“O maior desafio em Guarujá é a corrupção”, analisa Ronald Nicolaci

Por Santa Portal em 14/08/2024 às 15:00

Sarah Vieira
Sarah Vieira

Candidato a prefeito de Guarujá, Ronald Nicolaci (PL) enfatizou que o combate à corrupção será o maior desafio do próximo chefe do Executivo da cidade, em entrevista ao Rumos & Desafios, exibida na última terça-feira (13). Além disso, o oficial da Polícia Militar (PM) apontou que carências no sistema de monitoramento e na zeladoria deixam a segurança pública municipal defasada e, consequentemente, afastam a chegada de investidores e turistas.

Com passagens por diversas secretarias e três vezes eleito como vereador, Nicolaci terá Waldyr Tamburus (Republicanos) como candidato a vice-prefeito. Aliás, em sua coligação partidária estão PL e Republicanos, partidos do ex-presidente da República, Jair Bolsonaro, e do atual governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas, respectivamente, políticos que inspiram o policial militar.

Assim como Ronald Nicolaci, o programa Rumos & Desafios entrevistará, até 12 de setembro, os candidatos às prefeituras das cidades da Baixada Santista, sendo televisionado todas terças e quintas-feiras, às 21h, também com transmissão simultânea no YouTube do Santa Portal. Confira a entrevista na íntegra abaixo.

Para a gente começar esse bate-papo, como a sua formação profissional auxiliou nos cargos públicos que você ocupou?

Iniciei na causa pública, aos 18 anos, quando entrei na Escola de Formação de Policiais. Aliás, já vim de uma família militar. Meu avô, bisavô, já eram tudo oficial da Polícia Militar e eu, meu irmão, nós viemos nessa batalha desde cedo. Saí tenente novo, 22 anos de idade, e comecei a fazer cursos e me preparar. Tive uma vida toda preparada para a causa pública. Não sei fazer outra coisa a não ser trabalhar em prol da sociedade.

Depois, nessa minha caminhada, fui ser comandante do pelotão de Rota lá em São Paulo e escolhi morar no Guarujá, em 1997. Eu já tinha casa no Guarujá e quando estava na Rota, nasceram minhas duas filhas, naquela época era Aqui Agora, Cidade Alerta, era bem emocionante, vamos dizer assim. Saía para trabalhar, chegava em casa e minha mulher estava chorando, grávida, que já fica mais sentimental, com um bebê pequeno, porque nos assistia no combate, no conflito todo dia.

Portanto, resolvi e tinha vontade de morar no Guarujá, onde passava o final de semana, então acabei descendo e fui comandar a cidade, fiquei um ano ainda subindo na Rota e descendo, mas depois consegui a transferência. Vivi no Guarujá, cresci minhas filhas lá, minha filha tinha um mês quando me mudei.

Você foi em busca de qualidade de vida?

O Guarujá é um paraíso. Amamos aquela cidade e desde jovem sempre gostei de morar e tinha esse sonho. Hoje moro no Guarujá e no lugar que queria morar, que é na Praia do Guaiúba. Então, fiz essa minha vida, decisões, escolhas e criei a minha família toda lá, com minha mãe, meu irmão, e acabamos fazendo a vida e sendo integrantes da sociedade do Guarujá.

Em um determinado momento que eu era comandante, fui convidado para ser comandante da Guarda Municipal, eu era oficial da ativa. Foi a primeira vez que, após 20 anos de corporação, acabei me afastando por um período, fiquei dois anos à disposição do Governo Municipal e comandei a Guarda, onde tive uma relação maior com a sociedade civil e acabei participando de vários projetos, ações, realizações e me transformei em um cara mais politizado, mais envolvido com a sociedade.

Então saí daquele Nicolaci que veio da Rota, de combate ao crime pesado, e comecei a interagir com a comunidade de uma maneira muito legal, com muito resultado positivo e acabei sendo convidado para ser candidato a vereador em 2008 e ganhei a eleição. Fui o primeiro oficial do Estado de São Paulo a ganhar uma eleição na ativa, depois veio o Major Olímpio.

Comecei a me desenvolver na área política e comecei a fazer uns trabalhos. Como sou especialista em segurança, a minha formação toda é na área de segurança, apesar de ser bacharel em Direito também, mas sempre para o lado mais criminal. Passei a trabalhar na área social como político, como vereador e tive uma relação diferente com essa sociedade.

Passei a enxergar a segurança nas partes dela e a causa da segurança, chegar perto da causa, porque o que a polícia combate é o efeito, o efeito da falta de oportunidade, da falta de dedicação de famílias, da estruturação familiar, do tráfico de droga influenciando direto naquele meio, na periferia. Então comecei a conhecer isso e a montar projetos tentando diminuir as causas da violência, que é tirando essa criança, dando oportunidade e montamos alguns projetos.

Um importante foi a recuperação de drogados, um trabalho de recuperação de pessoas com dependência química, que é um mal que assola a nossa sociedade, é o mal do século que as famílias todas que têm isso em casa sofrem muito. A maior é essa maldição do crack, que a pessoa perde todo o discernimento dela. Além disso, trabalhei na cidade social, criei cinema nos bairros, levando Disney na comunidade, que acaba não tendo essa relação, só vê violência, e foi caminhando, fui interagindo com isso.

Com isso, entrei no segundo mandato, terceiro. Nesse período fui me amadurecendo na área da sociedade civil, participando de entidades, associações. Me envolvi, foi uma coisa que parece uma construção natural, como ‘você nasceu para isso’, até o dia que fui convidado para ser secretário, algo que faltava na minha carreira. Vinha com uma carreira toda legislativa, presidente da Câmara combativo, tivemos aquele processo da merenda, da prefeitura, da história da melancia.

Desculpe te interromper, mas justamente sobre isso, porque naquele momento a Câmara de Guarujá era muito atrelada ao governo Maria Antonieta e teve um protagonismo muito grande. Você, como presidente do Legislativo, deu todo o material para que houvesse aquela investigação. Queria que falasse um pouco disso.

Esse episódio foi muito importante, porque não é porque a gente entrou num poder que temos uma retidão no trabalho, uma coerência nas nossas ações, porque nós também somos ignorantes, no sentido de botar pressão, não.

Era presidente da Câmara e recebi diversas reclamações na merenda dos próprios funcionários, e nós começamos a comunicar à prefeita, como um alerta, porque o prefeito não dá para saber de tudo também. No entanto, como ficou protelando as medidas que tinham que ser feitas, chegou uma hora que nós botamos no processo e abrimos uma comissão para investigar, que é de cassação.

Então começou aquele trabalho todo, que durou vários dias, tivemos brigas na Justiça, quase fui preso, desobedeci ordem judicial, porque tinha um entendimento que tinha que parar a sessão, mas como é que pode, na harmonia dos poderes, separar de uma sessão da Câmara legítima de homens eleitos para isso? Houve uma discussão tremenda.

Então acho que aquilo levou o pensamento que sempre tive, que uma sociedade só cresce quando tem um Legislativo totalmente apartado do Executivo no sentido de relação de subordinação. Não pode ter uma Câmara subordinada a um prefeito. Pode ter uma Câmara parceira de um prefeito, discutindo os mesmos problemas a serem resolvidas, mas não sendo submissa. Nós temos um histórico das ‘Câmaras de Submissão’, e foi onde que criei um caminho, tomamos um protagonismo na Baixada inteira, de mostrar que a Câmara não era submissa, que a gente tinha nosso pensamento, discutia nossas vontades, o melhor para a cidade

Acho que foi importante. A população começou a enxergar a Câmara realmente, o que ela deveria ser, o que ela tem que ser. Acredito que todo prefeito não pode querer criar essa relação de submissão. Isso é ruim para todo mundo, tanto para a sociedade quanto para os órgãos. Então acho que esse é um caminho bem importante para ser seguido. A relação separada, realmente harmônica. O prefeito conseguir fazer isso, com certeza o seu povo vai viver mais alegre.

Guarujá tem um problema sério de insegurança, vemos infelizmente notícias quase que semanais quando não diárias. Qual é a sua análise da cidade hoje nessa questão? Zeladoria e segurança caminham juntas?

É, a segurança, lógico, quando fala-se de segurança criminal é uma coisa, mas quando fala-se de segurança entra zeladoria, entra iluminação, buraco e tudo que possa criar algum ofendículo contra o cidadão. Tudo vira segurança, como salvamento no mar, por exemplo. Acho que o Guarujá, não é que eu acho, as pesquisas estão falando isso e eu já comandei Cubatão, Bertioga, Praia Grande, São Bernardo, São Caetano, interinamente em função de capitão, então tenho uma relação com o Guarujá que entendo bem.

O Guarujá é tão importante no processo nacional que tudo que acontece lá se transforma muito maior do que é, então se aconteceu no Guarujá aparece. Isso já tem uma relação natural, tem um glamour que acaba virando qualquer coisa muito maior do que é, mas ultimamente a inação dos últimos governos, foi deixando sucateado o sistema de segurança. Quando estou falando isso, me refiro ao sistema eletrônico, o sistema digital, de informação, de câmeras, de centrais de operações, tudo isso foi sendo desarticulado.

No último caso que tive no Guarujá, que fui ver no monitoramento o que estava funcionando, de 200 câmaras tinha uma funcionando. Então como você vai falar de segurança no dia de hoje, se tem uma câmera no sistema funcionando. Para fazer um sistema de segurança pública em qualquer lugar do mundo, essa parte da tecnologia é fundamental.

Quantos homens precisa a menos quando tem uma câmera monitorando, patrulhando? Ainda mais com a inteligência artificial que tem hoje, que a própria câmera pega um movimento suspeito e te avisa. O patrulheiro que está patrulhando, no joystick, ela avisa ele, e dá sinais de coisas que estão acontecendo. E tem que ter pronta resposta.

A sociedade, em pesquisa feita por mim, inclusive quando eu era comandante da guarda, e não tenho certeza que não mudou isso, quer homem perto dela. Se você perguntar assim, ‘o que você quer para melhorar a sua situação?’, eles vão responder: ‘quero um policial na minha porta’. Então tem que casar essa tecnologia toda de observação com pontos estratégicos, seja com viatura, moto ou quadriciclo. Com qualquer mecanismo de locomoção, tem que fazer a ostensividade daquilo, criando a prevenção.

Quando falo isso, a gente não vende segurança, mas sim a sensação de segurança, porque quando temos um tipo de marginal, quando ele é preparado para um crime, então ele fala, ‘vou sequestrar a Luciana, ela é a âncora do jornal, deve estar bonita no dinheiro, vou sequestrá-la’, esquece que ele vai te sequestrar. Porque ele vai fazer planos para isso, vai pegar teu melhor horário, tua fraqueza, onde você entra e sai.

Contudo, a maioria dos crimes é de menor potencial, é o ladrão de oportunidade, que viu a senhorazinha andando na rua no escuro, aquela menina com a corrente, aquele cara com o celular na mão passando. Então quando focamos nesse bandido, nesse tipo de meliante, a prevenção funciona muito, e a repressão é imediata. O que é repressão imediata? É quando aconteceu e prendeu. Quando tem um jornal noticiando o crime, mas foi preso o marginal, a cidade se torna segura, se torna a sensação de segurança, e vende-se cidade de praia, cidade turística, que é uma das maiores vocações do Guarujá, além da portuária.

Olha quanto é importante isso. Nós temos uma cidade que hoje se tivesse uma vocação ainda educacional, de faculdades, universidades, muitos pais têm os filhos em outras cidades do interior e não mandam para o Guarujá estudar por medo da violência. Olha o que é a violência, essa sensação de não segurança transforma a nossa cidade, quantos empregos, renda, geração, oportunidades deixam de acontecer pela segurança.

Acho que o gestor que assumir essa pasta, que for eleito para isso, tem que pensar isso como uma das coisas mais importantes da cidade, para resgatar esse valor, esse glamour e trazer de volta esse público que vai na nossa cidade e deixa o seu dinheiro, que vai na padaria, quem faz a unha, vai lá na ponta da linha. É um ciclo econômico que acaba andando, deixando uma cidade mais feliz, com mais oportunidades.

Sobre a questão do resgate turístico de Guarujá, o que de fato precisa ser feito, porque a gente vê que às vezes, a cidade não está tão atrativa para investidores, estão revitalizando alguns pontos turísticos, mas isso é suficiente? O que precisa ser feito a mais?

Então, a segurança é o número um, temos que focar realmente em criar como meta, base, estratégia, ação e mudar esse conceito geral. A mídia tem que olhar para o Guarujá e falar, ‘nossa, Guarujá é um lugar ótimo de se ir’, o povo do interior de São Paulo, do Rio, tem que olhar para o Guarujá e falar, ‘posso ir lá, que vou me divertir e vou ser seguro’. Ao conseguir isso, tem que começar a focar nas empresas, porque vindo gente querendo comprar, tendo mercado, o construtor quer construir, o comerciante quer abrir o mercado.

Nós temos que facilitar essa construção, esse mercado, como é que se faz isso? Ou com incentivo fiscal ou com desblocar direção, que tem que ter, hoje não dá para pegar processo, pegar fila. Tinha um construtor que estava conversando comigo e ele demorou seis anos para aprovar um projeto. Quantas pessoas ficaram desempregadas? Quanto a loja deixou de vender, cimento, areia, pedra? É todo um ciclo, então isso tem que ser desblocatizado, parar de botar o homem no meio do processo, criando dificuldades e começar a vender facilidades.

A relação tem que ser rápida e direta. O governo tem que mandar e fiscalizar, você abriu sua empresa, o governo fiscaliza, mas já está aberto, funcionando, fazendo renda, pagando imposto. É isso que tem que fazer, é uma ação rápida, são cidades tecnológicas, digitais, hoje tem vários modelos, como Maringá. Não dá mais para viver atrasado, viver no passado, pensando no meu umbigo. Temos que pensar realmente em uma cidade pujante, com terreno para crescer, fazendo agora a ligação seca, que está andando essa conversa muito importante. Imagina o que vai acontecer na região, imagina os condomínios de Bertioga, os condomínios fechados do Guarujá, o que vai a gente querer morar lá?

Porque a travessia, tem que sair de casa uma hora e meia antes para chegar, se não se atrasar ainda. Agora imagina quando tiver isso vai e volta. Todo mundo sai de São Paulo vai morar no condomínio hoje e volta.  Imagina o crescimento dessa ligação seca, que vai ser para essa outra área, porque Santos também está ficando apertada, já está começando a chegar em um lugar que não dá mais. Então vai expandir essa vida, vai expandir essa economia para toda essa região, vai crescer com tudo isso. Além do aeroporto se estabelecendo, mas não estou vendo ninguém preparar gente para isso, porque toda vez que traz oportunidade, tem que preparar mão de obra.

Você acha que é uma omissão por parte da Prefeitura?

Não sei se é uma omissão, é falta de enxergar. Não quero pensar que as pessoas sentam numa cadeira e querem o mal da cidade, não dá para pensar isso, pode ser que ela erra, não tenha a competência, mas não posso pensar que quer o mal. Então acho que ninguém está pensando isso. Temos que preparar essa mão de obra para tudo, para fazer mão de obra do túnel, para fazer o aeroporto, porque amanhã vão contratar gente de onde? De fora da cidade? É uma cidade com um monte de mão de obra, mas sem preparo, você continua, essa economia não vai virar, vai continuar do mesmo jeito.

Um ponto importante também, até falando sobre essa questão da segurança e do turismo, é a zeladoria. Como você avalia hoje a zeladoria na cidade?

Tem algumas coisas que não avançam, e uma delas é a saída de águas. A cidade é uma ilha, e não devia encher nunca, porque ela é cercada de água, então se ela está muito abaixo do mar, ela tinha que encher, mas acima do mar não dá para encher, tem piscinões naturais. Vai em qualquer cidade de São Paulo e faz um piscinão, mas nosso piscinão é o mar, se está enchendo, está faltando algum acesso da água para o mar, porque parou muito tempo de fazer as limpezas dos canais, deixou-se invadir os canais, deixou construir casas de madeira, invasão em cima de saídas d’água.

Esse resgate do Estado de mostrar organização precisa acontecer de novo para começar a atingir esse problema grave que são as enchentes. Sobre zeladoria, tem várias, manutenção da praia, manutenção da orla. Tudo isso deixa a cidade um brinco, tem que ser assim, porque a pessoa vem passear, o mínimo que o turista tem que ter é ser bem recebido, tem que fazer isso, e é o mesmo que tem que fazer nas comunidades.

Se entrar em um mangue, é só sujeira e as nossas crianças brincando dentro disso, trazendo doenças que vão gerar um futuro problema para elas. Então nós temos que fazer esse resgate, é do dia para a noite? Não é, mas tem que alguém botar isso num plano de ação para ir construindo ano a ano.

Na sua opinião, qual é o maior desafio de quem ocupa um cargo no Executivo hoje?

Acho que o maior desafio do Guarujá hoje, além da segurança pública, é a corrupção embrenhada em tudo, todo mundo a favor. Isso vai ser o maior desafio do gestor da cidade.  É botar pingo nos is, falar não para quem está acostumado a mamar, nós temos que parar com isso. A cidade tem pessoas passando necessidade, 20 mil pessoas na Bolsa Família, sabe o que significa isso? 80 mil pessoas que vivem na miséria, ganhando R$ 150 por mês para viver.

Então nós temos que parar de olhar para o umbigo, olhar para os amigos, e olhar para o povo, o povo precisa disso, não é possível ter gente passando fome nos dias de hoje. Fico indignado como gestor público com isso. Como pode ter gente todo dia pedindo comida para mim.

Ontem eu passei no farol, tinha um menino, às 22h, sem camisa, frio, vendendo paçoca, bateu na minha porta e falou, ‘compre uma paçoca?’. Eu falei, ‘o que você está fazendo aqui, garoto?’. Ele disse, ‘é, sou lá do Morrinhos, estava no centro da cidade, vim a pé do Morrinhos, não tenho comida em casa, estou sem o que comer. Minha mãe não tem como levar uma cesta básica’. Isso corta o coração, tanta gente jogando comida fora, comendo, no Guarujá, em barco, casas, mansões. Não é possível que a gente não consiga ter uma gestão que ofereça o mínimo a fome do nosso povo, não é possível. Acho que esse caminho que eu trilho é o caminho de Deus real, porque até fico emocionado falando isso.

Você vê hoje uma cidade que seja exemplo no combate à corrupção, que adote medidas para prevenir esse tipo de situação?

Acho que Maringá é uma cidade que está bem à frente disso. Nós temos lá o grupo do Guarujá 2034, um grupo de empresários querendo mudança. Eu sinto a vontade, eu sinto o momento de vir pessoas com pensamentos novos e compromissos novos. Compromisso real com o povo, não compromisso de ‘qual secretaria que eu vou dar para você’.

Não tem uma pessoa que me ajuda que chega assim, ‘olha, Nicolaci, quero que você me dê isso, eu quero ser aquilo’, não tem. Estou em um processo de pré-campanha, totalmente diferenciado da minha vida, que muitos anos, quando eu fiz campanha num partido para tentar ganhar uma eleição. Hoje faço campanha com uma causa, com um ideal, com um negócio, como eu vou dizer, com missão, vou dizer assim, é bem diferente. É lógico, sou mais um que está lá, dando minhas propostas, mas tenho certeza que Deus me preparou para isso aqui.

Como a sua família lida com essa missão?

O mais importante para a nossa vida é ter filhos bons. Minhas filhas são formadas, isso não quer dizer nada, mas são boas pessoas, que falam bem, olham para as pessoas. Minha filha é médica, é aquela médica que toca no paciente, minha outra filha é advogada, aquela que cuida do seu cliente. Acho que é isso que eu fiz, pessoas boas. Então a minha família entende que eu quero fazer o bem, ela entende disso. Minha esposa sempre me deu alicerce, sempre esteve do meu lado, uma pessoa de bom coração também. Família italiana, que tem aquela mãezona. Minha mãe sempre fala assim, ‘nunca faça o que você não possa contar para a sua mãe’. Então quando você tem a experiência do meu avô, que era coronel, enfim, tem exemplos na vida, você consegue guiar e seguir.

Em relação a sua trajetória da segurança pública para o poder público, como que foi a aceitação entre os partidos políticos? Você era um estrangeiro ali, nesse meio.

Lá atrás eu fui ameaçado várias vezes, mas era combatente, era ameaça com resposta. Colocaram um revólver na minha cabeça. Tive que fazer o que tinha que ser feito, mostrar que não tenho medo. Como diz o Bolsonaro, um soldado que tem medo não pode ir para a guerra, e é isso. Jair Bolsonaro, um dos exemplos para mim de política, sei que tem gente que não gosta, critica, mostra que dá para fazer uma política mais pura, mais séria, com objetivo, e o governador Tarcísio é um grande exemplo disso. Ele é um cara equilibrado, está no meio de um campo e consegue olhar para todos os lados e fazer a gestão.

Me alinho muito nisso, até pela minha formação oficial da Polícia Militar, que depois entrou para o mundo público. Não tem muita diferença do meu ser. Casado há 28 anos, pai de duas filhas, o cara caseiro, é natural. Às vezes as pessoas taxam que é de direita, mas não é ser bom, fazer o bem, isso é ser de direita. Acreditar em Deus, ser cristão e fazer algo de importante para o próximo e saber que a caridade é o mais importante, estender a mão para os outros e olhar todo mundo como irmão.

Imagina eu de segurança pública e olhar para um homem de rua e tratar que nem irmão, tentar resgatar da rua. Acho que é isso que a gente pode fazer como ser humano, é tentar ajudar o próximo, ajudar o outro. Você pode enganar os homens, mas não engana lá em cima você não. Deus você não engana, então às vezes escapa daqui, mas dessa conta lá de cima ninguém vai escapar.

Podemos contar com você no nosso debate, que acontece em 26 de setembro?

Sempre, o Nicolaci está sempre disposto a ouvir, a falar o que pensa, deixar minha posição.

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