Vicentina alerta para diagnóstico precoce da doença de Crohn
Por Alanis Ribeiro em 21/11/2023 às 06:00
Diagnosticada com doença de Crohn, após se recuperar de um tumor localizado entre a bexiga e o intestino, a auxiliar de desenvolvimento infantil vicentina Thais Clemência Tavares de Jesus Santos, de 45 anos, é um exemplo de força e superação.
Em 2002, na sua primeira gestação, que foi muito conturbada devido ao mal estar constante que sentia por conta das pedras na vesícula, teve uma pancreatite aguda. Posteriormente, no nascimento de seu filho, Lucas, foram feitos alguns processos cirúrgicos para desobstruir o canal da vesícula.
“Foram momentos de tremenda tristeza, sentia uma dor insuportável, não só pela dor da doença, mas por uma dor que ardia no meu peito, em ficar longe do meu filho de três meses, por conta da minha internação”, declara a profissional.
Mesmo após os procedimentos médicos, as dores e sintomas continuavam persistentes, e com um acompanhamento endocrinológico foi inicialmente diagnosticada com retocolite ulcerativa, onde fez o tratamento para esta doença durante quatro anos.
“Durante todo o período que fiz o tratamento, não obtive melhoras, muito pelo contrário, só piorava cada vez mais”, diz.
Devido a sua piora, em 2006, Thais Tavares teve uma agressiva perda de peso, onde em poucos meses emagreceu mais de 40 quilos.
Em resumo, precisou ser internada com urgência, mas os profissionais de saúde não conseguiram identificar a causa exata dos sintomas, por conta de seu peso e desidratação. Por conta disso, foi realizada uma cirurgia de laparotomia exploratória para observar o que causou as cicatrizes e inflamação.
Thais relembra que, após alguns dias de alta, passou para a consulta de retorno, onde foi informada que precisaria se internar novamente, pois estava com o intestino perfurado.
“Ele não podia operar tudo na primeira cirurgia, por causa da desnutrição e anemia que eu apresentava, e naquele momento não iria sobreviver a um processo tão longo. Então, em dezembro, com um mês da cirurgia exploratória, me internei novamente para cuidar das lesões,” declara.
Depois da cirurgia, em dezembro de 2006, ela apresentou um quadro febril, e após tomar medicamento para controlar, ao forçar para vomitar, os seus pontos estouraram, e precisou retornar imediatamente para o centro cirúrgico.
“Só conseguia pensar que não aguentava mais, dizia que queria desistir de tudo. Eu suplicava para o meu marido cuidar do nosso filho por mim, mas ele ficava repetindo que não iria desistir de mim, e que ficaria comigo até o final, enquanto louvava pela minha vida. Ali minhas forças foram revigoradas”, acrescenta.
Em seguida, após 20 dias desde sua última cirurgia, retornou para verificar os resultados. ‘’O médico estava muito surpreso com o resultado, dizia que o tumor era benigno, mas não entendia do que ele estava falando, não sabia de nada sobre isso, somente das lesões”, disse.
Ao retornar para casa no mesmo dia, seu marido Marcelo de Jesus, de 46 anos, contou que havia poupado ela da verdade para não desanima-lá, mas que havia sido retirado mais de um metro de seu intestino e que ele estava necrosado, além de terem encontrado um tumor entre a bexiga e intestino.
A descoberta da doença
Devido ao históricos anteriores, foram realizados novos exames, onde foi constatado que as lesões que apresentava eram consequências da doença de Crohn, contrapondo o resultado anterior de retocolite ulcerativa.
O diagnóstico foi dado de forma tardia, mas Thais iniciou um tratamento com medicação biológica que era distribuída de forma gratuita pelo Sistema Único de Saúde (SUS).
“Tomei a medicação durante anos, mas nunca havia feito nenhum exame detalhado para saber se a quantidade que estava tomando era correta, ou se meu organismo estava aceitando bem a medicação”.
No processo de tratamento, houve outras intercorrências pessoais, o que ocasionou a perda de seu plano de saúde. Por conta disso, Thais ficou três anos sem tomar medicações, e sua saúde voltou a ficar fragilizada.
Com urgência devido ao seu histórico, passou em uma consulta de encaixe com uma proctologista pelo Ambulatório de Especialidades de Santos (Ambesp), que informou com transparência e precisão sobre a doença.
Atualmente, o câncer permanece em remissão, mas a doença de Crohn não tem cura. Então, o acompanhamento passou a ser feito através do Ambulatório de Doença Inflamatória Intestinal (DII) em Santos. O tratamento é contínuo, ela está no terceiro medicamento, pois os anteriores pararam de fazer o efeito desejado.
“Se tivesse tido um diagnostico mais cedo, não teria passado por tudo isso. O diagnóstico precoce é muito importante e faz todo o diferencial no tratamento”, finaliza.
Mas afinal, você sabe o que é a doença de Crohn?
A doença de Crohn trata-se de uma doença inflamatória do trato gastrointestinal, mas também pode apresentar sintomas extraintestinais.
É uma doença crônica e autoimune, que provavelmente é desenvolvida por uma desregulação do sistema imunológico.
De forma geral, em um primeiro momento, os principais sintomas da doença de Crohn são aqueles associados a desconfortos intestinais, como:
– Diarreia persistente, que leva até mesmo a perda de peso;
– Dores e cólicas abdominais;
– Presença de sangue nas fezes, embora isso não seja comum.
Não existe cura para a doença de Crohn. O tratamento busca aliviar os sintomas e reduzir a inflamação, mas algumas pessoas precisam de cirurgia.