"Segurança, saúde e educação estão destruídas em Guarujá", enfatiza Raphael Vitiello

Por Santa Portal em 16/08/2024 às 15:00

Sarah Vieira
Sarah Vieira

Candidato a prefeito em Guarujá, Raphael Vitiello (PP) enfatizou que a corrupção destruiu a segurança, saúde e educação no município. Por isso, o vereador eleito em 2016 e reeleito em 2020 defendeu, em entrevista ao Rumos & Desafios, exibida na última quinta-feira (15), que a “forma de fazer política” precisa ser reformulada, citando exemplos de Praia Grande e São Vicente.

Além de sugerir soluções para a reconstrução do “tripé da gestão pública”, o neto do ex-prefeito Raphael Vitiello (1973-1976) falou sobre planos para o turismo, habitação, expansão portuária, entre outros. O progressista tem Fernando Peitola (PRD) como candidato a vice-prefeito, na coligação partidária PP, PRD, Mobiliza, PSDB, Cidadania e Avante.

Assim como Raphael Vitiello, o programa Rumos & Desafios entrevistará, até 12 de setembro, os postulantes às prefeituras das cidades da Baixada Santista, sendo televisionado todas terças e quintas-feiras, às 21h, também com transmissão simultânea no YouTube do Santa Portal. Confira a entrevista na íntegra abaixo.

Seu avô é sua maior inspiração?

Sim, não consegui ter iniciação com o meu avô porque sou o neto mais novo dele. Ele foi prefeito em 1973, antes disso foi vereador por 16 anos consecutivos, foi presidente da Câmara, diretor de turismo, está aí também o gancho que peguei para poder ir para a área, que me apaixonei e trabalho até hoje, mas a política está no sangue, está no DNA.

Depois que ele faleceu, tive que ir buscar sozinho, chegar no meu objetivo, então demorei 12 anos, desde a primeira tentativa para conseguir ser vereador, que nunca foi o meu sonho. Meu sonho é ser prefeito de Guarujá, mas precisava passar por essa experiência, conhecer como é que funciona a máquina de dentro, já conhecia a prefeitura, mas a Câmara achava que seria importante conhecer.

Então, fiz o primeiro mandato em 2016, fui o 12º mais votado, na sequência em 2020, fui o quinto mais votado do município. Tive que parar um pouco antes da eleição porque tive problemas com a covid, perdi familiares, inclusive a minha mãe naquele momento, mas graças a Deus, depois que passou a turbulência, fui eleito com 3.763 votos.

Você falou que seu sonho é ser prefeito, mas acha que a escadinha é essa mesmo? Começar por vereador faz parte do processo?

Tem que aprender como é que funciona a máquina. Nós tivemos algumas experiências em Guarujá, tinha gente que chegou na prefeitura e não entendia como é que funcionava a Câmara.

É extremamente importante hoje eu sair da Câmara e saber como é que funciona essa ferramenta, saber como lidar com o vereador, como o vereador pensa, como é que é o funcionamento. Se não tiver equilíbrio entre esses dois poderes, não tem como a cidade avançar. Não adianta. Você não vai ver nenhuma cidade que o Executivo está bem e a Câmara está mal ou vice-versa.

Se não houver equilíbrio entre os dois poderes, não há uma cidade saudável. Então, passei pela Câmara, independente do que acontecer, 31 de dezembro, encerro meu ciclo, não tenho a mínima pretensão de voltar, mas estou trabalhando para ser o prefeito de Guarujá.

Sobre essa experiência no Legislativo, você já passou por várias situações, como pedidos de processo de impeachment contra perfeito, investigação contra prefeitos que foram depor na Câmara. Como que foi isso?

O primeiro mandato é como se pulasse num ônibus lotado com tudo acontecendo. Então, quem entra de marinheiro de primeira viagem, se bem que eu conhecia um pouco a máquina, é muito difícil. Quando você vai pegando o traquejo, vem reeleição.

Contudo, naquele momento, nós instituímos as emendas impositivas, onde está também uma vocação, uma paixão que adquiri, que foi o terceiro setor, por conta do CRPI (Centro de Recuperação de Paralisia Infantil e Cerebral). Então, trabalhei muito o terceiro setor, projetos socioesportivos, socioculturais, educacionais e a parte das crianças especiais, que são os deficientes, que me voltei para essa direção, que falta muito ainda. Guarujá ainda está muito atrasado em relação a essa questão.

No entanto, foi um mandato de muito aprendizado. Nós pegamos no início de 2020, a pandemia. Foi difícil para o mundo inteiro, não foi só para nós. Tiveram governos que acabaram se perdendo, não conseguiram reeleição e estávamos na rua trabalhando. Então, imagina o candidato que queria tentar conhecer a máquina, chegar e trabalhar praticamente 24 horas, online ou não, ou falando com o nosso eleitor e consegui ser reeleito com uma boa margem de votos.

Já no segundo mandato, foram dois anos que praticamente vi perdido. Quando voltou à normalidade, já estávamos preparando para a reeleição. Então, tem dois anos que estou me preparando para ser prefeito de Guarujá.

Foi uma experiência muito boa. Essa questão de impeachment, essas questões polêmicas que acontecem na Câmara. Digo sempre, se não está preparado, não saia candidato. Se não quer ver polêmica, se não quer ser atacado, não quer entrar em nenhum problema, não seja político. Porque não tem jeito.

Para ganhar a eleição, você não vai agradar todos. Para fazer parte da política, sempre vai ter alguém que pensa como você, outros não. Isso é saudável, isso faz parte do mundo político.

Então, tranquilamente, segui o meu caminho, respeito quem ficou, quem votou favorável. Votei contra, pelos meus princípios. Como falei, perdi mãe, avó e tia pra Covid. Isso foi no dia da eleição, enterrei uma na segunda, uma na terça e uma na quarta-feira.

Naquele momento, senti que precisava caminhar sozinho, não precisava pedir para ninguém me acompanhar. Tinha que tomar aquela decisão e fui para a oposição e fui o primeiro secretário que leu todos aqueles volumes que vocês devem ter acompanhado. Enfim, estou muito tranquilo em relação a isso. Votei também com tranquilidade e estou disponível para tentar fazer totalmente diferente do que foi feito nesse governo.

Qual é o maior desafio que você acha hoje no cargo executivo para quem o ocupa?

Temos que estancar a corrupção. Se não for estancada a corrupção, não conseguimos avançar. A corrupção vem destruindo toda a cadeia. Hoje, por exemplo, o tripé da gestão pública, segurança, saúde e educação, está destruído em Guarujá.

Antes, vindo para cá, encontrei um amigo e ele falou que a segurança em Guarujá está ruim. Precisamos restabelecer isso para o munícipe e para atrairmos o turista de volta. O proprietário de imóveis que vinha, que frequentava a cidade, que girava o dinheiro aqui, fazia aquele turismo saudável, precisamos resgatá-los. A partir daí, conseguimos restabelecer as outras áreas do município.

Você vê alguma referência de setor, de alguma prefeitura que adotou práticas anticorrupção que podem ser servir de inspiração para o Guarujá?

Praia Grande teve um passado muito parecido com o que o Guarujá está vivendo hoje. Teve que reformular, repensar na forma de fazer política. É o que o Guarujá precisa ter hoje. Se não pensarmos diferente, sair da bolha, nunca vamos sair da situação atual.

São Vicente é um exemplo. Furaram a bolha lá. Estão fazendo uma política completamente diferente do que era antigamente. É o que o Guarujá precisa hoje. Restabelecer alguns critérios, ter transparência, o político andar mais na rua, tocar mais na população. Saber exatamente o que está acontecendo. Não dá para dependermos de internet e fazermos uma política fictícia.

As pessoas estão sofrendo na carne. É o cidadão que quer dar um futuro melhor para o filho que ele não teve. Dar uma qualificação profissional, ter oportunidade, conseguir de repente iniciar o filho numa universidade pública que nós não temos em Guarujá. Dar o que ele não teve ao longo desses anos. É isso que temos que pensar para uma cidade diferente.

Fomentar esporte, lazer, entretenimento está na Constituição. É uma obrigação do Executivo fazer isso. Não é um favor que estamos fazendo. Temos que parar de ver o político como ídolo. Ele está lá para fazer exatamente o que é necessário. Tem uma cartilha a ser seguida. Os impostos que são pagos têm que ser devolvidos em benefício. É isso que temos que fazer. Em Guarujá, no caso, o mínimo, hoje, é o essencial.

Sua formação é turismo e Guarujá é uma cidade turística, mas muito do glamour que a gente viu no passado se perdeu justamente por conta da violência. Como mudar esse cenário? Como atrair investimentos e fazer com que o Guarujá seja visto de uma forma diferente?

Primeiro, restabelecer a segurança pública. O Guarujá precisa de ordem pública. Se você hoje entrar em Guarujá, você vê que está bagunçado. Não tem segurança. Você vai em qualquer local e falam, ‘não usa brinco, não usa corrente’. Quem é que vai para uma cidade assim? A própria mídia em São Paulo falando, ‘não vá para o Guarujá’. Olha a situação que nós estamos.

Então, para poder voltar a ter tranquilidade, atrair o turista, o proprietário de imóveis, que são muitos, precisa ter segurança. Ao reestabelecer isso, conseguimos voltar a fazer com que a cidade caminhe com mais tranquilidade em todas as áreas, em todos os aspectos.

A saúde está dilacerada por conta de questões políticas que acabaram a destruindo. Isso vai se refletindo no restante dos segmentos da cidade. Então, para podermos reestabelecer o turista, não sei se aquele da ‘Pérola do Atlântico’ que vinha para cá, o turista milionário, rico, mas precisamos trazer um turista que faça com que o dinheiro gire na cidade.

Assim, o investidor pode acreditar novamente. ‘Poxa, vou botar meu dinheiro em Guarujá, vou gerar emprego e renda lá’. O Guarujá tem que se abrir para o investidor, para o investimento. Não dificultar. Hoje, abrir uma empresa na cidade é quase que impossível. Estamos com um sistema arcaico, tem que investir em tecnologia, facilitar para quem quer colocar dinheiro aqui conseguir vir com tranquilidade e a prefeitura ser um órgão facilitador e não que dificulte essa vinda.

E essa melhoria na segurança passa por mais investimentos em tecnologia, reforçar a Guarda Municipal?

Exatamente. Hoje temos 462 policiais militares, já é um reforço que o governo implementou agora recentemente por tudo o que aconteceu na cidade. A nossa Guarda Municipal sempre foi referência na Baixada Santista. Ela treinava outras guardas.

Atualmente, temos 376 agentes de Guarda Municipal para uma cidade de 142 quilômetros. É humanamente impossível tomar conta com essa quantidade. Então nós precisamos de um efetivo maior. Precisamos dar apoio à Polícia Militar, mas principalmente investir em tecnologia.  Se não conseguirmos fazer um cerco digital, reconhecimento facial, uma fiscalização rigorosa de entrada e saída do município, não vamos conseguir vencer essa guerra.

Toda cidade que investiu em tecnologia conseguiu reduzir os índices de criminalidade. O Guarujá não pode ser diferente. A ordem pública passa por segurança através da Polícia Militar, Guarda Municipal, reforço de equipamento e investimento em tecnologia.

Zeladoria também nessa questão da segurança, certo?

Zeladoria através de iluminação. Hoje já temos parte do Guarujá com iluminação de LED, não é mais vapor de sódio, mas temos que potencializar, colocar em mais bairros a poda de árvore. Parece uma besteira, as pessoas acham que não, mas precisa de poda de árvore nos locais que ficam tapando a iluminação também.

Então a zeladoria, de uma forma geral, dá um aspecto diferente para a cidade, não só em beleza, mas também de tranquilidade. A zeladoria é extremamente importante para que voltamos a investir.

Você é um apaixonado pelo terceiro setor, que tem iniciativas que, na maioria das vezes, são um buraco deixado pelo poder público. Como trabalhar em parceria?

Hoje quem faz esse fomento são os vereadores, basicamente, por conta das emendas impositivas. A minha passagem no CRPI foi até curiosa. Creio muito em Deus e teve algum propósito para eu estar lá naquele momento. ‘Quando eu te honrar, depois você volta e ajuda’. Foi exatamente o que fiz, só que me apaixonei e fui buscar outros segmentos.

Muita gente acha que o terceiro setor é só saúde. Não é. Trabalho muito com ONGs. Cheguei a aportar verba pública para quase 40 ONGs, inclusive o CRPI. Já mandei um pouco mais de R$ 500 mil de verba minha, de gabinete, para manter o CRPI. O centro era uma referência na Baixada Santista, entre outros.

Trabalhamos também com área esportiva e cultural. Tenho um projeto de contação de histórias nos morros de Guarujá. Tenho uma amiga minha que tem uma entidade que conta a história, dá livros para as crianças, porque tudo hoje é no celular. Então queríamos levar essa cultura da leitura para quem não teve oportunidade.

Também tenho algumas entidades que ajudo através de emenda, por exemplo, de mulheres em vulnerabilidade social, que querem sair da situação da violência doméstica e querem ressocializar. Tem um trabalho muito bacana em relação a isso.

Sobre a covid-19, quis investir também em um projeto, onde foi feito um curta-metragem de jovens que pós-pandemia tentaram suicídio. Mandei uma verba para poder fazer o Setembro Amarelo e assim fizemos a produção com alunos de escola pública, foi muito bacana. Fui lá assistir na estreia, um garoto até veio falar comigo e a mãe falou, ‘obrigado, porque o meu filho estava pensando em se suicidar’.

Então vemos que se o dinheiro chegar onde é necessário, conseguimos transformar a vida das pessoas. É tão pouco. As associações em que trabalhei só mostraram que se o dinheiro chega no local certo, as coisas acontecem. Gerar oportunidade através do esporte, da saúde, do entretenimento. É isso que temos que fazer. Portanto, a minha paixão pelo terceiro setor iniciou no CRPI, mas consegui expandir com diversas outras áreas através das minhas emendas.

Para fomentar a economia do Guarujá, você falou um pouco sobre o turismo, mas também tem a questão portuária. Como trazer mais empresas tanto para a área turística como também para a portuária?

Temos 90 anos de emancipação político-administrativa de Guarujá. Quando passamos de Guarujá para Vicente de Carvalho, sempre ignoramos o porto. É como se ele não existisse para o nosso lado. Agora chegou a hora de retomarmos o que é nosso.

Tem um porto do lado do Guarujá, não é só a margem esquerda de Santos. É o porto de Guarujá. Temos que reivindicar isso para nós. Não temos posto alfandegário em Guarujá, mas Santos tem. Então acontece que o navio atraca do nosso lado, 75% fica para Santos, 25% para o Guarujá. Tem que brigar para isso. Preciso ter deputado na cidade, preciso ir brigar em Brasília para ter esse posto aqui na cidade, fazer parceria.

Hoje o porto só cresce para o nosso lado. A maior expansão portuária do Porto de Santos vai acontecer em Guarujá. A cidade tem que estar preparada. Não só para essa expansão, para geração de emprego e renda. Temos que capacitar os nossos para esse mercado. Há uma limitação de escolas. Temos o Primeiro de Maio, a Etec, mas precisamos ampliar esse atendimento para formar jovens, pessoas para estarem aptos a disputar essas vagas.

Porto, aeroporto, retroporto, que também é uma área que ainda está em plena expansão e está sendo desbravada. A partir do momento em que isso for feito na cidade, que despertar para o investidor, tenho certeza, já busquei informações da prefeitura, a estimativa com essa expansão portuária, retroportuária e a vinda do aeroporto, o ISS vai superar o Guarujá daqui três, quatro anos.

Os dez próximos anos de Guarujá, se fizermos direito, vão ser de uma grande expansão comercial, investimento, dinheiro limpo entrando na cidade. Assim como Porto fez parceria com Santos, nós queremos também essa parceria para o Guarujá, para o desenvolvimento da cidade.

Você falou em qualificação profissional, até por conta dessa expansão toda que está por vir, qual é a sua avaliação do ensino público em Guarujá?

Na época em que eu estudava na escola pública era maravilhoso. Hoje chegou ao ponto de não ter merenda para dar para as crianças. Então, se não tem nem alimento, imagina o restante. Escolas sucateadas, professor desmotivado. O aluno, se tiver uma frequência, já passa de ano. Temos que mudar essa metodologia. Não dá mais para aceitar algumas coisas como estão acontecendo.

Só esse ano, do bruto, foram quase R$ 672 milhões de repasse para a educação de Guarujá. Não dá para admitir, não tem uma construção de uma escola, não tem uma construção de creche. Deixarmos o Primeiro de Maio, que é um local de qualificação profissional, é uma escola municipal técnica, que quando os alunos se formam, o Porto vem e leva. Tem muitos profissionais que estão 30, 40 anos no Porto de Santos, que são oriundos do Primeiro de Maio.

Tive esses dias no terminal do Embraporte, que é um dos maiores terminais do país, quem sabe do mundo, quando fui recebido por um cara de Guarujá, que fez Camps, Primeiro de Maio e hoje toma conta de mais de 500 pessoas, fala inúmeras línguas. Então, se der a oportunidade, qualificar, consigo colocar os meus em condição de disputa das melhores vagas.

Então, precisamos investir mais no ensino, desde a base, investir em ensino técnico, precisamos ter um Senac em Guarujá, um Senai e uma Fatec. Tem um Senac em Bertioga, que é muito menor do que nós, com um orçamento muito menor.

Não é possível que uma cidade do tamanho que o Guarujá tem hoje tenha uma Etec, e a gente não tenha ainda uma faculdade técnica para oferecer para os nossos. Ou seja, só quem vai poder estudar, ter direito a estudar, quem tem condição. Quem não tem condição, se vira, vai para fora da cidade? A gente tem que assumir essa responsabilidade também e trazer uma Fatec, assim como São Vicente trouxe agora também recentemente.

Vitiello, Guarujá tem uma grande quantidade de pessoas morando em palafitas. Como você vê para resolver essa situação?

É um problema histórico, virou crônico em Guarujá, porque isso no passado era uma troca política. Quando um político não conseguia chegar no eleitor dele mais, por conta de rejeição, era feita uma troca de áreas. Então o Guarujá teve um crescimento desordenado. Só que lá atrás não havia uma política habitacional para prever isso.

Hoje você vê que os ODS (Objetivos de Desenvolvimento Sustentável) fazem uma previsão até 2030 para se adequarmos em diversas áreas. A questão habitacional nunca foi pensada. Então sempre que construímos era porque alguma coisa estava acontecendo. Um exemplo, uma área que não tem mais condição, uma área sub-humana e precisa retirar aquele pessoal e só então se pensa em construir.

Hoje não. Atualmente, Guarujá está fazendo uma quantidade de apartamentos e de habitações sociais em grande escala para suprir essa necessidade. Só que ficou tanto tempo parado que não conseguimos suprir esse déficit. Contudo, acredito que deveríamos ter cada mandato um X de moradias, isso podendo custar, inclusive, reeleição.

Não é justo fazermos com que a cidade cresça de forma desordenada e não ter onde colocar essas pessoas. Hoje há uma política habitacional, tem alguns CDHU, tem outros programas que estão acontecendo em Guarujá, mas ainda não é o suficiente. Precisamos fazer muito mais para suprirmos a nossa necessidade, que ainda é muito grande.

A área da saúde também tem suas necessidades hoje?

Sim. A saúde do Guarujá, por conta de tudo o que aconteceu ficou destruída. Creio que precisamos expandir o atendimento das Usafas. Guarujá cresceu demais. A Unidade de Saúde da Família trabalha com prevenção. Quanto mais eu previno, menos eu preciso de leito hospitalar. E todo mundo sabe que temos um hospital regional, não temos um hospital público.

É uma briga que quero ter, quero fazer parcerias, PPPs, justamente para que possamos ter um equipamento que possa suprir as demandas de Guarujá. Tem o PAM da rodoviária, que foi o único legado positivo que ficou da Covid-19, com 80 leitos. Precisamos brigar com o Ministério da Saúde para trazer um hospital SUS dentro daquele equipamento, que possa suprir tanto o Vicente Carvalho quanto o Guarujá.

No entanto, não dá para parar por aí. Então, precisamos atuar mais na prevenção através de Usafas. Foram construídos dois bairros nesses núcleos habitacionais novos e, por outro lado, foi construída uma Unidade de Saúde. Então, precisamos expandir o atendimento dessas Usafas, fazer os hospitais necessários para o município e, consequentemente, restabelecer a saúde através disso.

Poderia se aproveitar melhor o Hospital Santo Amaro para atender essas necessidades?

Acredito que não. O Hospital Santo Amaro já está no limite dele. Hoje tem um percentual de SUS e outros três hospitais lá dentro. Então, não podemos mais depender do Santo Amaro. Em Santos são 11 hospitais, enquanto Guarujá tem um. Não tem mais condição. Uma cidade com 320 mil habitantes.

Quando falo pensar fora da casinha, é isso. Ousar um pouco mais. Se um não consegue fazer, que deixe projetado para o próximo. É isso que aconteceu em Santos. Teve um governo no passado que a cidade não estava boa e o governo que chegou estancou e deixou uma cidade melhor para o outro. É isso que a gente espera para o desenvolvimento sustentável de uma cidade.

Isso não aconteceu em Guarujá. É um governo que vem vindo pior do que o outro. Não estou falando só desse, não. São 30 anos que isso está acontecendo na cidade. Então, é necessário pensar um pouquinho fora da casinha. Senão, a gente não vai sair dessa realidade. Pintar guia e sarjeta, só trocar lâmpada, não vai resolver o Guarujá.

Você tem uma história na política, seu avô foi prefeito. Para a sua família, é fácil lidar com o Raphael político ou não?

Não, porque tenho que estar muito tempo na rua. Sou casado, tenho uma filha de 15 anos. Nós vivemos o Guarujá, nós temos amigos. Não sou um cara que fica enclausurado. Eu vivo a cidade. Olho as pessoas nos olhos.

As minhas atitudes políticas me deixam tranquilo de olhar as pessoas nos olhos e frequentar os locais do Guarujá. Não pretendo sair de lá. Hoje, tenho uma missão e estou passando o processo do meu propósito. É isso que estou fazendo exatamente. Se vocês soubessem o quanto já pedi para Deus que se não fosse esse o meu caminho, que me tirasse.

Contudo, sempre acontece algo na minha vida que me mostra que o caminho tem que ser esse. E se tem que ser, estou seguindo. Independentemente do resultado, Deus quer que eu siga dessa forma.

A minha família acompanha. Porque ela sabe o amor que faço isso. Se é sair de casa para fazer o que você não gosta, não saia, não faça. Saio todos os dias para fazer o que amo. Não é só falar, é amar através de atitudes. É amar participar do desenvolvimento, da transformação. Estou falando que vou ser candidato a prefeito há muito tempo atrás.

Assumi o risco, assumi que vou tomar pancada, que sei que muita gente vai gostar e muita gente vai desaprovar, mas a minha família sofre junto. É muito difícil para eles, mas minha família sempre esteve do meu lado, sempre me apoiou. E se eles não aprovassem, garanto para vocês que não estaria nisso.

Quero fazer o que for de melhor, mostrar para as pessoas que dá para fazer uma política séria, com responsabilidade com o dinheiro público e com as pessoas. Muita gente julga pela aparência, sem conhecer. O que quero é que a população procure saber quem sou eu. Vocês vão ver a história do meu avô, o passado da minha família e a curta história que estou construindo ainda, e tem muito mais por vir, tenho certeza. Estamos num momento extremamente importante de Guarujá e quero ser essa chave, essa peça de transformação da minha cidade.

Vem para o debate em 26 de setembro?

Vou estar aqui, firme e forte.

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