Redes sociais voltam a ser palco de culto à magreza e gordofobia
Por Anna Clara Morais em 27/11/2024 às 06:00
As redes sociais, que surgiram como um meio para compartilhar informações, dicas ou entreter, possuem grande relevância e influência na sociedade, alterando até a maneira como as pessoas interagem entre si e mais do que isso, influenciando o modo como as pessoas vivem, desde a roupa que irão vestir, até a forma de falar e pensar.
O poder que as redes adquiriram de influenciar, por muito tempo, contribuiu para que o estereótipo de corpos perfeitos fosse deixado de lado. A chamada era do body positive foi levada a sério por um período, onde as pessoas eram incentivadas a aceitar sua aparência, sem que a auto comparação tomasse conta de seus pensamentos e deixasse marcas psicológicas e até físicas.
Entretanto, essa luta tem perdido força e parece estar com os dias contados. Isso porque nas redes sociais tem viralizado trends que devolvem aos holofotes o culto à magreza e o corpo magro como o “perfeito”. E, provando todo o poder sobre a sociedade atual, é possível ver o retorno do padrão “ideal” sendo refletido nas passarelas, em campanhas publicitárias e até em celebridades.
Em vídeos curtos, com grande número de curtidas e compartilhamentos, lemas como “a felicidade é magra” ou áudios ofensivos contra pessoas obesas, ganham cada vez mais força e engajamento.
As consequências das trends geram diversos impactos psicológicos à população, como depressão, distorção de imagem e transtornos alimentares, isso porque, na maioria dos casos, as pessoas não conseguem atingir esse padrão idealizado, ponto destacado pela psicóloga Isabella Bleck.
“A pressão estética é extremamente desgastante e injusta, nem todo o corpo chega ao padrão desejado…seja por motivos sociais, socioeconômicos, genéticos e até mesmo psicológicos, então, afeta por completo”.
A psicóloga reforça a importância da terapia para que as pessoas não se afetem com conteúdos desse tipo. “O autoconhecimento é fundamental para que as pessoas se blindem de comparações, entender o meio em que estão inseridos e os limites que o corpo pode chegar…além de não dar engajamento a esses conteúdos que fazem com que a magreza extrema seja o máximo”.
Um dos efeitos que o complexo com o corpo perfeito pode causar são os transtornos alimentares, que podem resultar em diversos tipos de doenças.
“A pessoa pode entrar em um ciclo de compensação, onde se faz uma dieta restritiva por conta da insatisfação corporal e essa tal restrição alimentar pode gerar desnutrição, tanto energética quanto proteica e depois da restrição, infelizmente, vem a compulsão. E as consequências são emocionais e físicas… cansaço, queda de cabelo, anemia”, explicou a nutricionista Lethicia Nunes.