Mesmo com punição, Briosa joga em casa na última rodada da A2; ingressos estão à venda
Por Rodrigo Martins em 06/03/2025 às 15:00

A Portuguesa Santista abriu a venda de ingressos para o jogo decisivo contra o Votuporanguense, no próximo sábado (8), às 15h, no Estádio Ulrico Mursa. Apesar da suspensão de um mando de campo imposta pelo Tribunal de Justiça Desportiva (TJD-SP), além de multa de R$ 50 mil, a Briosa poderá jogar em seu estádio, na partida que vale a permanência na Série A2 do Campeonato Paulista.
Isto porque, a Federação Paulista de Futebol informou ao clube rubro-verde que a punição é válida apenas cinco dias após a homologação da condenação – que seria hoje -, conforme prevê o regulamento da Série A2 do Paulistão. Portanto, a Portuguesa Santista não precisou entrar com o pedido de efeito suspensivo e poderá jogar em sua casa no sábado.
“Acabou não havendo a necessidade de entrar com o recursos pedindo efeito suspensivo nesse sentido, porque a previsão no regulamento de competições que as punições da perda de mando de campo elas são cumpridas a partir do quinto dia útil contados da data do julgamento, até pelas previsões legais de informação para a Federação sobre volume de ingressos e todas as demais questões de credenciamentos. O regulamento traz essa previsão, de que as punições da perda de mando de campo passarão a valer após cinco dias úteis da data do julgamento. Portanto, a punição não atingirá esse jogo de sábado. Desta forma, a partida está confirmada para Ulrico Mursa, com presença de público”, explicou Rafael Cobra, advogado da Briosa.
A Portuguesa Santista vive situação dramática na A2. Em 14º lugar na tabela, o time rubro-verde precisa de uma vitória em casa para se garantir na segunda divisão do Estadual em 2026, sem depender dos adversários. Porém, em caso de tropeço contra o Votuporanguense, a Briosa ficará na dependência do resultado do confronto entre São Bento e Rio Claro, em Sorocaba. As duas equipes brigam com a Portuguesa Santista pela permanência na A2.
Veja os cenários possíveis:
- Em caso de vitória, a Briosa não depende de mais ninguém
- Em caso de empate no seu jogo, a Portuguesa Santista terá que torcer por um empate entre São Bento e Rio Claro
- Caso a Briosa seja derrotada em casa, se houver empate ou um vencedor na partida entre São Bento e Rio Claro, a Portuguesa Santista estará rebaixada
Punição
O clube foi responsabilizado com base no artigo 243-G, parágrafos 1º e 2º, do Código Penal de Justiça Desportiva. Esse artigo define como infração a prática de atos discriminatórios relacionados a preconceitos por etnia, raça, sexo, cor, idade, condição de pessoa idosa ou deficiente, e estabelece punições como multa ou até a perda de pontos. A perda de pontos foi impedida pelo advogado do clube, Rafael Cobra, que conseguiu desqualificar a denúncia.
Caso a perda de pontos fosse aplicada, a Portuguesa Santista seria rebaixada diretamente para a Série A3 do Campeonato Paulista.
Como a perda de mando não será cumprida na última rodada da A2, a punição fica pendente para o próximo jogo da equipe como mandante, nos torneios organizados pela FPF.
Venda de ingressos
A diretoria da Briosa anunciou uma novidade na venda de ingressos para o duelo decisivo de sábado: exclusivamente para aqueles que adquirirem suas entradas na secretaria do clube (Av. Sen. Pinheiro Machado, nº 240) e levarem 1 kg de alimento não perecível (que será doado para o Fundo Social de Solidariedade de Santos), o ingresso para arquibancada descoberta sai por R$ 10,00.
Nos demais pontos de venda e para compra on-line, seguem os valores de meia-entrada dos últimos jogos – R$ 25,00 para arquibancada descoberta e R$ 35,00 para arquibancada coberta.
O caso
O caso de injúria racial ocorreu dia 20 de fevereiro, no jogo contra o São José, em Ulrico Mursa. o confronto foi interrompido aos 76 minutos (31’ do 2T) depois que o goleiro da Briosa foi alvo das ofensas. O atleta disse na delegacia que foi xingado de “macaco filho da p*ta, preto e preto vagabundo”.
Um vídeo de um grupo de 40 a 50 torcedores, gravado logo após o início das ofensas racistas, foi entregue ao delegado. “Na hora dos xingamentos, Tom estava de costas e não viu quem o insultou, mas os outros jogadores conseguiram visualizar aquele que começou tudo e o identificaram na filmagem”, contou a autoridade policial.
A partir dessa identificação visual, os investigadores do 2º DP realizaram diversas pesquisas em “fontes abertas”, que incluem redes sociais, e descobriram o nome, o endereço e outros dados do acusado.
Torcedor negou
O torcedor prestou depoimento no dia 24, no 2º DP de Santos. Ele também é negro e negou qualquer manifestação preconceituosa contra o atleta.
Segundo o suspeito declarou ao delegado Marcelo Gonçalves da Silva, além de não proferir ofensa decorrente de raça ou de cor contra o goleiro ou qualquer outra pessoa, não teria lógica alguma ele realizar insultos com viés racista porque é negro. Com 30 anos de idade e vistoriador de contêineres, ele mora em Guarujá e não teve o nome divulgado.
O investigado admitiu que “torcedores”, sem revelar nomes, xingaram o goleiro de “filha da puta” e outros palavrões, mas sem cunho racista.
O torcedor contou que apenas soube dos insultos racistas pelo policiamento do estádio. Após o término da partida por causa da confusão, ele ainda permaneceu com outros torcedores por mais dez minutos no local. O objetivo do grupo era identificar quem na arquibancada teria feito os insultos racistas, mas ninguém presenciou ou ouviu essa ação.