Pai de moradora que fez denúncia contra vereador de Praia Grande afirma que a filha foi ‘usada’

Por Santa Portal em 11/05/2023 às 11:00

Reprodução/Redes Sociais
Reprodução/Redes Sociais

O caso de Whelliton Silva, ex-jogador de futebol e vereador em Praia Grande, no litoral paulista, que sofreu falsa denúncia de estupro por moradora da cidade – acusação arquivada pela Justiça e pela Câmara Municipal – ganhou novo elemento na última semana. Sebastião Holanda de Albuquerque, pai da acusadora Letícia Almeida Holanda de Albuquerque e que é seu curador legal, admitiu em ligação para a mulher do vereador, Janaína Ballaris, que a denunciante vinha sendo “usada” para atingir o casal, também apontou que ela receberia “ajuda de custo” e manifestou interesse em firmar acordo para colocar fim a processos judiciais relacionados à falsa denúncia.

“A menina foi usada”, afirma o pai em trecho da ligação telefônica com Janaína, esposa do vereador, que está sendo anexado em processo judicial que o casal move contra Leticia. “(Ela) teve problemas emocionais, foi inclusive internada durante um surto”, afirma Sebastião em outro trecho. “Está passando por uma situação delicada”, complementou o pai e curador.

A falsa acusação contra o ex-jogador foi registrada na delegacia no dia 14 de junho do ano passado. Leticia fez um falso relato de estupro que teria ocorrido 72 dias antes de ela ir até à delegacia.

O inquérito policial foi arquivado pelo Poder Judiciário, após manifestação do Ministério Público, ou seja, sequer houve denúncia. No entanto, a partir do boletim de ocorrência a Câmara criou comissão de inquérito, provocando danos à imagem do vereador e de Janaína, que também já exerceu mandato na Câmara de Praia Grande.

A Justiça concordou com os posicionamentos da Polícia Civil e do Ministério Público e arquivou a acusação no dia 30 de setembro. Além disso, a comissão criada na Câmara para investigar as alegações de Letícia foi arquivada em dezembro.

Com a recusa da Justiça em levar adiante a denúncia, Letícia admitiu a falsidade da acusação e disse ser portadora de síndrome de borderline, que é um transtorno de personalidade grave, diagnosticado na psiquiatria.

Representada por advogados com vínculos políticos na cidade, Leticia move ações trabalhista e civil contra o casal. Janaína Ballaris foi alvo de ação judicial que pediu que fossem vetadas menções a Letícia em suas redes sociais.

Whelliton e Janaína apresentaram queixa-crime contra Letícia, o que poderia em tese resultar em até 23 anos de prisão, além de registrar um boletim de ocorrência por ameaça. Também por conta deste caso, advogada constituída para Letícia é investigada por “patrocínio infiel” (quando advogado é acusado de agir contra interesses de quem representa) e uso de falsa identidade, além de responder a processo no Conselho de Ética da Ordem dos Advogados do Brasil.

Relações políticas

Whelliton Silva está no primeiro mandato como vereador de Praia Grande e é filiado ao PL. Ele fez uma vitoriosa carreira no futebol brasileiro e português. Na Europa, foi campeão português pelo Boavista em 2001. No Brasil, fez parte do elenco do Santos vice-campeão brasileiro em 1995 e integrou os elencos de Flamengo e outros clubes.

Letícia se aproximou de Whelliton e Janaína no final de dezembro do ano passado e pediu para atuar no gabinete do vereador ou na campanha de Janaína, que disputaria o cargo de deputada estadual nas últimas eleições. Fez um teste como assessora na Câmara e não foi aprovada. Em junho, ela foi até a Polícia e fez a falsa denúncia.

Silva e Janaína desconfiam que por trás da falsa acusação estaria um grupo político descontente com a atuação do parlamentar, que vinha fazendo denúncia de irregularidades na Câmara dos Vereadores. A defesa da denunciante foi levada adiante inclusive por advogados ligados a gabinetes na Câmara e diretórios de partidos políticos em Praia Grande.

Na ligação da última semana, Sebastião também aponta que é interesse seu, como representante legal da filha, firmar um acordo com o casal para colocar fim às discussões na Justiça. Ele pontua também não estar custeando a defesa da filha em processos, e aponta também a existência de uma “ajuda de custo” dada a Letícia, sem revelar quem fez os pagamentos.

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