Lula decide ir à posse de Moraes no TSE e deve encontrar Bolsonaro

Por Mateus Vargas e Victoria Azevedo/Folha Press em 15/08/2022 às 14:08

Reprodução/Bruno Santos/Folhapress
Reprodução/Bruno Santos/Folhapress

O presidente Jair Bolsonaro (PL) e o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) devem se encontrar pela primeira vez desde que confirmaram a intenção de disputar a eleição ao Palácio do Planalto na terça-feira (16), durante a posse do ministro Alexandre de Moraes no comando do TSE (Tribunal Superior Eleitoral).

Bolsonaro confirmou a presença ao receber o juiz na última quarta-feira (10). Já a presença do petista foi confirmada por sua assessoria de imprensa na tarde desta segunda-feira (15).

Bolsonaro tem 29% das intenções de votos ao Planalto contra 47% do ex-presidente Lula (PT), segundo pesquisa Datafolha divulgada no último dia 28.

O juiz assume a corte eleitoral em meio a insinuações golpistas e ataques de Bolsonaro às urnas.

Na última semana, a campanha de Lula foi atingida por decisão do tribunal, quando o ministro Raul Araújo Filho determinou a exclusão de vídeos de discurso em que o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) chama o presidente Jair Bolsonaro (PL) de “genocida”.

O ex-presidente Michel Temer (MDB) e a ex-presidente Dilma Rousseff (PT) também devem acompanhar a posse. Moraes convidou todos os ex-chefes do Executivo.

Ainda são esperados mais de 20 governadores, além de parlamentares e autoridades do Judiciário.

Segundo a lei, o processo eleitoral começa oficialmente nesta terça. Para dar o pontapé inicial na campanha, o ex-presidente Lula visitará duas fábricas: a da MWM Motores e Geradores, em São Paulo, às 7h e a fábrica da Volkswagen, em São Bernardo do Campo (SP).

A segunda visita está prevista para ocorrer às 14h -a cerimônia em Brasília é às 19h.

Até a manhã desta segunda-feira (15) o núcleo da campanha petista não havia batido o martelo sobre a eventual participação de Lula na posse do TSE.

Segundo um interlocutor de Lula, a presença do petista na cerimônia, assim como a de outros ex-presidentes, pode configurar mais um gesto que reforça a necessidade de se resguardar o ambiente institucional do tribunal, além de prestigiar o processo eleitoral.

No último dia 11, ocorreu a mais ampla manifestação por democracia sob o governo de Bolsonaro com ato na Faculdade de Direito da USP.

Nele, foi lida carta que prega a manutenção do Estado democrático de Direito e o respeito às eleições diante das ameaças golpistas de Bolsonaro de contestar o resultado e questionar as urnas eletrônicas.

O documento reúne mais de 1 milhão de assinaturas.

O governo quer usar a presença de Bolsonaro como gesto para tentar apaziguar as relações com a corte. A expectativa de ministros de Bolsonaro é que a posse de Moraes facilite este diálogo.

Horas antes de aceitar o convite, porém, Bolsonaro havia atacado ministros do STF e dito que não perderia as eleições para “narrativas”. Sem citar nomes, o presidente havia dito que há “ameaça à liberdade” no Brasil e que a população tem o dever de “aperfeiçoar as instituições, desconfiar”.

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