Santos aposta na educação midiática para formar cidadãos críticos e combater os riscos digitais
Por Beatriz Pires em 21/12/2024 às 06:00
A lei aprovada pelo governador Tarcísio Freitas, que proíbe o uso de celulares nas escolas, tem gerado discussões sobre o papel das mídias digitais na educação. Na Baixada Santista, esse debate impulsionou a implementação de iniciativas inovadoras, como as aulas de educação midiática na rede municipal de Santos. Essas aulas visam promover senso crítico e proteção digital entre os estudantes.
“Muitos alunos utilizam a internet de maneira inadequada, sem a devida orientação, o que pode levar a problemas como acesso a conteúdos impróprios, falta de foco nas atividades escolares e impactos negativos na saúde física e mental. A segurança online é uma grande preocupação, incluindo riscos de cyberbullying, exposição a fake news e outras ameaças digitais”, aponta Cristiane Domingues, chefe da Seção Núcleo Tecnológico Educacional de Santos.
Pensando nos impactos futuros e nas preocupações das famílias, a Secretaria de Educação de Santos (Seduc) desenvolveu o projeto Múltiplas Linguagens: Inovação e Tecnologia – Parque Tecnológico. Ele inclui oficinas voltadas à alfabetização midiática e formação de cidadãos críticos, considerando as múltiplas linguagens e inovações tecnológicas. Além disso, o projeto Memórias em Rede, realizado pelo Instituto Devir Educom, oferece palestras e oficinas de jornalismo, memória e educação midiática para estudantes e professores das escolas públicas.
Para garantir o sucesso da iniciativa, professores da rede municipal participaram de capacitações. Santos é integrante da rede internacional MIL Cities (Media and Information Literacy), da Unesco, o que reforça o compromisso da cidade em liderar práticas inovadoras. As formações incluem oficinas no Parque Tecnológico de Santos, promovendo o uso crítico e responsável da tecnologia.
Do ponto de vista psicológico, a educação midiática traz benefícios essenciais em um mundo dominado pelas redes sociais. “Ensinar as crianças a analisar criticamente as informações que consomem online é fundamental para formar cidadãos mais conscientes e responsáveis. A escola tem um papel vital ao ajudar os alunos a entenderem os impactos das mídias em sua vida cotidiana e a diferenciarem fontes confiáveis de desinformação. Isso também contribui para o fortalecimento da autonomia das crianças, permitindo que elas naveguem na internet de maneira mais segura”, explica a psicóloga infantil Stefanny Santana.
Stefanny também destaca ferramentas práticas para despertar a consciência digital. Ela enfatiza a importância de atividades reflexivas para abordar os riscos da internet, como o compartilhamento excessivo de informações pessoais e as consequências do cyberbullying.
“Também é importante que as crianças aprendam a identificar conteúdos impróprios, como violência ou material explícito. A escola deve orientar sobre a necessidade de equilibrar o tempo de tela com interações sociais e atividades físicas. Além de informar, é essencial ensinar valores como empatia e respeito no ambiente digital”, conclui.
A Seduc avalia frequentemente os resultados das ações e planeja expandir as iniciativas voltadas à conscientização digital.
“Entendemos que essa é uma necessidade urgente da sociedade atual. Nosso objetivo é formar tanto alunos quanto professores para utilizarem a internet de forma crítica e responsável, promovendo um ambiente digital mais seguro e produtivo. Estamos comprometidos em acompanhar as rápidas mudanças tecnológicas e suas implicações na educação”, reforça Cristiane Domingues.