista de Biafra. Naquele dia, as hostilidades cessaram para que todos pudessem apreciar o Rei Pelé e companhia em ação contra a seleção do Meio Oeste da Nigéria.

Diante de 25 mil pessoas, a equipe do técnico Antoninho venceu por 2 a 1, com gols de Edu e Toninho Guerreiro.

Segundo relatos de historiadores, a guerra civil entre os nigerianos e os separatistas, que queriam a criação de um país chamado Biafra, começou em 1967 e terminou em janeiro de 1970, com a morte de mais de um milhão de civis, a maioria dizimados pela fome.

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Reprodução/Site Oficial Santos FC

Fim de uma Era: Pelé se despede do Santos
Tricampeão mundial com a seleção brasileira na Copa de 1970 no México, Pelé continuava a encantar os torcedores santistas – e dos outros clubes também – com o seu futebol mágico. Porém, com o passar do tempo já se falava no adeus do Rei ao futebol.

Antes de sair de cena, entretanto, Pelé ajudaria o time alvinegro a conquistar mais um título. Em 1973, determinado a ganhar sua última taça pelo Santos, o eterno camisa 10 foi decisivo: foi artilheiro do Paulistão daquele ano, com 26 gols, e levou a equipe para a decisão do campeonato. Em uma final polêmica, o Peixe foi campeão nos pênaltis diante da Portuguesa de Desportos, após um empate por 0 a 0 no tempo normal. Só que, como o árbitro Armando Marques errou na contagem – a Lusa ainda teria mais um pênalti para bater antes do fim da disputa –, o título daquele ano acabou dividido entre o Santos e a Portuguesa.

No ano seguinte, finalmente veio a despedida do Peixe. No dia 2 de outubro de 1974, perto dos 21 minutos do primeiro tempo da partida entre Santos e Ponte Preta, na Vila Belmiro, pelo Paulistão, Pelé disse adeus.

O jogo estava 0 a 0 quando o Rei, no círculo central da Vila, pediu ao volante Léo Oliveira que desse a bola para ele. Pelé amorteceu a redonda com as mãos e se ajoelhou: era o fim da era de Ouro do Alvinegro Praiano.

Na hora de ajoelhar, Pelé voltou-se de braços abertos para os quatro lados da Vila Belmiro. Depois, o Rei se levantou, tirou a camisa, recebeu rápidos cumprimentos e começou a volta olímpica, sob aplausos e gritos de “Fica, Fica”. Torcedores que estavam no estádio na ocasião relatam que algumas pessoas choravam enquanto Pelé fazia a sua despedida do gramado santista.

Essa partida foi a última da carreira do Rei, até ele aceitar, em outubro de 1977, uma proposta do New York Cormos (Estados Unidos) para voltar a jogar e ajudar a difundir o “soccer” no país.

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Divulgação/Santos FC

1ª Geração de Meninos da Vila e 1984
Com a aposentadoria de Pelé, o Santos viveu momentos difíceis. Nos anos seguintes ao adeus do Rei, o time alvinegro não conseguia ser competitivo e viu o crescimento dos rivais.

Sem dinheiro para grandes investimentos, a solução era simples: apostar em jovens talentos. Foi justamente o que aconteceu em 1978.

Naquele ano, a equipe liderada pelo meia Pita e pelo atacante Juary, sob o comando do técnico Chico Formiga, mostrou um futebol encantador. Era a primeira geração de Meninos da Vila.

Na final disputada em melhor de três, o Peixe encarou o São Paulo. No primeiro jogo, vitória santista por 2 a 1, com gols de Juary e Pita. Serginho Chulapa descontou para os são-paulinos.

A segunda partida terminou empatada em 1 a 1. Célio abriu o placar no primeiro tempo, mas Zé Sérgio, com um gol aos 44 minutos do segundo tempo, impediu que o Santos fosse campeão sem a necessidade do terceiro duelo.

No terceiro e decisivo confronto, o Tricolor venceu por 2 a 0 no tempo normal – gols de Zé Sérgio e Getúlio. No entanto, por ter feito melhor campanha do que o adversário, o Peixe tinha a vantagem do empate na prorrogação. Os Meninos da Vila seguraram o empate sem gols no tempo extra e ficaram com o título paulista.

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Divulgação/Santos FC

Depois desse título de 1978, porém, o Santos não conseguiu levantar mais troféus.

Em 1983, Milton Teixeira assumiu a presidência do clube e fez contratações de impacto, trazendo o goleiro uruguaio Rodolfo Rodríguez para a Vila Belmiro e tirando o centroavante Serginho Chulapa do São Paulo.

Naquele ano, o Peixe fez um ótimo Campeonato Brasileiro, chegando à decisão do torneio. No primeiro duelo, o Santos venceu o Flamengo, por 2 a 1, no Morumbi. Na volta, entretanto, o Rubro-Negro fez 3 a 0 no Maracanã e ficou com o título. Os santistas reclamam até hoje da arbitragem daquela partida. Arnaldo Cesar Coelho não teria marcado um pênalti sobre Pita, que poderia ter mudado a história daquela final.

Se em 1983 o Santos ficou no “quase” no Brasileirão, em 1984 o Peixe voltaria a levantar uma taça. Com uma equipe sólida, o time dirigido por Carlos Castilho foi campeão batendo o Corinthians, por 1 a 0, no Morumbi. Chulapa marcou o gol da conquista, aproveitando um cruzamento de Humberto que passou pelo goleiro Carlos.

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Divulgação/Santos FC

Jejum de títulos importantes
Depois do título paulista de 1984, o Alvinegro Praiano voltou a viver um momento complicado em sua história. Sem conseguir montas grandes times, o Santos chegou a trazer alguns nomes consagrados, mas já em fim de carreira, para a Vila Belmiro. No entanto, nada que fizesse o torcedor sonhar com novas conquistas.

Entre o final dos anos 1980 e começo dos anos 1990, os torcedores do Peixe não tiveram muitas alegrias. Um dos melhores momentos do clube em meio a esse período foi a grande campanha no Campeonato Brasileiro de 1993, quando a equipe chegou até a fase final da competição.

Dois anos depois, o Santos voltaria figurar entre os grandes e encher o seu torcedor de orgulho. Em 1995, liderado pelo craque Giovanni, o time praiano mostrou um futebol ofensivo e alegre, chegando até a final do Campeonato Brasileiro daquele ano.

A jornada que mais marcou gerações de santistas foi a virada sobre o Fluminense, no Pacaembu. Após ser derrotado por 4 a 1 no Maracanã, o Peixe contou com uma exibição magistral de Giovanni para reverter a vantagem do Tricolor das Laranjeiras. O Messias fez dois e ainda participou dos outros gols da equipe. Macedo, Camanducaia e Marcelo Passos ajudaram o time a bater o Flu por 5 a 2 naquela noite de 10 de dezembro de 1995.

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Divulgação/Santos FC

Na final, porém, depois de perder para o Botafogo por 2 a 1 no Maracanã, o Santos viu o título escapar graças a uma arbitragem desastrosa de Márcio Rezende de Freitas. O árbitro mineiro validou um gol em impedimento de Túlio Maravilha e anulou um gol legal de Camanducaia, no segundo tempo, que daria o Brasileirão daquele ano ao Peixe. A partida acabou empatada em 1 a 1 e os cariocas ficaram com o troféu.

Os santistas ainda conquistariam dois títulos naquela década. Em 1997, o Santos foi campeão do Rio-São Paulo, após empatar com o Flamengo por 2 a 2 no Maracanã. A equipe era dirigida por Vanderlei Luxemburgo.

No ano seguinte, o Peixe foi campeão da Copa Conmebol com Emerson Leão no comando. O time venceu na Vila por 1 a 0 e na volta segurou o Rosário Central, empatando em 0 a 0, em partida disputada em clima de bastante hostilidade da torcida local. Os torcedores argentinos apedrejaram o ônibus que levava a delegação alvinegra para o jogo. O título santista foi transmitido ao vivo e com exclusividade pela Santa Cecília TV, com a narração de Armando Gomes, na primeira transmissão internacional da emissora.

Diego e Robinho: Fim do Jejum em 2002
Após ser vice-campeão paulista em 2000, apostando em um elenco repleto de nomes consagrados como Carlos Germano, Valdo, Rincón e Dodô, e da amarga eliminação no último minuto para o Corinthians nas semifinais do Paulistão de 2001, a redenção do Alvinegro Praiano viria em 2002.

Mas para chegar até lá, o Peixe teve que percorrer um longo caminho.

Após uma campanha irregular no Torneio Rio-São Paulo, Marcelo Teixeira, que era o presidente santista na época, demitiu Celso Roth do comando da equipe e apostou na chegada de Emerson Leão, que na época era um dos melhores treinadores do país. Ele havia sido demitido da seleção brasileira no ano anterior e estava livre no mercado.

Apesar da escolha por Leão, que já havia passado pelo clube (1998-1999), o Santos não tinha dinheiro para grandes investimentos. A solução encontrada pela diretoria foi apostar em jovens promessas da base e reforçar o elenco com apostas, como o goleiro Júlio Sérgio, que veio do Comercial-SP, e o lateral-direito Maurinho, que veio do Etti Jundiaí (atual Paulista de Jundiaí). Mais rodado, o centroavante Alberto também chegou ao clube para ser um dos “homens de confiança” de Leão dentro do elenco.

No entanto, grande parta de imprensa duvidava da capacidade da equipe santista. Ignorando os comentários mais pessimistas, e alinhado com o pensamento da direção do clube, Emerson Leão trabalhou intensamente durante os quase quatro meses que o Peixe ficou sem disputar partidas oficiais. Aos poucos, o comandante foi encaixando as peças e dando conjunto ao time.

Porém, para dar a certeza de que os Meninos da Vila poderiam dar muito trabalho no Campeonato Brasileiro, faltava uma atuação de gala. Após bater o Glasgow Rangers (Escócia), por 1 a 0, em amistoso disputado em Nova York (Estados Unidos), o Santos enfrentaria o Corinthians, repleto de jogadores consagrados, e que já havia conquistado o Rio-São Paulo e a Copa do Brasil naquele ano.

Em uma jornada inspirada, o Peixe não deu chances ao Timão e, com gols de André Luis, Willian e Renato, bateu o rival por 3 a 1, em plena Vila Belmiro, e passou ao torcedor a confiança de que essa equipe poderia chegar muito longe no Brasileirão.

Em sua estreia, o Santos derrotou o Botafogo, por 2 a 1, na Vila. Na segunda rodada, o Peixe foi derrotado pelo Juventude, em Caxias do Sul. Na sequência, nova vitória em casa, desta vez 3 a 0 sobre o Figueirense. A toada do começo da campanha foi essa: triunfos em casa, mas o time sofria fora de casa, e não conseguia ganhar. A primeira grande atuação fora de casa aconteceu no empate com o Fluminense, por 1 a 1 no Maracanã.

A primeira vitória santista fora de casa no Campeonato Brasileiro de 2002 aconteceu diante do Vasco, por 2 a 1, em São Januário. O resultado encheu o grupo de confiança.

Após o empate por 1 a 1 com o Palmeiras, em clássico na Vila Belmiro, o Alvinegro Praiano voltaria a encontrar o Corinthians. Com uma atuação brilhante no Pacaembu, o Santos não deu chances para o adversário e atropelou, ganhando por 4 a 2, em partida marcada pelo golaço de bicicleta de Alberto.

Depois de perder um polêmico clássico para o São Paulo, por 3 a 2, o Santos sofreu o seu primeiro revés em casa, sendo derrotado pela Portuguesa de Desportos, por 2 a 1. Na sequência, o Peixe sofreu mais alguns tropeços que colocaram em risco a sua classificação para o mata-mata. Na última rodada da primeira fase, os santistas perderam por 3 a 2 para o São Caetano, mas uma vitória do rebaixado Gama sobre o Coritiba, por 4 a 0, levou o Alvinegro Praiano para as quartas de final.

Classificado na oitava posição, com 39 pontos, o Santos teve o São Paulo pela frente nas quartas de final. O adversário havia terminado a fase de classificação no primeiro lugar. O Tricolor era favorito, mas as provocações aos jogadores santistas encheram os Meninos da Vila de ânimo.

Logo no jogo de ida, disputado na Vila Belmiro, o Peixe não deu chances ao rival e fez uma de suas melhores exibições em todo o campeonato. Voltando ao jogar o seu melhor futebol, o time praiano venceu o São Paulo por 3 a 1, com gols de Alberto, Robinho e Diego. Kaká descontou para os tricolores. A partida marcou também o retorno do goleiro Fábio Costa aos gramados, após meses se recuperando de uma cirurgia no joelho. Ele entrou no lugar de Júlio Sérgio, que contundido, não pôde mais atuar no Brasileirão.

No jogo de volta, um susto logo nos primeiros minutos: Luis Fabiano abriu o placar no Morumbi. A pressão são-paulina era grande e o Santos foi bastante sufocado durante todo o primeiro tempo. Mas, aos poucos, a equipe foi se acalmando em campo, colocando a bola no chão e oferecendo perigo ao adversário também.

No segundo tempo, os santistas dominaram o duelo. Em tabelinha com Robinho, Léo deixou tudo igual no placar. O gol do camisa 3 deixou o São Paulo desesperado e os espaços para os contra-ataques começaram a aparecer. Diego, já nos minutos finais, resolveu a parada com um belo gol, recebendo passe de Robinho, antes de deixar Fábio Simplício no chão e tocar com o bico da chuteira no canto de Rogério Ceni: 2 a 1.

Classificado após eliminar o poderoso São Paulo, o Peixe chegou forte para as semifinais contra o Grêmio. Logo no confronto de ida, uma vitória por 3 a 0 sobre os gaúchos, na Vila Belmiro, aproximou o time de Leão da final. Alberto, com dois gols, e Robinho marcaram os gols do triunfo em tarde inspirada dos santistas. O final do jogo foi marcado pelo nervosismo dos gremistas, especialmente do goleiro Danrlei, que havia ameaçado o atacante Robinho.

Na partida de volta, Rodrigo Fabri fez o gol da vitória do Grêmio, mas a derrota por 1 a 0 no Estádio Olímpico não foi o suficiente para impedir que o Santos fosse para a grande decisão.

Daquele amistoso em julho até a final do Brasileirão. O Corinthians seria o adversário da final. Apesar da grande fase dos santistas, a mídia esportiva dava certo favoritismo aos corintianos, pelo fato de contar com jogadores como Fabio Luciano, Kleber, Vampeta, Gil e Deivid em seu elenco.

Mas, logo no primeiro duelo, o Peixe mostrou que debaixo d’água é com ele mesmo! Em uma tarde chuvosa de domingo no Morumbi, o Alvinegro Praiano venceu por 2 a 0, com gols de Alberto e Renato no fim, deixando os comandados de Leão muito próximos da taça.

Enfim, o dia 15 de dezembro de 2002 chegou. Para os torcedores santistas, tanto os mais velhos quanto os mais novos, era o dia da redenção. Afinal, o clube estava em uma longa fila de 18 anos sem títulos de expressão.

No entanto, não seria fácil. A apreensão tomou conta dos torcedores logo no primeiro minuto, quando Diego sentiu lesão muscular na coxa e deixou o gramado. Robert entrou em seu lugar.

Mesmo assim, o time da Vila se superou e Robinho, em tarde inspirada, chamou para si a responsabilidade de conduzir a equipe dentro das quatro linhas, fazendo aquela que é considerada até hoje a sua melhor atuação com a camisa santista – e, provavelmente, de toda a sua carreira.

Ousado, Robinho deu oito pedaladas para cima de Rogério e sofreu pênalti do lateral corintiano. O próprio camisa 7 pegou a bola e, mesmo com 18 anos na época, mostrou a frieza de um veterano para deslocar Doni e converter a penalidade: 1 a 0.

A vitória parcial dava uma maior tranquilidade ao Peixe, mas o Corinthians não desistia. Fábio Costa, outro personagem de destaque naquela tarde, começou a aparecer decisivamente. O goleiro fez uma série de grandes defesas, fechando o gol de sua equipe.

No final do segundo tempo, entretanto, os corintianos conseguiram dois gols: Deivid empatou aos 30 e Anderson virou para o Timão, aos 39 minutos. Com o 2 a 1, o Corinthians estava a apenas um gol do título. Para o torcedor do Alvinegro Praiano, a tensão aumentava, porque na memória vinha a lembrança da traumática eliminação para o rival no Campeonato Paulista do ano anterior, com um gol de Ricardinho na última jogada.

Só que dessa vez, o desfecho seria diferente e transformou o drama em uma das vitórias mais épicas da história santista. Robinho escapou da marcação e tocou para Elano. Como um raio, o meia empatou a partida novamente, aos 43, e praticamente selou o título.

No entanto, ainda haveria tempo para o gol da consagração. Aos 47, Robinho recebeu pela esquerda e, endiabrado, tirou Kleber e Vampeta para a dança, enganando os marcadores corintianos e rolando para Léo, que com um chute de direita – ele é canhoto – jogou a pá de cal nas pretensões do Corinthians e tirou de vez o grito de “campeão” das gargantas santistas, em uma partida que entrou para a história do futebol brasileiro.

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Reprodução/Site Oficial Santos FC

O título de 2002 foi tão importante que virou livro. Presidente santista na época, Marcelo Teixeira escreveu a obra “Das Arquibancadas à Presidência – 2002” , lançado em 2018.

Brasileirão de 2004 e bicampeonato paulista
Com o fim do jejum, o Santos reconquistou o seu espaço de protagonista no futebol brasileiro. Em 2003, o Peixe repetiu as grandes atuações do ano anterior, chegando até a final da Libertadores daquele ano. A equipe santista foi derrotada pelo Boca Juniors (Argentina). No Brasileirão, o time brigou pelo título com o Cruzeiro, mas ficou com o vice-campeonato.

Já em 2004, após ser eliminado para o São Caetano nas semifinais do Paulistão, o Santos viu parte daquela equipe campeã em 2002 se despedir: Alex, Renato e Diego se transferiram para o futebol europeu. Desgastado, Leão não resistiu aos momentos de irregularidade do time e acabou demitido.

Para comandar uma reformulação e buscar novas conquistas, Marcelo Teixeira apostou no melhor técnico brasileiro em atualidade naquela época: Vanderlei Luxemburgo. Na sua volta ao Peixe, Luxa não decepcionou.

Rapidamente, o treinador deu um padrão tático para a equipe, encaixando peças como Ricardinho e Deivid. Um dos grandes momentos da campanha foi a sequência de sete vitórias consecutivas que levou o time para a liderança do campeonato.

Em meio aos percalços, como erros de arbitragem e o sequestro da mãe de Robinho, Luxemburgo conseguiu levar o Santos na briga pelo título ponto a ponto com o Athletico-PR. Até que, na penúltima rodada, o Furacão tropeçou contra o Vasco em São Januário e o Peixe não desperdiçou a chance: bateu o São Caetano fora de casa e assumiu a ponta faltando um jogo para o fim do campeonato.

Na última rodada, título santista com a vitória por 2 a 1 sobre o Vasco. Ricardinho e Elano marcaram os gols daquela partida, disputada em São José do Rio Preto.

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Divulgação/Santos FC

Em 2005, Luxemburgo foi para o Real Madrid (Espanha), mas ele voltou em 2006 e conduziu o Alvinegro Praiano a mais um título. Dessa vez, o Santos quebrou o jejum de 22 anos sem um título estadual.

O Peixe superou o São Paulo na disputa por pontos corridos. A taça veio com uma vitória sobre a Portuguesa de Desportos, por 2 a 0, na Vila Belmiro.

Em 2007, o Santos voltaria a ser bicampeão paulista. O time liderado em campo por Zé Roberto fez uma grande campanha e, após eliminar o Bragantino nas semifinais, encarou o São Caetano na decisão.

Na primeira partida, o Azulão venceu por 2 a 0. No segundo e decisivo confronto, o Peixe precisava ganhar por dois gols de diferença para ser campeão. E conseguiu. Adaílton, no primeiro tempo, e o jovem Moraes, com um gol de cabeça nos minutos finais, deram o bicampeonato estadual ao time da Vila.

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Divulgação/Santos FC

Naquele mesmo ano, o Santos fez uma grande campanha na Libertadores, mas ficou a um gol de se classificar para a final, em semifinal emocionante com o Grêmio. Os santistas perderam por 2 a 0 no Sul e, após uma virada por 3 a 1 na Vila, em noite inspirada do jovem atacante Renatinho, o Peixe foi eliminado pelo fato de os gaúchos terem marcado um gol fora de casa.

Era Neymar
Em 2009, um menino magrinho, mas de um talento absurdo, despontava na Vila Belmiro. Apontado desde criança como um dos prodígios do futebol brasileiro, Neymar foi lançado no elenco principal do clube.

Ousado e muito leve, Neymar não teve uma adaptação fácil. Entre altos e baixos em seu primeiro ano no profissional, ajudou o Peixe a ser finalista do Paulistão de 2009. Na ocasião, o Santos foi derrotado pelo Corinthians na final.

No entanto, em 2010 o talento do jovem atacante explodiu. Sob o comando de Dorival Júnior, Neymar fez uma dupla infernal com Paulo Henrique Ganso. Ao lado dele, Robinho e Léo davam um toque de qualidade e experiência ao time que passou a encantar o Brasil.

Desta forma, os santistas ganharam o Paulista de 2010 em uma decisão emocionante com o Santo André. No mesmo ano, o Alvinegro foi campeão da Copa do Brasil, diante do Vitória.

Mas nem tudo foram flores para Neymar naquele ano. Em um ato de indisciplina, o atacante ofendeu o treinador na partida contra o Atlético-GO, pelo Campeonato Brasileiro, após Dorival não deixar que ele cobrasse um pênalti. Na queda de braço, o comandante levou a pior e acabou demitido uma semana depois do clube.

Porém, o atacante deu a volta por cima em 2011. Chamando a responsabilidade para si, Neymar levou o Santos ao bicampeonato paulista naquela temporada. De quebra, o camisa 11 foi o grande responsável pela conquista da Copa Libertadores daquele ano, marcando inclusive na final contra o Peñarol (Uruguai), dando fim a um jejum de 48 anos do clube sem ganhar a principal competição das Américas. Para que o ano fosse perfeito, só faltava vencer o Mundial de Clubes. O Peixe, entretanto, acabou superado pelo Barcelona (Espanha) por 4 a 0 na final disputada no Japão.

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Divulgação/Santos FC

Em 2012, Neymar manteve o nível de atuações e levou o Santos a um feito só alcançado na Era Pelé: o tricampeonato do Paulistão. No mesmo ano, o astro ainda levaria o Peixe a ser campeão da Recopa Sul-Americana contra a Universidad do Chile.

Na metade do ano seguinte, em transferência polêmica, Neymar acabou deixando a Vila Belmiro para vestir a camisa do Barça.

Pós-Neymar e Dias Atuais
Após Neymar, o Santos ainda ganharia mais dois títulos: o bicampeonato paulista, conquistado com os títulos de 2015 e 2016.

O Alvinegro Praiano ainda teve campanhas de destaque, como o vice da Copa do Brasil em 2015, quando perdeu a final para o Palmeiras, e os vice-campeonatos do Brasileirão 2016 e 2019, esse último sob o comando do técnico argentino Jorge Sampaoli.

Em 2020, o português Jesualdo Ferreira chegou com a missão de fazer com que o Peixe brigue pelos títulos de todas as competições. No entanto, com a pandemia do novo coronavírus, a temporada está paralisada e os clubes ainda não tem data para voltarem a jogar.

Enquanto o futebol não volta, o #Santaportal deseja parabéns ao Santos Futebol Clube e aos seus torcedores, espalhados pela Baixada Santista, pelo Brasil e pelo Mundo. E que o Peixe siga com o seu lema: “Agora quem dá a bola é o Santos…”.

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Divulgação/Santos FC

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