Baixada Santista tem pelo menos 217 mil pessoas sem acesso à coleta de esgoto
Por Marcela Morone em 30/03/2024 às 19:00
Um novo estudo do Instituto Trata Brasil revelou que, entre as cidades mais populosas da Baixada Santista, 217,3 mil pessoas não têm acesso à coleta de esgoto. O relatório leva em consideração indicadores de saneamento básico entre as 100 maiores cidades do país.
O relatório divulgado foi produzido de acordo com dados do Sistema Nacional de Informações sobre Saneamento (SNIS) tendo 2022 como ano-base.
O Santa Portal analisou os números de Santos, Praia Grande, São Vicente e Guarujá. Entre esses municípios, Guarujá foi a cidade que apresentou o maior número de pessoas sem acesso ao serviço: 80.222. O número compreende 27,89% da população guarujaense. No ranking geral de saneamento básico, Guarujá aparece em 35º lugar, 20 posições acima da colocação de 2021.
Praia Grande é a segunda cidade com mais habitantes sem acesso à coleta de esgoto, com 61 mil pessoas. No entanto, no ano de análise, a cidade foi a que mais investiu por habitante no ranking, com R$ 693,01 por pessoa. O valor é 200% maior que a meta estabelecida pelo Plano Nacional de Saneamento Básico.
Em São Vicente, 58,7 mil pessoas não têm acesso à coleta de esgoto. A cidade chegou a investir R$ 150 por pessoa na área de saneamento básico e subiu 12 posições no novo levantamento.
Santos caiu posições
Entre as cidades analisadas, Santos foi a única que caiu posições no ranking. A cidade ocupa o 8º lugar, enquanto figurava na 2ª posição no levantamento divulgado no ano passado. A cidade apresentou uma queda em todos os indicadores do relatório, que correspondem a acesso à água potável e serviço de coleta de esgoto, além de volume de esgoto tratado.
A queda mais expressiva foi notada no índice de tratamento total de esgoto, que caiu de 97,6% para 81,9% entre 2021 e 2022. O número é apenas 1,9% acima da média para que o serviço seja considerado universalizado, segundo o Instituto Trata Brasil. Além disso, mais de 17,2 mil pessoas não têm acesso ao serviço de coleta na cidade.
“O tratamento dos esgotos é o indicador que está mais distante da universalização nas cidades, mostrando-se o principal gargalo a ser superado. Temos menos de 10 anos para cumprir o compromisso de universalização do saneamento que o país assumiu para com os seus cidadãos. Ainda assim, cinco capitais da região Norte e três da região Nordeste não tratam sequer 35% do esgoto gerado. Neste ano, de eleições municipais, é preciso trazer o saneamento para o centro das discussões”, diz Luana Pretto, presidente-executiva do Instituto Trata Brasil.
Já em relação à água potável, 7 mil pessoas não tiveram acesso ao serviço em 2022 na cidade. No ano anterior, Santos chegou a alcançar o índice de 100% de atendimento total de água tratada. Apesar da queda, o índice ainda é considerado acima da média brasileira, que é de 94,92%.
O que diz a Sabesp?
A reportagem procurou a Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo (Sabesp), que detém a concessão do serviço na Baixada Santista.
Segundo a companhia, o plano de investimentos da Sabesp contempla obras atualmente em execução e projetos em preparação para alcance da universalização dos serviços na região. De acordo com o posicionamento da empresa, R$ 2 bilhões já foram investidos na Baixada Santista desde 2007 por meio do Programa Onda Limpa, que visa ampliar a cobertura da coleta e tratamento dos esgotos.
“As cidades de Guarujá, Praia Grande e São Vicente estão com obras em andamento. Em São Vicente, o Onda Limpa atua nos bairros da área continental Jardim Quarentenário, Jardim Irmã Dolores e Jardim Rio Negro. Já em Guarujá, o programa amplia a coleta de esgoto dos bairros Perequê, Jardim Enseada e Jardim Virgínia. Em Praia Grande, além das obras de melhorias no bairro Canto do Forte, a Sabesp irá ampliar a área de cobertura de esgotamento sanitário nos bairros Balneário Esmeralda, Ribeirópolis e adjacências, Nova Mirim, Anhanguera, Quietude e Tupiry até 2025“, diz a nota.