Professor e alunos da Unisanta realizam estudo com pombos nas cidades de Santos e São Vicente
Por Santa Portal em 20/03/2025 às 06:00

O professor e médico veterinário Eduardo Ribeiro Filetti, junto dos alunos da Universidade Santa Cecília (Unisanta), realizou um estudo sobre pombos nas cidades de Santos e São Vicente. A pesquisa foi realizada em 121 pontos, no período de fevereiro a dezembro de 2024.
Ao todo, a equipe reuniu 517 amostras de fezes, que foram coletadas após a alimentação das aves. “Colocávamos plástico de 3×6 metros no chão com comida para as aves, das 6h às 8h da manhã, principalmente nos finais de semana, pois o número de pessoas nestes dias e horários é menor e com menos interferência”, explicou Eduardo Filetti.
Ele ainda destacou que, segundo o estudo, o número de aves da região aumentou, devido à alimentação fornecida pelas pessoas, pois, após isso, as aves tendem a se reproduzir. “Se existe abundância de alimentos e grãos na área portuária, apesar dos recentes esforços do setor para combater esta prática, também tem muitos moradores em situação de rua que sempre bagunçam os lixos da região colocando alimentos nas ruas”.
“Normalmente, essas aves, descendentes do Columba livia, se alimentam de grãos e farelos, mas, por conta da proximidade com os seres humanos, se acostumaram a comer legumes, frutas, verduras e, até mesmo, resto de lixo, explicando o número alto de animais na região. Lembrando sempre que o derramamento de grãos no porto é o um dos grandes responsáveis pela alimentação das aves”, completou o professor.
Além disso, foi descoberta a presença dos agentes Endolimax nana e Entamoeba coli, naturais do trato intestinal humano, nas fezes dos pombos, comprovando que essas aves estão se alimentando de lixo e fezes produzidas por humanos.
Outros protozoários, como: Chilomastix sp, Giardia sp e Cryptosporidium spp, comuns em verduras e frutas mal lavadas; Ascaris lumbricoides, bactéria causadora da salmonelose; e Ancylostoma duodenale, parasita comum em fezes de cães e gatos não vermifugados, também foram encontrados. Todos eles podem causar problemas em pessoas com baixa resistência, causando uma diminuição das defesas orgânicas no corpo.
O médico veterinário ainda explicou que o grande risco de doenças oferecidas por esses animais vem das fezes secas, que podem conter fungos de difícil diagnóstico, causando doenças graves como histoplasmose e a criptococose.
Já as fezes molhadas podem oferecer riscos leves, como conjuntivites, otites e dermatites. Ao mesmo tempo que realizaram o estudo, também fizeram uma pesquisa com a população, para identificar quem gosta das aves e as alimenta.
Os resultados mostraram que 60 % dos entrevistados gostam dos pombos, mas acham que eles estão em um número acima do desejado; 26 % não gostam e não queriam que elas estivessem nas cidades; 14 % não têm opinião definida ou não quiseram comentar; e 18 % afirmaram que alimentam as aves com frequência.
A conclusão do estudo foi que é necessário diminuir a reprodução dessas aves, mas de uma forma segura, sem causar prejuízos ou sofrimentos. Algumas das soluções incluem: diminuir a fonte de alimentação na área portuária, fazer pombais alvos, onde os ovos seriam trocados por artificiais, e fornecer alimentação com anticoncepcionais.
“Somos contra qualquer ação que cause sofrimento para as aves, pois o aumento exagerado do número de pombos foi causado por ações humanas, como o oferecimento de alimentação em abundância – já que, quanto mais alimentos, as aves se reproduzem em maior número – e diminuição da Mata Atlântica, reduzindo o número de predadores, como falcões e gaviões, nas cidades”, finalizou Filetti.