Prédio evacuado em PG recebe nova vistoria; engenheiro comenta danos estruturais

Por Marcela Morone em 17/02/2024 às 13:00

Reprodução/Google Street View
Reprodução/Google Street View

O prédio Giovannina Sarane Galavoti, interditado e evacuado na última terça-feira (13), em Praia Grande, recebeu uma nova vistoria da Defesa Civil nesta sexta (16). Por enquanto, os moradores ainda estão impedidos de voltar ao prédio.

De acordo com a Prefeitura, mais de 2 mil escoras metálicas estão sendo usadas no trabalho e a ação deve ser finalizada ainda neste fim de semana. O escoramento tem como objetivo reduzir o máximo possível da carga estrutural dos pilares que sofreram abalo estrutural. Segundo a administração, houve o sinistro das pilastras no subsolo, térreo, G1 e G2.

O engenheiro e professor da Universidade Santa Cecília, Hildebrando Pereira, explicou que, mesmo após as intervenções da Defesa Civil, ainda há chances do prédio voltar a oferecer problemas estruturais semelhantes.

“Nesses tipos de ocorrência a velocidade da tomada de decisão é crucial, pois ao perder um pilar, o carregamento tende a migrar para os pilares mais próximos, se eles não suportarem a carga, também rompem formando um efeito cascata”, explica o docente.

Segundo Pereira, quanto mais alto um edifício, mais difícil se torna o processo de escoramento. Para que ocorra um alívio significativo da carga, muitas vezes as escoras devem subir muitos andares, conforme explica o professor. O edifício conta com 23 pavimentos, além do subsolo. São 133 apartamentos distribuídos em 19 andares de moradias.

Segundo Hildebrando, diversos fatores podem ocasionar um incidente como o visto em Praia Grande. “Varia desde a ocorrência de recalques quanto a falha de projeto e/ou construção”, diz. Na Engenharia Civil, o recalque significa o rebaixamento de uma edificação devido à sobrecarga no solo.

“A ocorrência de recalques nos pilares centrais do edifício faz com que ocorra uma redistribuição de carga para os pilares mais próximos das fachadas. Normalmente estes pilares não comportam esse acréscimo de carga e rompem”, complementa.

De acordo com o docente, uma falha de dimensionamento ou a consideração errada de um carregamento durante a elaboração de um projeto é outro fator.

Após o incidente na terça-feira de Carnaval, moradores comentaram “boatos” que circulavam entre os residentes sobre o que teria ocasionado a interdição. Um deles foi o excesso de pessoas no edifício. No entanto, Pereira explica que isso não ocorreu.

“Quando elaboramos um projeto temos dois conjuntos de cargas atuantes: as cargas permanentes [peso próprio do edifício e seus elementos construtivos, além de equipamentos] e cargas acidentais [uso e ocupação]. Pela norma atual, utilizamos uma carga acidental da ordem de 150 kg por metro quadrado em toda a área da laje, isso representa uma ocupação bem alta e de baixa probabilidade de ocorrência”, diz.

Em nota, a Secretaria de Urbanismo da Prefeitura de Praia Grande e a Defesa Civil Municipal informaram que iniciaram as análises do plano emergencial de escoramento, o projeto de recuperação definitiva das estruturas danificadas e do laudo de condição estrutural da obra do prédio.

Prédios tortos de Santos correm o mesmo risco estrutural?

Conforme explica Pereira: depende. Segundo o engenheiro, as fundações de alguns edifícios mais antigos, como os famosos prédios tortos, são todas travadas por vigas, o que garante um comportamento “conjunto” de todos os elementos de fundação durante o recalque, o que dificulta com que uma situação como a de Praia Grande aconteça.

“O que eu quero dizer é que ao ocorrer um recalque, a sapata não afunda sozinha pois está ligada as demais sapatas”, explica. Na Engenharia Civil, a sapata é a estrutura que recebe a carga dos pilares e a distribui para o solo.

Onde estão os moradores?

Em nota, a Construtora JR, responsável pelo edifício, informou que muitas famílias já foram acomodadas na cidade. Cerca de 250 moradores residem permanentemente no local.

Os residentes que não possuem animais de estimação estão hospedados na Colônia de Férias do Sinthoresp, no bairro Nova Mirim. Já para famílias que possuem pets, foi oferecido um auxílio financeiro para reembolso de despesas habitacionais e alimentação.

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