Quantidade de plástico nas praias da Baixada Santista preocupa, diz estudo

Por Anna Clara Morais em 26/12/2024 às 06:00

Foto: Reprodução/Instituto EcoFaxina
Foto: Reprodução/Instituto EcoFaxina

O plástico compõe 65% dos resíduos coletados nas ações de limpeza realizadas pelo Instituto EcoFaxina na Baixada Santista, nos últimos anos. Tal dado é alarmante porque diferente dos materiais orgânicos, os plásticos podem levar até 500 anos para se decomporem. A Marinha do Brasil, inclusive, alerta que eles afetam diretamente a fauna marinha, pois são confundidos com alimentos e ingeridos pelos animais, causando sua morte e contaminando cadeias alimentares, com sérios impactos na saúde dos seres humanos.

Na Baixada Santista, a quantidade de plástico nas praias é realmente alarmante. Segundo um estudo recente da ONG Sea Shepherd Brasil, em parceria com o Instituto Oceanográfico da USP, São Vicente acumula dez resíduos por metro quadrado nas praias e em Mongaguá, 2,78 resíduos na mesma proporção. As duas cidades lideram o ranking na região.

Em Itanhaém e Peruíbe, a quantidade de plástico é pouco maior que um por metro quadrado. Já em Santos, Praia Grande, Guarujá e Bertioga, o número é menor que um por metro quadrado.

Com o objetivo de mitigar a situação e proteger as áreas naturais, há pessoas que buscam melhorar o cenário preocupante de forma voluntária. É o caso do Instituto EcoFaxina, uma entidade sem fins lucrativos que realiza ações voluntárias de limpeza desde 2008.

“Há 16 anos trabalhamos ativamente para reduzir os resíduos sólidos no oceano. A cada encontro temos a oportunidade de dialogar sobre conscientização, limpeza, monitoramento e educação ambiental”, acrescenta William Schepis, biólogo e diretor-presidente do Instituto EcoFaxina. 

E os números da situação mundial atual são preocupantes. De acordo com uma pesquisa da Organização para a Cooperação e o Desenvolvimento Econômico (OCDE), em 2019, no mundo todo, foram produzidas quase 460 milhões de toneladas de plástico, o dobro, se comparado com 19 anos atrás, em 2000, o que serve de alerta para os próximos anos.

Para piorar o cenário ambiental mundial, ainda conforme a pesquisa da OCDE, apenas 10% dos produtos com plástico são reciclados e desse total, mais de 20 milhões de toneladas tem como seu destino final a natureza.

As medidas que cada um pode tomar individualmente podem e devem mudar o mundo. Para isso, a população precisa estar ciente das suas obrigações como cidadãos. 

“Não descartar resíduos nas praias e vias públicas e exigir do poder público a recuperação de áreas naturais ocupadas por submoradias, devido ausência de fiscalização de áreas de preservação permanente, sobretudo manguezais e encostas de morros, que são responsáveis por 80% dos resíduos presentes em ecossistemas aquáticos. Cobrar investimento de recursos públicos para implantação de usinas de reciclagem e fomento às cooperativas, bem como o fomento da educação ambiental com qualificação técnica e vivências práticas, despertando a consciência crítica e holística sobre os desafios do combate à poluição marinha”, afirma o biólogo.

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