"Vamos zerar a fila por creches em São Vicente", afirma Kayo Amado

Por Santa Portal em 04/09/2024 às 15:00

Sarah Vieira
Sarah Vieira

Candidato à reeleição em São Vicente, Kayo Amado (Podemos) celebrou avanços da cidade no Ideb (Índice de Desenvolvimento da Educação Básica), entretanto, estabeleceu o objetivo de zerar a fila por creches, bem como definiu que a educação continuará sendo a área central de seu governo. O prefeito revelou, em entrevista ao Rumos & Desafios, exibida na última terça-feira (3), que a boa avaliação do primeiro mandato o motivou a buscar a continuidade por mais quatro anos.

O representante da maior coligação partidária da cidade, com nove partidos (Republicanos, PP, PDT, Podemos, PSB, União, PSD, Avante e MDB), também rebateu críticas sobre a criação da Unidade Mista Parque das Bandeiras e revelou a busca por apoio do Estado para o aumento de efetivo da Polícia Militar (PM) e para o combate às enchentes. Além disso, o prefeito fez um balanço de sua gestão e explicou as dificuldades na criação de soluções em um “município pobre”.

Assim como Kayo Amado, o programa Rumos & Desafios entrevistará, até 12 de setembro, os postulantes às prefeituras das cidades da Baixada Santista, sendo televisionado todas as terças e quintas-feiras, às 21h, também com transmissão simultânea no YouTube do Santa Portal. Confira a entrevista na íntegra abaixo.

Para começarmos, por que resolveu concorrer à reeleição? Faltou alguma coisa?

Nosso trabalho é de persistência. Assumi a prefeitura da cidade no meio da pandemia, às vezes parece que já faz tanto tempo, mas, na verdade, o primeiro ano foi totalmente dedicado à pandemia, já o segundo ano à vacinação, a salvar vidas e, no meio disso tudo, buscamos organizar a cidade, planejar um novo momento e colhemos já bons frutos nesse primeiro mandato, mas é pouco.

Queremos mais, os nossos sonhos são maiores para a cidade, então queremos dar continuidade. Muitas boas sementes plantadas, outras já dando frutos e assim pretendemos seguir por mais quatro anos em São Vicente.

Tem alguma coisa que faria diferente?

Acho que a experiência desse primeiro mandato nos ajuda, sem dúvida nenhuma, a acertar mais que errar num segundo. Nossas vidas são feitas de erros e acertos.

Acredito que nesse primeiro mandato a gente pôde acertar mais, vemos uma grande transformação na educação da cidade e acredito que num segundo mandato vamos ter não só o que já conquistamos, uniforme, material escolar, transformações de escola, como também vamos poder dar continuidade nisso.

É um discurso de continuidade, de aprendizado, mas é um desafio. São Vicente é um dos municípios mais pobres do estado de São Paulo, se você comparar a receita com a quantidade de pessoas que moram nele.

Quando olhamos para um cenário como esse, é claro que estamos sempre aprendendo. É uma máquina em movimento, é um desafio diário para deixar as contas em dia, então tudo vira aprendizado com o segundo mandato.

Em um eventual segundo mandato, qual marca que você pretende deixar e qual área que você pretende dar uma atenção especial?

Vou ser muito sincero. A principal área para transformar São Vicente é a educação, que foi a que escolhemos para o primeiro mandato e é a minha área central também para o segundo. Só vou parar quando colocar São Vicente em um bom patamar de educação, quando a criança aprender a ler e escrever na idade certa, quando conseguirmos ver o nosso jovem saindo da escola com mais oportunidade, não indo para o mundo do crime, mas indo para um mundo de oportunidades.

Esse é o nosso grande sonho para São Vicente. Tivemos recentemente nesse Ideb (Índice de Desenvolvimento da Educação Básica), um avanço, uma das únicas cidades que progrediu. Ganhamos posições, tivemos alguns acréscimos nas idades iniciais. Então, deixamos de ser o último colocado nesse trabalho, mesmo no meio de pandemia, conseguimos vencer posições.

No entanto, só consigo parar de olhar para isso quando a gente estiver lá em cima, brigando pela parte de cima da tabela, porque isso vai ter significado, que é a criança nossa aprendendo a ler, a escrever, a ser cidadão, a descobrir, na verdade, que ela tem o direito de sonhar, de brincar, de aprender e de ter um futuro melhor.

Portanto, ainda que a gente tenha que resolver muitas coisas, na saúde, na infraestrutura, e temos feito, criança para mim é prioridade.

Na questão de educação, investimentos e ações estão planejados. Quais são esses planejamentos para zerar as filas para as creches municipais no próximo mandato?

Quando entrei na prefeitura, tinham mais de 2 mil crianças fora da creche. Em três anos e meio de trabalho, conseguimos colocar 1.861 crianças. Isso é um trabalho de, desde terminar uma obra que tinha começado dez anos atrás, e estava parada, até abrir unidades novas e conseguir dar vazão em bairros muito populosos, que a população tinha crescido muito e não tinha oferta de creche.

Além de até mesmo acabar com aquelas casinhas que chamavam de creche e levar para unidades, de fato, escolares com toda a infraestrutura pedagógica que precisa para a criança aprender. Isso fez com que a gente ampliasse, então, o número de vagas, falta pouco e no segundo mandato vamos zerar. Com essa mesma fórmula, porque não é promessa, é o que a gente fez.

Pega aquelas estruturas que estão pequenas, faz uma estrutura grande, maior, mais adequada, com os espaços adequados, bota brinquedo, parquinho lá dentro, provê uniforme, merenda de qualidade e assim vamos fazendo essa abertura de vagas de forma organizada.

Não é sair catando casinha e abrindo para pôr criança dentro, que é o que a gente viu um tempo atrás. Então é isso, não é nem prometer, é falar, vamos seguir fazendo e vamos zerar essa fila.

Na área da saúde, um ponto que outros candidatos abordaram aqui é o PS do Parque das Bandeiras, que muitos criticaram a atual gestão por terem o transformado em uma unidade mista, que é um pronto-atendimento e uma Unidade de Saúde da Família. Isso vai ser uma tendência ou foi algo pontual?

Eles nem sabem explicar o que é isso, para ser bem sincero. Eles mesmo estão entrando num discurso de politicagem em torno do assunto e não tratam a raiz do problema. Em três anos e meio, das 26 Unidades Básicas de Saúde (UBS), revitalizamos 18.

A do Parque das Bandeiras foi uma dessas. Pergunta para quem está sendo contrário a isso, onde que era a unidade de saúde do Parque das Bandeiras? Um local que parecia uma garagem podre, caindo aos pedaços, e que a prefeitura ainda alugava por isso. O que fizemos foi organizar o sistema.

Levamos, pela primeira vez na história de São Vicente, pediatra para a Área Continental, dentista, 24 horas, para o novo PS da Área Continental, que fica no Rio Branco, um bairro centralizado para todos. Situações mais graves, naturalmente, são direcionadas para lá. No Parque das Bandeiras, temos um pronto-atendimento, sim, 24 horas funcionando, que era o que o bairro queria.  

Contudo, otimizamos as estruturas e isso é muito importante, porque antes era uma estrutura que chovia dentro, mofada, caindo aos pedaços, sem janela e piso adequados, com banheiro destruído. Hoje tem ar-condicionado, está azulejada, com piso de cerâmica, uma estrutura toda adequada, nas normas de vigilância sanitária, onde funciona uma UBS e também um PS 24 horas.

Inclusive, isso significa que o bairro ganhou porque temos uma Unidade Básica de Saúde funcionando em horário ampliado. É a primeira da cidade que atende aos sábados e isso permite que a criança possa se vacinar, porque, às vezes, a mãe não tem tempo de levar em dias de semana. Além disso, dispõe o atendimento básico, aquele preventivo para não ficar doente, que é o atendimento base do sistema de saúde pública e que pouco se dá valor.

Então, acho que quem está criticando, na verdade, está mais por querer fazer uma politicagem, porque, na verdade, a saúde na Área Continental cresceu e cresceu muito, com equipamentos novos e com otimização de outros.

Esse modelo vai ser ampliado em uma segunda gestão?

Pode ser ampliado, mas, nesse momento, estamos finalizando algo que apresentamos em 2021, que era o plano Nova Saúde São Vicente. De todos os itens, falta muito pouco para a zerarmos um plano que tinha a abertura do Rio Branco, o fim do Crei, a construção de uma nova UPA Central no lugar. Então, estamos no meio dessa transição.

É um modelo interessante, mas o X da questão, e é o que sempre falamos, é que, na saúde, é melhor prevenir do que remediar. Se tratar com remédio, você está tratando a doença. Se tratar a prevenção, você está tratando a saúde.

O que estamos buscando fortalecer, na essência, é o modelo das UBS, é o postinho perto da casa das pessoas. Esse é o foco. E a retaguarda é PS do Rio Branco, Unidade Mista do Parque das Bandeiras, Humaitá e a nossa futura UPA Central.

Entre 2010 e 2020, São Vicente teve uma queda real de 10% no PIB. Quais medidas foram tomadas para reverter esse cenário e o que está programado para um eventual segundo mandato?

Temos um cenário desafiador para a economia de São Vicente. Quando olhamos os dados da cidade, um PIB per capita em São Vicente é três a quatro vezes menor que o de Santos. Santos, uma ilha de riqueza. São Vicente, uma ilha de desafios, digamos assim.

Entretanto, quando entramos na cidade, buscamos estruturar de uma forma muito clara quais seriam as vocações da cidade. E defini o desenvolvimento, junto com a minha equipe, em três. Um deles, a construção civil.

Acreditamos que, entre Santos e Praia Grande, muitos prédios foram construídos, a estrutura da construção civil é bastante sólida e muitas pessoas se mudaram, saíram para essa oferta de habitação disponível, deixando até mesmo São Vicente.

Contudo, essa cidade no meio do caminho entre as duas, tem um potencial de verticalização interessante perto da praia e em alguns eixos que podem se desenvolver, como a Avenida Capitão Mor Aguiar, a própria Presidente Wilson, que ainda tem potencial, Antônio Emmerich, Linha Amarela, onde passa o VLT.

Então, a construção civil é algo que, de fato, hoje você anda em São Vicente e vê prédios subindo para qualquer lado que você olhar e queremos incentivar mais. Isso vai aquecer a economia.

Segundo ponto, o eixo Centro-praia, que é um gerador de emprego muito forte na cidade, o comércio popular pujante. Toda ação comercial, as mídias vão lá, é no Dia das Mães, Dia dos Namorados. A mídia está sempre lá cobrindo porque é, de fato, o maior centro comercial da Baixada.

Começamos um programa chamado São Vicente de Cara Nova, articulando investimentos nesse eixo. A orla do Gonzaguinha é um exemplo disso. A revitalização das coberturas e calçadas do centro é um exemplo disso. A obra da Biquinha, do Deck do Pescador e da Praça 22 de Janeiro, que já começou, são outros.

E, assim, estamos mexendo em cada pedaço do centro da cidade. Trouxemos a base da guarda para a região central, base da Polícia Militar (PM), instalamos totens, elementos para criar uma organização e uma sensação de segurança maior. E, com isso, visamos reaquecer esse comércio. Esse é o segundo ponto.

E o terceiro ponto, e muito importante, o desenvolvimento da Área Continental. Não existe, na Baixada Santista, área mais interessante para o investidor, hoje, que a Área Continental de São Vicente.

Conseguimos ver uma mão de obra disponível, muitas pessoas que todos os dias se deslocam para trabalhar em Santos, em Cubatão, em Praia Grande, e moram ali, 150 mil moradores, e muita área disponível. Temos um diálogo já bem avançado com o Porto de Santos para inserir um pedaço da Área Continental na Poligonal do Porto, fazendo pedaço dela ser parte da área portuária. Isso vai criar um ecossistema diferente aproximando essa atividade da cidade.

Já um segundo ponto, conseguimos, junto à Receita Federal, habilitar o Redex num raio maior e, com isso, a Área Continental voltou a ser atrativa para empresas que fazem esse trabalho de alfândega, de organização, de exportação. Isso para a gente também é muito produtivo, já temos empresas se instalando lá, como a Sigma, por conta dessas mudanças na legislação, nessas adequações de burocracia. Ou seja, é uma área muito promissora e que estamos trabalhando para desenvolver também.

Então, são três eixos. A Área Continental, a construção civil e o desenvolvimento comercial e turístico do eixo Centro-praia.

Quais resultados os totens trouxeram? Houve uma sensação de segurança maior? A população traz esse retorno?

Os totens são ferramentas importantes dentro da política de segurança pública municipal hoje. Ampliamos o número de GCMs na cidade, os armamos. Isso é muito importante dizer. Compramos coletes à prova de balas novas. Quando chegamos, eles estavam vencidos. Os guardas se comunicavam por celular, hoje eles se comunicam por rádios comunicadores integrados ao trânsito, integrados ao Samu. Então, essa política cresceu.

Os totens trouxeram o Centro de Controle Operacional (CCO), um sistema de monitoramento completo. Não é só o totem ali, é a câmera e isso 24 horas gera para a gente, imagens de todo o trecho monitorado da cidade dentro de uma parede gigante.

O totem traz uma sensação de segurança nos locais onde ele é imponente. Mas mais do que isso, ele ajudou a apoiarmos a Polícia Civil na resolução de crimes. A Polícia Civil sempre requisita nossas imagens. Ele nos ajudou junto à Polícia Militar, porque a PM passa 24 horas, assim como a GCM, olhando as imagens dentro da nossa base, coisa que não existia na cidade, e a dar uma resposta mais rápida. Se tem uma ocorrência, e é acionado o totem ou o 153 e 190, conseguimos articular o operacional que está na rua para ele reagir mais rápido.

Acabar com o crime é algo que nem os municípios mais prósperos e desenvolvidos conseguiram fazer até hoje, porque isso é algo inerente da sociedade. No entanto, ajudar a resolver os problemas, trabalhar na prevenção de forma ostensiva com os equipamentos presentes, tudo isso faz parte de uma política de segurança pública municipal que fez a cidade melhorar.

Hoje, percebemos claramente que a orla do Gonzaguinha, por exemplo, toda revitalizada, deixou de ser aquela coisa horrorosa, estava podre, caindo aos pedaços. Com os equipamentos de segurança, com uma presença de rondas ostensivas junto da Guarda Municipal, da Polícia Militar, parece que estamos recuperando a cidade para a gente.

Contudo, se você nunca investiu em política de segurança, e começa a investir, é como se estivesse trabalhando para o agora, mas plantando sementes para resultados futuros. Isso tem acontecido, sentimos que está melhorando, mas tem muito mais a melhorar também, até porque precisamos de uma ajuda maior do governo do Estado.

Cobramos insistentemente um aumento de efetivo da Polícia Militar na cidade, tivemos um recente aumento de efetivo nas cidades vizinhas, faltou o nosso, estamos cobrando isso do governador. Tenho certeza que ele vai nos atender. Queremos um batalhão novo na cidade, então são coisas que temos trabalhado para fortalecer, porque o município apoia a política de segurança, mas o principal é o Governo do Estado.

E em relação à ajuda para o combate às enchentes e também ao desassoreamento dos canais e rios da cidade?

Essa é uma pauta minha à frente do Condesb (Conselho de Desenvolvimento da Região Metropolitana da Baixada Santista). Tenho articulado e trabalhado muito próximo dos técnicos dos nove municípios, dos prefeitos também, mas acho que principalmente dos técnicos, porque existe um programa chamado Programa Rios Vivos, no Governo do Estado.

Esse programa é como se fosse uma grande ata que oferece equipamentos e serviços para desassorear rios e canais. Somos uma região cercada pelo mar, cortada por rios e que sofre muita influência do movimento da maré, então se a maré sobe e os nossos rios e canais estão ali assoreados, cheio de dejetos, de lama, por exemplo, é como se aquele reservatório natural tivesse com a sua capacidade de piscina menor, porque se tem muito dejeto você reduz sua capacidade, seus metros cúbicos disponíveis para a água ficar.  

Então, quando a maré sobe, ocupa o espaço, choveu junto, caos. Temos buscado pleitear junto a esse programa e estamos avançando na burocracia para isso, mas hoje São Vicente tem uma obra de canal muito preciosa que tem transformado uma região. Estou falando do canal do Eduardo Souto, são 700 metros e mais um eixo 18 comportas em sete locais e isso vai fazer com que a gente segure a água da maré para fora. Além disso, conseguir dentro do canal, todo ele refeito, ter um grande reservatório de água para quando a chuva cair, uma coisa não encontrar outra e conseguirmos salvar.

Isso tem mudado a cara do bairro, estamos fazendo essa obra junto com o DAEE (Departamento de Águas e Energia Elétrica) do Governo do Estado, foi uma construção que conseguimos ainda em 2022, obra feita em 2023 e entregando agora em 2024. É uma grande alegria para a gente, porque serve de exemplo. Obra desse tipo resolve o problema de bairro.

Preciso agora dar escala nisso. Se fez essa, precisamos ir para a próxima. Mais dinheiro para resolver agora a Avenida Alcides de Araújo, depois mais dinheiro para resolver México, mais dinheiro para resolver Jockey e assim vamos resolvendo o problema da enchente na cidade.

No seu plano de governo tem menção ao Observatório de Justiça Climática, o que seria isso?

O que a gente tem visto cada vez mais é um cenário de mudanças climáticas muito agressivas no Brasil, no mundo na verdade, tempos intensos onde temos períodos de muito calor e depois aquela avalanche de chuvas que nos assustam, como aconteceu em São Sebastião e se aquele fenômeno da natureza tivesse sido um pouquinho para o lado no oceano, teria acertado a nossa região da Baixada. Então, são situações que muito nos preocupam. Agora, as mudanças climáticas afetam as pessoas de uma forma diferente e essa é a hora onde entra a questão da justiça climática.

As pessoas em regiões mais pobres que moram em encostas, em áreas de risco, são as que mais sofrem muitas vezes com essas mudanças climáticas. É onde o canal vai alagar, o morro vai desmoronar, e ela vai perder a sua casa. Onde o impacto dessas mudanças vai acabar fazendo com que a pessoa possa vir a perder tudo.

Então, esse trabalho de avaliar cada vez mais perto das pessoas que estão em área de risco, buscar essa provisão habitacional para conseguir ir retirando, como a gente conseguiu agora no Governo do Estado, uma boa provisão habitacional para as pessoas que nas franjas dos canais, dos diques, das áreas de risco, isso vai ajudar a enfrentar, a dar mais justiça a esses fenômenos e a essas mudanças climáticas que os municípios têm sofrido.

Como engajar mais a população na tomada de decisão do orçamento e também na construção de novas políticas públicas.

Acho que o primeiro desafio nosso em São Vicente é ter orçamento, de fato, para conseguir fazer investimentos. Nós temos hoje um município onde o orçamento é extremamente comprometido para pagar o salário das pessoas, na sequência, precatórios e dívidas contraídas no passado que tomam da gente entre R$ 8,5 milhões e 10 milhões por mês para manter o serviço de saúde, minimamente de zeladoria e a educação, os serviços básicos funcionando.

Dinheiro para investimento, fora desse quadrado que apresentei, é muito pouco, é raridade. Então, dentro desse cenário, temos ouvido muito as demandas pelas ruas, temos canais de comunicação, recebemos informações na Ouvidoria e vamos buscando desenhar o que precisamos fazer em cada canto da cidade.

Mas, na hora de investir, esse é o grande desafio. Como que a gente faz para acontecer? Até mesmo as obras que têm sido feitas na cidade, buscamos dinheiro fora. É dinheiro do Governo Federal, no Governo Estadual, é emenda de deputado, foi assim que asfaltamos mais de 100 ruas na cidade, assim que criamos políticas como de melhorias em praças e é assim vamos fazer.

Precisamos, sim, está cada vez mais perto ouvindo as pessoas, isso é fundamental, mas também organizar essas contas da cidade, porque para ouvi-los, primeiro precisamos ter esse dinheiro disponível. Então, temos feito esse trabalho de buscar apoio de fora para ir dando voz ao que as pessoas esperam.

O próprio Tribunal de Contas aponta algumas falhas na Ouvidoria. Como melhorar essa comunicação?

Diria que já foi muito pior, hoje temos um sistema de Ouvidoria integrado com o Governo Federal, é o mesmo sistema que o Governo Federal delimita para a gente, temos o espaço no Paço Municipal, telefone, e-mail, a demanda chega, a informação é tratada com qualidade, é destinada às áreas às quais sofrem algum tipo de crítica, sugestão ou reclamação.

Agora, temos o desafio natural de um município pobre, que é conseguir muitas vezes transformar aquele pedido da pessoa numa solução de fato, que é a falta do recurso para fazer. Mas, no geral, as manifestações elas têm sido tratadas dentro do prazo, tem sempre o que melhorar, e estamos aí para isso.

Apesar dos apontamentos do Tribunal de Contas, depois de 11 anos de rejeição de contas de prefeito, fomos a primeira administração que teve as contas aprovadas no ano de 2021. Ainda que cheia de apontamentos que naturalmente são necessários, se tivesse tudo pleno, nem município rico está pleno, imagina um município pobre, mas os próprios conselheiros aprovaram as nossas contas, falando que conseguiam ver pontos de melhoria e dando um crédito para que possamos melhorar ainda mais.

Então estamos trabalhando para isso, melhorar sistemas, veja que quando entramos na prefeitura nem computador para o profissional trabalhar tinha, tivemos que fazer uma troca ampla de computadores para os profissionais trabalharem, que dirá sistema para atender as pessoas, para servir ao cidadão. Tudo isso é um processo feito no tempo, e isso está acontecendo.

Sua família apoia sua candidatura?

Não tenho familiares na política, foi algo que é parte do meu propósito de vida. Aos 17 eu já estava focado em me preparar, e já estava ali, enfim, buscando que faculdade precisava fazer para ser político. Então foi algo muito da minha vida, da minha vontade.

Minha mãe no início se assustava muito com esse tipo de coisa, questionava o que eu fazia, escrevia, pedia para não fazer oposição, pois sempre fui muito combativo. Esse tipo de coisa foi algo que marcou bastante. No entanto, se antes eu era o filho da Pérola, porque ela tinha 40 anos de comércio, hoje ela é a mãe do Kayo. Com muita alegria, hoje não tenho dúvida, todos eles apoiam, e estamos muito felizes.

Contaremos com a sua presença no debate, que acontece em 1º de outubro?

Estaremos à disposição, estando tudo certo, estaremos aqui.

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