Ciclone extratropical causa ventania e estragos na Baixada Santista; entenda o fenômeno

Por Santa Portal em 11/12/2025 às 05:00

As casinhas infláveis da Vila de Natal, em Santos, foram desinfladas e um semáforo ficou pendurado em Guarujá durante a ventania. Créditos: Santa Portal e Guarujá Mil Grau
As casinhas infláveis da Vila de Natal, em Santos, foram desinfladas e um semáforo ficou pendurado em Guarujá durante a ventania. Créditos: Santa Portal e Guarujá Mil Grau

Esta quarta-feira (10) entrou para a lista dos dias de maior instabilidade climática do ano na Baixada Santista. Rajadas que ultrapassaram os 90 km/h atingiram cidades da região, derrubando árvores, danificando estruturas e mobilizando equipes de emergência em um dia marcado pela passagem de um ciclone extratropical, fenômeno que nasceu no Sul do País, mas influenciou diretamente o litoral paulista.

O tenente Maxwell de Souza, da Defesa Civil do Estado de São Paulo, detalhou as causas, riscos e características do episódio em entrevista à Santa Cecília TV. O fenômeno é considerado comum nesta época do ano, mas tem se apresentado com intensidade cada vez maior.

O ciclone extratropical se formou no oceano, próximo ao Rio Grande do Sul, dentro de um sistema de baixa pressão atmosférica. Embora não estivesse posicionado sobre São Paulo, a circulação de ventos provocada por ele acabou canalizando rajadas do interior do país em direção ao mar, justamente sobre o território paulista.

“Ele não está na Baixada Santista. O ciclone está na área oceânica do Rio Grande do Sul. Mas a formação dele influencia diretamente os ventos e o clima em São Paulo. Os ventos vêm do centro do país, passam por nós e seguem para o oceano, alimentando o ciclone extratropical”, explicou Maxwell.

O comportamento, segundo o oficial, é típico dessa época do ano, quando massas de ar quente e úmido se elevam rapidamente e interagem com ventos frios em altitude, gerando o sistema giratório característico dos ciclones.

“Quanto mais vento ele recebe, mais forte ele fica. Ele só perde força quando vai saindo do continente, que é o que aconteceu no fim desta quarta”, disse. Aliás, a instabilidade climática dará trégua na Baixada Santista. A previsão é de sol e muitas nuvens na quinta-feira (11) e sexta-feira (12), com temperaturas que variam de 21º a 32º. A chuva só deve aparecer no final de semana, acompanhada da redução das temperaturas máximas, de acordo com o Climatempo.

Fenômeno se intensifica nos últimos anos

Ainda segundo a Defesa Civil, ciclones extratropicais não são raros, mas estão mais fortes e frequentes. O tenente Maxwell citou episódios recentes no Sul do País, como a formação de um tornado no Rio Grande do Sul na véspera e as mortes registradas em Santa Catarina após fortes enxurradas.

“O que temos observado é que os ciclones vêm ganhando intensidade. Ontem mesmo tivemos um tornado no Rio Grande do Sul e chuvas severas em Santa Catarina. Felizmente, em São Paulo, apesar dos estragos, não tivemos vítimas graves”, afirmou.

Rajadas passaram dos 90 km/h na Baixada Santista

De acordo com o monitoramento da Defesa Civil durante a passagem de um ciclone extratropical, Bertioga registrou 91,1 km/h, uma das três maiores rajadas do Estado nesta quarta-feira. Em Santos, os ventos atingiram 83,3 km/h, o suficiente para provocar quedas de árvores, danos em estruturas públicas e interdições emergenciais.

O risco maior, segundo Maxwell, ocorre justamente nas rajadas súbitas, que podem derrubar árvores maduras, placas e fachadas. De acordo com a Prefeitura, a Secretaria das Prefeituras Regionais de Santos (Sepref) informa que a Coordenadoria de Paisagismo (Copaisa) atuou com quatro frentes de trabalho distribuídas por diferentes regiões da cidade, em resposta às quedas de árvores e galhos causadas pelas fortes rajadas de vento registradas nas últimas horas.

Houve a queda de um muro do telhado de uma igreja localizada na esquina da Rua Rodrigo Silva com a Avenida Siqueira Campos, no Macuco. As casinhas infláveis da Vila de Natal, na Praça das Bandeiras, no bairro Gonzaga, foram desinfladas por conta das mudanças no tempo. A ventania provocou queda de algumas árvores decorativas do local. Por questões de segurança, foram isolados pontos, árvores, infláveis e ornamentos com risco de queda.

Na Aparecida, uma parte da ribalta (fileira de luzes) da passarela que liga o empreendimento ao Praiamar Shopping se desprendeu da estrutura. Por segurança, a área utilizada por veículos para o embarque e desembarque de passageiros, na Alameda Armenio Mendes, foi isolada.

Outras cidades

Em Cubatão, a Defesa Civil registrou diversas quedas de árvores após a ventania desta quarta-feira. Os incidentes ocorreram em diferentes bairros, como Fabril, Vila Nova, Água Fria, Parque Fernando Jorge e nas avenidas Henry Borden e Nove de Abril.

Em alguns pontos, houve danos a fiação elétrica, rede de água e veículos estacionados. A CPFL foi acionada e as vias foram sendo desobstruídas ao longo do dia. Também houve queda de parte da marquise de um prédio no Centro e vidro de janelas de um restaurante. Parte da região central chegou a ficar sem energia, afetando comércios e órgãos públicos.

Na Rodovia Cônego Domênico Rangoni, em Guarujá, uma árvore de grande porte tombou sobre a pista, bloqueando totalmente o tráfego no km 4, sentido Leste. A Ecovias atuou no local e liberou todas as faixas por volta das 15h30. A queda gerou cerca de 2 km de congestionamento. Ainda na cidade um semáforo ficou pendurado devido à forte ventania na Avenida Áurea Gonzales, no Jardim Progresso.

Em Mongaguá, os ventos provocaram 10 quedas de árvores em bairros como Agenor de Campos, Itaóca, Vila Atlântica e Vera Cruz. Houve ainda destelhamentos no prédio do CIF e na E.M. Dr. Luiz Pereira Barreto, queda de refletores na Creche Oceanópolis, rompimento de cobertura na Creche Atlântica e tombamento de poste na Estrada do Poço das Antas.

São Vicente registrou seis ocorrências de queda de árvores entre quarta e quinta-feira, além de remoções preventivas em áreas de risco. Os atendimentos ocorreram nos bairros Cidade Náutica, Catiapoã e na Avenida Alcides de Araújo. O tenente Maxwell reforçou as orientações de segurança durante a passagem de um ciclone extratropical:

  • Não fique em áreas abertas
  • Busque abrigo em prédios, comércios ou cômodos internos da casa
  • Evite permanecer próximo a árvores
  • Afaste-se de janelas
  • Não tente atravessar ruas alagadas
  • Em caso de risco, acione: 193 (Bombeiros) e 199 (Defesa Civil)
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