Pai de adolescente morto em Praia Grande pede Justiça e aponta negligência: 'Só decepção'

Por Santa Portal em 23/04/2024 às 21:00

Patrícia Nunes/Santa Cecília TV
Patrícia Nunes/Santa Cecília TV

O pai do adolescente Carlos Teixeira, de 13 anos, morto na última terça-feira (16) após ser agredido na Escola Estadual Júlio Pardo Couto, em Praia Grande, prestou depoimento na tarde desta terça (23), no 1º DP da cidade.

Julysses Fleming Gomes Ferreira Nazara foi ouvido por mais de três horas na delegacia. Após o seu depoimento, ele conversou com a imprensa e questionou bastante a conduta tanto da escola quanto da Unidade de Pronto-Atendimento (UPA) Central de Praia Grande no atendimento médico ao seu filho.

“Queremos cobrar a causa (da morte) do hospital e não deixar passar batido o que está acontecendo na escola. Queremos Justiça, para todos os alunos”, disse o pai do jovem.

“A escola não fez nenhum contato, a Prefeitura de Praia Grande não deu nenhum apoio também, nenhum respaldo. Só decepção”, acrescentou Julysses.

O pai criticou bastante o atendimento dado na UPA de PG para o seu filho. “Tiraram outra chapa das costas, do tórax. O segundo médico falou que tinha escoliose, foi daí para pior. Foram agressivos e ignorantes, não tem amor pela profissão. Só pediram raio-X, nem exame de sangue quiseram fazer, tomografia. Só soro, injeção e no dia 15 o médico colocou uma tala na perna do meu filho, sendo que não era luxação, e depois mandou a gente para casa”, afirmou.

A advogada da família, Amanda Mesquita, falou que todos os detalhes necessários para a investigação da Polícia Civil foram fornecidos durante o depoimento do pai do jovem nesta terça.

“Hoje foi detalhada toda a passagem, da primeira agressão até o enterro dele foram 30 dias. Precisamos relatar todos os momentos em que ele entrou e saiu de todas as unidades de saúde, o que aconteceu na escola, os momentos em que a família foi pedir ajuda da escola e foi negado. Todos os detalhes foram colocados e isso é muito importante para a investigação”, comentou.

Amanda criticou bastante também a postura do colégio, que não estaria fornecendo imagens para a polícia que pudessem auxiliar nas investigações.

“(Os policiais) estão tentando achar os garotos, apresentamos os nomes. A Polícia vai ouvir essas pessoas, funcionários da escola e tentar entender o que aconteceu. Buscar as provas para fechar essa linha do tempo e concluir esse caso. A gente pede que a direção colabore, soubemos que eles se negaram a entregar as imagens para a Polícia. Descobrimos coisas aqui que ainda estarmos digerindo. Um dos meninos já confessou, um que veio ontem, e as coisas estão começando a caminhar”, encerrou.

O Santa Portal entrou em contato com a Prefeitura de Praia Grande para obter um posicionamento sobre a conduta dos profissionais de saúde no caso do jovem. Assim que houver um posicionamento, a reportagem será atualizada.

Entenda o caso

O adolescente Carlos Teixeira morreu na última terça, uma semana após ser agredido na escola estadual onde estudava, em Praia Grande. Segundo apurado pelo Santa Portal, a morte do estudante foi registrada pela Polícia Civil e está sendo investigada.

A agressão ocorreu no 9 de abril, dois dias após Carlos completar 13 anos, na Escola Estadual Júlio Pardo Couto. De acordo com o relato da tia da vítima nas redes sociais, a coluna do menino foi fraturada durante o episódio de violência. Em um outro caso, Carlos teria sido levado para o banheiro e agredido.

O corpo do jovem passará por exame necroscópico para que a causa da morte seja esclarecida. O menino foi levado à UPA Central de Praia Grande algumas vezes pelo pai, foi medicado e liberado. Na ocasião, a Prefeitura de Praia Grande lamentou a morte de Carlos e afirmou que todos os procedimentos adotados no atendimento estão sendo analisados.

No último dia 15, no entanto, as dores do estudante se intensificaram e a família de Carlos buscou atendimento médico em Santos.

Em nota, a Santa Casa de Santos afirmou que Carlos deu entrada no hospital às 13h50 de terça-feira (16), após ser transferido da UPA Central. Segundo a tia do menino, ele teve complicações causadas pela fraturas na coluna e sofreu três paradas cardiorrespiratórias.


Foto: Reprodução
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