SP elege Boulos, mulher de Moro, ministro da 'boiada' e, pela 4ª vez, Tiririca

Por Nathalia Garcia e Ranier Bragon/Folha Press em 02/10/2022 às 23:51

Montagem/Fotos;  Reprodução Instagram, Agência Brasil e Câmara dos Deputados
Montagem/Fotos; Reprodução Instagram, Agência Brasil e Câmara dos Deputados

A bancada paulista na Câmara dos Deputados terá, a partir de fevereiro de 2023, líder de sem-teto, a mulher do ex-juiz Sergio Moro, Rosângela Moro, o humorista Tiririca (PL) -pela quarta vez- e o ministro que falou sobre a necessidade de passar a boiada na flexibilização ambiental.

Quatro anos depois da onda bolsonarista que tomou o país em 2018, os candidatos que apoiam o governo Jair Bolsonaro (PL) voltaram a mostrar força em São Paulo. Três dos quatro mais votados no estado são aliados do presidente.

Coordenador do MTST (Movimento dos Trabalhadores Sem Teto), Guilherme Boulos (PSOL) foi o campeão de votos, com 1.001.453 (4,22%), terminado a corrida eleitoral à frente de Carla Zambelli (PL), Eduardo Bolsonaro (PL) e Ricardo Salles (PL).

Boulos se lançou candidato a deputado federal depois de desistir de disputar o governo de São Paulo em março deste ano. Nas redes sociais, ele afirmou que a decisão foi tomada para fortalecer a esquerda no Congresso Nacional.

Em 2020, foi candidato à Prefeitura de São Paulo e chegou a avançar para o segundo turno das eleições municipais. No entanto, acabou derrotado pelo ex-prefeito Bruno Covas (PSDB).

Em sua primeira disputa eleitoral, a advogada Rosângela Moro (União Brasil), mulher do ex-juiz federal Sergio Moro (União Brasil), garantiu sua vaga na Câmara depois de receber 217.166 votos (0,91% do total).

Duas semanas antes do pleito, o TRE-SP (Tribunal Regional Eleitoral de São Paulo) autorizou a candidatura da mulher de Moro a deputada federal entendendo que ela comprovou seu vínculo com a capital paulista por meio de atividades profissionais. Em junho, a mesma corte rejeitou a mudança de domicílio eleitoral de Moro do Paraná para São Paulo.

Apesar de já ter ameaçado abandonar a política algumas vezes e de ter uma atuação apagada no Legislativo, o comediante Tiririca (PL) assegurou seu quarto mandato consecutivo como deputado federal com 71.752 votos (0,30%).

Na eleição deste ano, apelou para uma paródia da música “O Portão”, de Roberto Carlos, em uma performance na qual usava peruca, paletó azul e imitava os trejeitos do cantor. Embora tenha sido reeleito, Tiririca teve um desempenho muito inferior ao de pleitos anteriores.

Com o slogan “Vote por Tiririca. Pior que tá não fica”, o humorista que ficou famoso com a música “Florentina” foi o mais votado do país em sua primeira eleição, em 2010, com 1.353.820 votos. Quatro anos depois se reelegeu com 1.016.796 votos e ficou na segunda posição no ranking. Em 2018, sua votação caiu para menos da metade, 453.855 (quinto lugar).

O campeão de votos em São Paulo e no Brasil, há quatro anos, foi Eduardo Bolsonaro (na época no PSL), filho do então candidato à Presidência Jair Bolsonaro. Agora, se reelegeu como deputado federal pelo PL com 741.684 votos (3,12%), 1,1 milhão a menos do recorde dos 1.843.735 que registrou em 2018.

Por outro lado, outros aliados bolsonaristas mostraram força. Carla Zambelli contabilizou 946.222 votos (3,99%), mais de 12 vezes os 76.306 que ela somou há quatro anos, quando disputou pela primeira vez um lugar na Câmara dos Deputados na esteira do antipetismo e do bolsonarismo.

Ex-ministro do Meio Ambiente do governo Bolsonaro, Ricardo Salles foi o quarto candidato a deputado federal mais votado em São Paulo (640.908). Ele pediu exoneração do cargo em junho do ano passado em meio a uma investigação da PF sobre um esquema de contrabando de madeira.

Durante sua gestão, o Brasil assistiu ao desmonte de órgãos de fiscalização e gestão e viu o aumento recorde de queimadas e desmatamento. Em abril de 2020, durante reunião ministerial no Palácio do Planalto, Salles sugeriu que o governo aproveitasse que o foco da imprensa estava voltado à pandemia da Covid-19 para “ir passando a boiada” na área ambiental.

Líder do MBL (Movimento Brasil Livre), que ganhou proeminência nos atos que culminaram no impeachment da ex-presidente Dilma Rousseff (PT), Kim Kataguiri foi o quarto deputado federal mais votado há quatro anos (465.310) – na época pelo DEM, que se fundiu ao PSL para formar o União Brasil. Agora, assegurou o seu segundo mandato depois de receber 295.451 votos (1,24%).

Em 2018, na onda de direita que marcou aquelas eleições, São Paulo elegeu também príncipe e astro de filme pornô para integrar a bancada paulista na Câmara dos Deputados.

O ator Alexandre Frota (então no PSL), que havia estrelado filmes pornográficos, tirou proveito da popularidade de Jair Bolsonaro e se elegeu deputado federal há quatro anos, mas acabou rompendo com o presidente e hoje, filiado ao PSDB, é um de seus principais críticos.

Concorreu a deputado estadual em São Paulo neste ano e recebeu 24.223 votos, insuficientes para assumir uma cadeira na Alesp (Assembleia Legislativa de São Paulo).

Estrela do bolsonarismo em 2018, a jornalista Joice Hasselmann (PSDB) rompeu com o presidente da República e também viu minguar seu montante de 1.078.666 de votos (a segunda maior marca daquela disputa) para apenas 13.679 votos. Assim, acabou fora da Câmara dos Deputados no próximo ano.

Descendente da família real brasileira, Luiz Philippe de Orleans e Bragança (hoje no PL) também conseguiu uma cadeira na Câmara dos Deputados pelo PSL em 2018 na onda bolsonarista. Neste ano, garantiu a reeleição com 79.209 votos (0,33%).

Conhecido como “príncipe”, o deputado bolsonarista e monarquista é trineto da Princesa Isabel, tetraneto de dom Pedro 2º e hexaneto de dom João 6º.

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