“Não adianta ter show em Praia Grande se não tiver saúde”, critica Danilo Morgado
Por Santa Portal em 23/08/2024 às 15:00
Candidato a prefeito de Praia Grande pela segunda vez consecutiva, Danilo Morgado (União Brasil) criticou o descaso das últimas gestões com a saúde, pontuando falhas no PS Central, falta de profissionais e medicamentos. O empresário, que teve cerca de 47% dos votos no segundo turno de 2020, afirmou que estes e outros problemas são fruto da falta de planejamento e má aplicação de recursos públicos em entrevista ao Rumos & Desafios, exibida na última quinta-feira (22).
Morgado também celebrou estar livre de uma possível ilegibilidade, após vencer seis processos no Tribunal Regional Eleitoral de São Paulo (TRE-SP), que de acordo com ele, refletem uma perseguição política. Além disso, o representante da coligação partidária PSDB, Cidadania e União, ao lado do candidato a vice-prefeito Dr. Antônio Carlos (União), apresentou projetos, como a criação da Tarifa Zero no transporte público e a valorização do comércio local, com a criação do Cartão Nosso Futuro, entre outros.
Assim como Danilo Morgado, o programa Rumos & Desafios entrevistará, até 12 de setembro, os postulantes às prefeituras das cidades da Baixada Santista, sendo televisionado todas terças e quintas-feiras, às 21h, também com transmissão simultânea no YouTube do Santa Portal. Confira a entrevista na íntegra abaixo.
Você quase se tornou prefeito de Praia Grande em 2020. Em 2022, foi candidato a deputado federal, ficando como suplente. O que essas campanhas trouxeram para o Danilo de aprendizado?
É diferente, como sempre trabalhei nos bastidores, acompanhei outros políticos, ajudei a coordenar, nesses momentos coloquei a minha vida à frente, coloquei à disposição.
Percebi já em 2020, que na minha cidade, que amo e que escolhi, Praia Grande, faltava esperança. E a população, sentindo essa esperança, acreditou em mim. Então foram duas campanhas seguidas que, embora não tenham sido vencedoras na urna, com a quantidade de votos, tive o sentimento de vitória.
Ainda mais quando inicia Praia Grande em 2020, uma cidade que todos diziam que era impossível chegar ao segundo turno, criar uma nova liderança e chegamos muito perto da vitória. Então me sinto vitorioso, acredito que a cada dia aprendo mais.
Você acha que podia ter feito alguma coisa diferente para ser eleito?
Acho que faltava naquele momento uma estrutura política, logística, até em relação à campanha. Porque não tinha esse caminho já trilhado na cidade, em conhecer as pessoas, conhecer os candidatos. Então era um momento de conhecimento, na parte política. Portanto, acredito que tenha faltado um pouco mais de experiência.
Graças a Deus, depois de quatro anos de tanta luta, não tive um dia de descanso nesses quatro anos, acredito que hoje estou muito mais preparado, tenho uma equipe muito mais preparada. Além disso, em 2020 disputei uma campanha que tinha aproximadamente oito a dez candidatos a vereador na minha chapa.
Hoje tenho mais de 40 candidatos. Tenho muitos candidatos que estão em diversos partidos que me apoiam. Então hoje nós temos vários soldados na rua e não sou mais um exército de um homem só. Hoje é um exército de vários soldados construindo um futuro melhor para a cidade.
Danilo, a eleição de 2020 ficou marcada em Praia Grande por várias ações judiciais. E até hoje você teve que responder algumas delas. Como foi esse desafio?
Tive uma perseguição judicial, não digo em questão de juízes, promotores, mas uma perseguição que montaram um escritório realmente para me perseguir. E levei algumas multas até absurdas. Muitas delas vencemos com o tempo.
No entanto, os próprios escritórios que cuidavam da gente, os advogados que me ajudavam naquele momento, acabaram perdendo prazo em algumas e isso gerou várias multas. E alguns processos que eu poderia ter recorrido não foram nem recorridos.
Foram aproximadamente 88 ou 98 processos, representações durante uma eleição. Fui o candidato mais processado e representado na eleição em todos os tempos, acredito que na Baixada Santista, mas na última eleição no Brasil inteiro. Ninguém foi tão perseguido com uma estrutura jurídica em cima.
Até hoje, há poucos dias, foram julgados seis processos no TRE pedindo para que eu ficasse inelegível, oito anos sem disputar a eleição. E para quem acompanhou, quem viu o processo, quem leu e entendeu o que era, eram detalhes de uma campanha que não tem como deixar alguém inelegível.
Contudo, na primeira instância até tentaram, porém desde o primeiro dia foram vitórias. Então seis processos, faltando dois dias para o último dia de registro, foram colocados em julgamento. Processos que já aguardavam muito tempo, só que foi unânime. Então, graças a Deus, foram todos os votos a zero.
O próprio procurador foi a favor e pediu. Então os processos estão extintos, nulos estou livre para poder disputar a eleição e ajudar a libertar a cidade.
Você vê uma razão para ter tanto processo?
Praia Grande nunca teve outro líder político, a não ser o Alberto Mourão (MDB). Qualquer pessoa que tentava se construir nesse caminho não suportava durante muito tempo, porque é uma luta política muito grande. É alguém que governa uma cidade e que tem 40 anos de mandato. O que o Mourão tem de mandato, eu não tenho de idade.
Respeito o passado dele, porém nunca deixou ninguém se construir. Até porque as outras lideranças políticas que tentaram se construir na cidade, todas já faziam parte do grupo dele. Um foi o vice dele, o outro era o assessor.
Então de eu ser um outsider na política, de ser alguém que veio de fora do grupo político deles, isso assustou. E até hoje passo por perseguições, por uma luta muito grande, mas graças a Deus eu acredito que isso tenha me preparado muito.
Quando são colocados seis processos no TRE para serem julgados, logo no momento que está chegando a eleição, muito perto ali da luta por eleição, e você vence da forma como nós vencemos, isso acredito que tenha me preparado muito mais. Então as lutas diárias foram me preparando para ter maturidade, até porque além de carregar a esperança da população, também carrego sonhos. Então é uma responsabilidade muito grande.
Danilo, te acompanho nas redes sociais e vejo que é muito comum você falar da saúde de Praia Grande. Esse é o principal problema da cidade na sua avaliação?
A saúde da Praia Grande está na UTI. Até parece um jargão, mas de verdade, a saúde da Praia Grande está na UTI. Começar pela atenção primária, por exemplo, as Usafas (Unidade de Saúde da Família) não têm especialistas, têm um médico, que muitas das vezes não está presente.
Estão faltando enfermeiros. Semana passada estive na Usafa Esmeralda e a enfermeira que faz o preventivo e que cuida de uma quantidade de pessoas estava de férias. É normal a enfermeira tirar férias, é o direito dela, mas deveria ter alguém no lugar. Além disso, não avisaram os pacientes. Uma moça que esteve três vezes para fazer esse preventivo não conseguiu. Então, começando na atenção primária, que é o necessário, já não tem.
Estão faltando remédios. Quando não falta isso, falta o técnico para entregar o remédio, o farmacêutico para entregar o remédio. A cidade está prometendo fazer um concurso público para contratar. Então, as pessoas já não têm enfermeira, não têm médico, não têm remédio. O que mais falta?
Você chega numa UPA, que muitas das vezes falta médico. Não é culpa deles. Tem médico que não recebe há quatro, cinco meses. Então, a cidade vive um momento muito complicado na questão de saúde porque ela veio piorando. Não é desse governo. Essa eleição chegou e quem tenta voltar para dizer que vai recuperar e resolver, não deixou de fazer, não deixou de ser do mesmo governo. Tem o mesmo governo há quase 40 anos na cidade.
Ou seja, os problemas vêm do mesmo governo. Até admiro hoje vir um candidato e prometer algo para o futuro, sendo que em 40 anos para trás não fez. Então, o maior problema da saúde hoje, vendo a população sofrer, tem um nome, se chama Alberto Mourão.
Ele é o problema da saúde da cidade. Por quê? Durante 40 anos ele não resolveu. Quando as pessoas morrem no hospital, quando morreu o menino Carlinhos, naquele momento ali, acredite, tem a mão de quem governa. Os detalhes da saúde mudam a vida das pessoas, têm destruído a vida de muita gente. Portanto, o principal problema na cidade é a saúde. Não adianta ter asfalto, não adianta ter show se não tiver saúde.
Faltou planejamento nessa área?
Acredito que sim. Acredito que falta um governo que olhe para as pessoas e conheça a realidade. Nós não temos isso em Praia Grande. Um governo que realmente seja humano, entenda o que é a saúde pública. Não só por uma gestão pública, palavras bonitas, com números muitas vezes mascarados, mas que entenda.
Tem um governo, a atual prefeita esteve no PS Central, aproximadamente um ano atrás. E ela ficou assustada com o que estava acontecendo. Ou seja, a prefeita não sabia o que acontecia.
Ela esteve uma vez, nos quatro anos, em uma unidade de saúde. O ex-prefeito e atual deputado Mourão não esteve em nenhuma unidade de saúde nos últimos quatro anos. Então, ele não sabe o que está acontecendo.
Não dá para saber só pela rede social ou só pelo que a imprensa passa. Então, acredito que para resolver tem que ter alguém que conheça a realidade. Que saiba como realmente funciona uma Usafa, não na teoria.
A Praia Grande é uma cidade que vive de teoria. A prática é muito complicada. Mas quem olha de fora, das outras cidades, parece que ela é perfeita. Porque os problemas poucas vezes chegam para quem não acompanha tão de perto.
Você tem acompanhado isso?
Com certeza. Nos últimos quatro anos, se contar hoje, não tenho mais o número exato, porém, estive, aproximadamente, 200 ou 210 vezes nas unidades de saúde da cidade. Cada dois ou três dias eu estou em alguma. Porque recebo informações e pessoas desesperadas. Tem vários relatos.
Se acompanharem na minha página, o PS Central teve um dia que cheguei à noite e fiquei assustado. Tinha 80 crianças aproximadamente esperando o pediatra e não tinha um para atendê-las. O PS Central, que é quem tem que receber, começou a falar para as pessoas irem para as UPAs. A pessoa voltar para o bairro. Tinha uma fila de mães do lado de fora pedindo transporte por aplicativo para poder chegar. Além de outras que não tinham condição, porque foram a pé.
Então, enxergar ali esse sofrimento é para quem vive no dia a dia. Se acompanhar nas minhas redes sociais, pelo menos 50 vídeos devem ter no último ano das vezes que fui. Vou para mostrar e denunciar. Muitas pessoas até já criticaram. ‘Poxa, Danilo, mas você faz sensacionalismo?’, não faço, o sentimento, a dor das pessoas, o problema que a cidade vive é um sensacionalismo. Porque é muito forte.
Danilo, uma questão também importante na cidade é o deslocamento das pessoas, a mobilidade urbana. Você está satisfeito com o serviço prestado pela concessionária do transporte público?
Nem um pouco, nem um pouco. Na última eleição, no plano de governo, fui muito cuidadoso em estudar cada detalhe, assim como tenho feito nesse. Lá falava sobre os ônibus chegarem a todos os locais. Uma cobertura de 100% da cidade.
Até cheguei a conversar com alguns profissionais da empresa que faz o transporte na cidade. E falavam que era possível, sim, fazer uma readequação. Quando eu trouxe esse problema, a candidata do Mourão e ele começaram a prometer que iriam resolver. Se passaram quatro anos e não foi resolvido. Então, o mínimo que tem que fazer é uma cobertura de 100%.
Tenho um projeto chamado Tarifa Zero, onde fui criticado várias vezes. ‘Poxa, mas vai dar transporte de graça? O povo tem que pagar o transporte. A cidade não tem condição, não existe almoço grátis, não existe café grátis’, falavam.
No entanto, não é um almoço grátis ou um café grátis. Já existem mais de 200 cidades no país. Quando mostrei algumas cidades, falaram, ‘mas a cidade só tem 100 mil habitantes, é mais fácil’. Então, peguei o exemplo de Caucaia, no Ceará, que tem 350 mil habitantes, aproximadamente, e orçamento de R$ 1.2 bilhão. O orçamento de Praia Grande, daqui a pouco, vai chegar a 3 bilhão. Ou seja, no mínimo, duas vezes maior.
Em Caucaia, a população anda no transporte público gratuitamente. Eles pagam através do IPTU. A empresa de ônibus recebe todos os anos um recurso absurdo de subsídio da cidade, que seria para cobrir o prejuízo. Entretanto, ela não tem prejuízo. Então, a população paga duas vezes, através do IPTU e depois quando vai usar o transporte.
Então, isso vai facilitar, com certeza. Isso vai gerar receita. A partir do momento que as pessoas vão rodar mais na cidade, elas vão gastar mais na cidade. Elas estarão nos comércios do município. Portanto, é uma forma de popularizar mesmo e trazer esse transporte mais próximo das pessoas.
Como suas experiências em diferentes esferas do Legislativo, Câmara Municipal, Assembleia Legislativa de São Paulo, Câmara e Senado Federal, contribuem contigo nesta eleição?
O meu trabalho, dezenas, centenas de vezes foi receber prefeitos. Eu estava em Brasília na Câmara Federal ou no Senado recebendo os prefeitos que traziam problemas da sua cidade e também traziam bons projetos.
Tive um relacionamento com mais de 200 prefeitos naquele momento de estar no dia a dia com eles conversando, entendendo os problemas e ajudando a levar recursos para os municípios. Porque o que falta muitas vezes em Praia Grande é receber recurso federal. Vi há pouco tempo meu adversário em uma entrevista dizendo que a cidade se paga, que a saúde se paga e que ela não precisa muito de recurso federal para não ficar na dependência.
Não é dependência, é direito. Então, sempre fui aquela pessoa que ajudava a chegar os recursos na cidade. Inclusive, na Praia Grande, diversas vezes tentei levar recurso. Vocês sabem o que é um governo negar recurso? O que é um governo abrir mão de um recurso federal porque não queria uma parceria política, não queria que políticos dissessem que bancaram.
Isso faz o nosso IPTU aumentar cada vez mais. Então, o que aprendi nesses momentos foi ter uma gestão com uma visão muitas das vezes econômica, porque 99% das prefeituras de todo o país passam por problemas financeiros que Praia Grande é difícil passar. Só passa quando acaba jogando muito dinheiro fora. E o IPTU nosso aumenta todos os anos. Não só o valor, mas aumenta em quantidade de pessoas.
Nos últimos três, quatro anos, foram mais de 50 mil pessoas para a cidade. Arrecadou muito mais. Então, tem que se construir um projeto. Isso, quando eu estava nos bastidores, fui aprendendo com exemplos. O prefeito de Guarulhos, o Guti (PSD), durante oito anos ele conseguiu congelar o IPTU. Quando você congela durante oito anos, eu coloquei no meu plano de governo congelamento com redução, o IPTU reduz porque a inflação todos os anos aumenta. Assim, começa a ter um equilíbrio.
A maioria do que aprendi de gestão pública, de detalhes, foram com experiências no dia a dia, em Brasília e em São Paulo. Creio que várias cidades têm uma gestão muito melhor que Praia Grande, que se utilizarmos de exemplo, conseguimos chegar muito mais longe.
Você trabalhou muito tempo com o Major Olímpio, que foi deputado federal, deputado estadual, senador. Qual o aprendizado você teve com ele nesse período e como seria a relação do prefeito Danilo com a Câmara de Praia Grande?
O Major Olímpio ensinou muito a ter coragem. Disputamos uma eleição em 2010, que tínhamos três carros, ele disputava a deputado estadual, um recurso mínimo, uma eleição que deve ter custado no máximo R$ 15 mil, enquanto haviam deputados gastando R$ 3 milhões. Ele subia naquele carro, tinha uma caixinha de som, ia na porta de onde haviam servidores públicos, que era a base dele, então essa coragem, essa força que ele enfrentava, esse idealismo, me ensinaram muito.
Em relação à Câmara, tenho sido questionado em outros programas, em podcasts, e quem convive e entende da política no dia a dia, por exemplo, a Praia Grande, sabe que não tem problema nenhum.
Dá para governar, não é carregando a Câmara ou tomando a Câmara para si, mas com bons projetos. Quando fui ao segundo turno em 2020, muita gente perguntou como é que foi. À época, mais ou menos 16 ou 18 vereadores me ligaram já no primeiro dia, quando estava ainda no segundo turno. Desses 18 não elegi nenhum.
Ou seja, os vereadores eleitos por outro grupo, por outra parte, já queriam fazer parte do nosso governo. Queriam, de certa forma, pensando na cidade. Então, o vereador que pensa bem na cidade, que se preocupa com as pessoas, ele estará com a gente. Não só na gestão, mas agora, durante a eleição, tem muito vereador que já se conscientizou que a cidade vive um momento que precisa de mudança.
É um processo de convencimento?
Total. Processo de convencimento e de libertação. Porque nós temos uma cidade que vive com medo. Os comerciantes têm medo do governo. Os construtores têm medo do governo. Os vereadores têm medo do governo. Está na hora de quebrar esse medo e da cidade se sentir livre, poder sorrir de verdade, ter esperança.
Tem vereadores que têm quatro, cinco mandatos e já falaram que querem que mude o governo para que eles possam trabalhar com mais vontade, sem medo. Então, o meu compromisso com a população, vereadores, comerciantes, construtores, é uma cidade sem medo. Uma cidade que tem esperança e que seja feliz.
Por isso, você colocou seu nome à disposição para quebrar essa corrente?
Exatamente. Em 2019, quando começamos a conversar sobre eleição, já tinha o intuito de disputar a Prefeitura, mas antes disso fui estudar os nomes que tem. E em nenhum dos nomes eu encontrava essa libertação, essa coragem.
Foi ali que entrei para disputar uma eleição, mas ao concorrer sem nunca ter disputado eleição nenhuma, fui muito questionado. Era uma pessoa desconhecida na cidade porque é o nosso dia-a-dia.
O açougue que eu frequentava, o Tennessee, que fica do lado do Extra, entre Guilhermina e Aviação, já havia ido nesse mais de 50 vezes. Quando me tornei candidato, na segunda semana veio o açougueiro e falou, ‘vou votar em você. O gerente comentou que você é candidato, mas é a primeira vez que vem aqui’. Contudo, eu ia quase toda semana, só que não tinha essa marca. As pessoas não me viam. Então, naquele momento comecei a enxergar.
Com o tempo só tive confirmações. Saí de 1% para terminar a eleição com quase 47%. No segundo turno, todas as pesquisas colocando na frente. Acredito que esse foi o carimbo, a confirmação de que deveria continuar nesse caminho.
Como atrair mais receitas para o município? Muito se fala no Complexo Andaraguá já há alguns anos. Você acredita que esse seja o futuro de Praia Grande? Que tipos de empresas você pretende trazer para a cidade?
O Andaraguá está se tornando uma promessa mais longa do que a ponte Santos-Guarujá. O complexo tem diversos problemas. Um desses era a questão da Funai (Fundação Nacional dos Povos Indígenas), na outra gestão já, isso quando eu estava em Brasília. Estive pessoalmente com a então ministra Damares Alves (Republicanos) e ela ajudou a agilizar esse caminho.
Porém, ali tem um problema na cidade, que poucas vezes vocês vão ouvir falar, que não seja eu falando. Muita gente que grilou o terreno. Antigamente a Praia Grande, não sei porque ou como eles conseguiam, mas eles grilavam terrenos tomados. Tem terreno lá que tem quatro donos.
Tem terreno que o dono, na verdade, nunca comprou. Ele tomou de alguém através de um processo. Existem terrenos lá mesmo, que na época registravam no Paraná, em um cartório. Se você pesquisar esse cartório, pegou fogo depois de um tempo. E o documento era só papel, não tinha registro. Então, ali tem um problema realmente com a área de quem é, de quem não é, mas faremos o possível para resolver.
O Andaraguá com certeza pode ajudar muito a cidade. Só que ele já travou muito a Praia Grande. Porque tem áreas que eram para poder construir prédios maiores e não foram construídos por conta do Andaraguá. São 10, 20, 30 anos travando. Porém, não é só assim. Primeiro, a gente tem que valorizar o comércio local. Sou comerciante. Tenho um restaurante e sei a dificuldade que é para o comerciante viver na cidade.
Valorizar o comércio como? Vou dar um exemplo muito simples, que tem já a parte social e a parte de comércio. Tem um projeto que foi trazido por mim, até pelo prefeito de Osasco, Rogério Lins (Podemos), chamado Cartão Nosso Futuro. É um cartão praticamente no mesmo perfil do Bolsa Família, mas municipal, e ele vai ajudar as pessoas, porque terá um recurso.
Esses R$ 10 milhões por mês retirados do cofre da prefeitura vão voltar. Porque vão entrar para o comércio. Esse cartão só pode ser utilizado no comércio municipal. Nas feiras do município. Estive na feira do Quietude e estão faltando 4, 5 barracas no mesmo lugar. Imagina chegar numa feira e estar vazio.
Não entendi, já é a segunda vez que cheguei. Perguntei para um dos feirantes. Ele falou que não estão tendo condição, porque pagam muito caro a mercadoria e em algumas feiras eles têm que vender um preço mais acessível e não conseguem. Então está na hora do governo começar a ajudar quem já está lá.
Em relação às empresas, é uma cidade que é instância balneária. Temos que ter um cuidado. Porém, existem mais de 100, 120 padrões de empresa para a cidade. Um exemplo muito simples é a de uniforme escolar. São R$ 16 milhões ou R$ 20 milhões, depende do ano, que a cidade compra esse material. Não temos como obrigar uma empresa a vir, mas tem sim como fazer um subsídio, abrir uma parceria para que ela se coloque na cidade e faça ali sua sede.
Então, o recurso público que estamos colocando vai entrar na cidade. Isso ajudando, principalmente as mulheres que podem trabalhar apenas meio período. Elas cuidam da sua família, dos seus filhos e, às vezes, não podem trabalhar o período inteiro. Devemos fazer dois períodos e ajudar. Porém, tem que colocar as empresas dentro da terceira zona, que é onde está a maioria da população também.
Qual é o principal desafio de quem ocupa o cargo no Executivo?
O maior desafio, realmente, hoje, é a eleição. Porque a eleição na Praia Grande é muito difícil. No entanto, a vencendo, o desafio é organizar e reduzir um pouco o custo da máquina pública.
Porque a Praia Grande não tem praticamente nenhum prédio dela. Todos são locados. Tem escolas alugadas por até R$ 250 mil de aluguel. Se tivesse feito uma compra, um parcelamento, um financiamento, essa mesma escola, que custa R$ 250 mil de aluguel, poderia custar R$ 60 mil em um parcelamento e a cidade comprar. Então, o que tem que fazer é enxugar essa máquina. Tem contratos que precisam ser revistos.
O contrato de palco, som e iluminação, que é a mesma empresa, a ATA, foi de R$ 250 milhões em um ano. A maior ATA de todo o estado de São Paulo em relação à locação de palco, som e iluminação. Maior do que da cidade de São Paulo. Acredito que nós não somos maiores do que a capital. Portanto, hoje é puxar o recurso e colocar onde deve ser feito. Porque o dinheiro público é do povo. Ele tem que chegar para a população.
A cidade tem um número de servidores que atende à demanda da cidade?
Não, não tem e não tem a valorização que eles precisam. Pela primeira vez, o servidor deu um grito de liberdade, há dois, três meses atrás. E agora vai ter a oportunidade de dar outro grito de liberdade, nas urnas. O servidor público reclama de muitos problemas.
Falta um plano de carreira, se pegar as atendentes, EDIs. Falta uma classificação como docente. Ou seja, ela faz o papel de professor, ela cuida como professor, mas não tem direito a benefícios simples que um professor tem, que não são maiores do que ninguém. Então, a gente precisa adequar e primeiro valorizar quem tem, mas precisa ampliar. Está faltando merendeira na cidade, está faltando farmacêutico, por isso que falta o remédio.
A Guarda Municipal dá para contratar pelo menos mais 200 homens e reorganizar, fazer um plano de carreira. Tem como contratar mais servidores, mas o desafio é exatamente esse. Precisa enxugar de um lado para poder investir do outro. Não dá para pagar 250 mil reais no aluguel de uma escola, sendo que dentro dela tem servidores que não estão satisfeitos, não estão conseguindo trabalhar, que fazem por dedicação.
Tem uma professora que me passou uma situação, que estava faltando papel higiênico na escola. Como é que o servidor faz? Ele traz de casa, mas muitas das vezes ele não tem condição de trazer, faltando folha de sulfite para as professoras. A professora leva o material. Então, tem que valorizar os que estão e dar sempre para ampliar. Tem condição para isso.
A sua família apoia a sua candidatura?
Totalmente. Graças a Deus. Fico até emocionado de lembrar, mas está aqui a minha esposa, a minha filhinha, que nasceu há um mês e meio. Para não ficar longe dela, falei para minha esposa vir comigo.
Minha filhinha enfrentou uma luta muito grande. Nos três primeiros dias de vida, ela ficou na UTI e abordaram diversas patologias que ela poderia ter, diversas doenças, e a gente ficou muito assustado. Mas no meio de toda essa luta, é a minha família que me ajuda. É com a minha esposa que oro, com meus filhos.
Tenho meus dois filhos que trabalham na eleição, o Juan e o Marco. A Gabby, que está sempre falando com as amigas dela da escola, quer criar projetos também. Ela tinha falado do projeto de pastel para todo mundo de graça. Eu falei, ‘calma, não é assim’, mas ela falou que os amigos queriam o pastel. Então sugeri de criar o Dia do Pastel e estudar isso. Então ela participa até ajudando nos projetos.
Além da Helena encantando. No meio das brigas, faço uma postagem, coloco ela ali, porque acredito que isso leva algo muito bom para as pessoas. No entanto, sem a família, minha mãe, minha esposa, eu não estaria nem de pé hoje.
Podemos contar com sua presença no debate, que acontece em 30 de setembro?
Pode contar, com certeza. Estive em todos os debates de 2020, nesse já confirmei a presença. Inclusive, também desafio para que todos os candidatos venham