Tarcísio diz ver tiros em Paraisópolis como intimidação do crime, mas sem relação eleitoral

Por Carlos Petrocilo/Folha Press em 17/10/2022 às 17:24

Jardiel Carvalho/Folhapress
Jardiel Carvalho/Folhapress

Ao comentar o tiroteio que interrompeu seu compromisso de campanha em Paraisópolis, zona sul da capital, na manhã desta segunda-feira (17), Tarcísio de Freitas (Republicanos) afirmou que foi uma intimidação do crime e disse não acreditar que tenha sido alvo de um atentado.

“Foi um ato de intimidação, um recado claro do crime organizado como ‘a gente não quer você aqui dentro’. É uma questão territorial e não tem nada a ver com a política”, disse o candidato em entrevista na tarde desta segunda.

Pela manhã, no Twitter, o candidato afirmou que ele e sua equipe haviam sido “atacados por criminosos” e que a atuação da Polícia Militar foi brilhante.

Mais cedo nesta tarde, o secretário de Segurança Pública de São Paulo, general João Camilo Pires de Campos, afirmou que seria prematuro falar em atentado e apontou que houve um confronto entre homens em motos e a polícia.
Tarcísio e a sua equipe estavam visitando um projeto social que inaugurou um polo universitário.

“A minha visão é limitada, de quem tava lá dentro, dizer que ocorreu um tiroteio enquanto estávamos lá, não é coincidência”, disse Tarcísio. “Os bandidos notaram a nossa presença ali desde cedo. Quatro motocicletas filmaram a nossa equipe, fizeram perguntas e voltaram armados. Não foi algo corriqueiro, não. Foi um tiroteio enquanto estávamos lá.”

A versão de que sofrera um atentado, fomentada pela sua declaração nas redes, se espalhou na internet e foi replicada por parlamentares bolsonaristas.

A comitiva de Tarcísio não foi ferida. Um homem de 38 anos morreu no tiroteio. Segundo a polícia, ele tinha registro sob suspeita de roubo.

Segundo Campos, as investigações da Polícia Civil não podem ser influenciadas pela publicação do candidato nas redes sociais.

De acordo com o secretário de Segurança, câmeras de segurança de estabelecimentos próximos, imagens de cinegrafistas que acompanhavam a agenda do candidato e de bodycams dos PMs serão usadas nas investigações.

Em entrevista à imprensa, o secretário afirmou que o primeiro confronto se deu com policiais à paisana que faziam a segurança do local onde o candidato estava.

Campos disse que os tiros foram disparados a cerca de 100 metros do local onde estava a campanha. “Foi um ruído com a Polícia Militar”, declarou. Por “ruído”, o secretário explicou que o termo se refere à situação em que “a polícia está em um local onde há um desequilíbrio com quem está no local”.

O coronel Ronaldo Miguel Vieira, comandante-geral da Polícia Militar, detalhou que o tiroteio teve a participação de ao menos oito indivíduos que rondavam o local em motos. Dois deles estavam com armas longas. Uma van escolar foi atingida pelos disparos, mas segundo o coronel, ninguém foi ferido.

A declaração do secretário de que as câmeras dos policiais serão usadas para esclarecer o caso contraria a própria campanha de Tarcísio. O candidato afirmou que irá rever a política, apesar dos números positivos de queda de letalidade.

Tarcísio já afirmou em diversas ocasiões que as câmeras inibem os policiais. Ele chegou a dizer que, se eleito, retiraria o equipamento “com certeza”, mas depois voltou atrás e afirmou que irá ouvir o comando da polícia e especialistas.

O candidato, que tem o apoio do governador Rodrigo Garcia (PSDB) no segundo turno, tem um discurso linha dura na segurança pública, inclusive afirmando que os paulistas não se sentem seguros.

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