"Perspectivas de exportação são muito favoráveis ao mercado brasileiro", afirma especialista no setor cafeeiro

Por Rodrigo Cirilo em 24/05/2024 às 11:00

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Na contramão de outros países produtores de café que diminuíram o volume de produção, o Brasil chega ao Dia Nacional do Café, celebrado nesta sexta-feira (24), com a expectativa aumentar o faturamento e exportar 46,3 milhões sacas na safra 2023-2024, que se encerra em junho. O panorama, discutido durante o XXIV Seminário Internacional do Café, que aconteceu de terça a quinta-feira (21 a 23), em Santos, animou os representantes do setor cafeeiro nacional. No entanto, alertou para possíveis desafios de infraestrutura do Porto de Santos.

“As perspectivas de exportação são muito favoráveis ao mercado brasileiro. Uma vez que o consumo mundial de café tem aumentado exponencialmente, principalmente na Ásia (especialmente China). Ao mesmo tempo, a produção tem caído nos países tradicionalmente produtores de café, como os localizados na América Central, África Oriental e o Vietnã”, apontou a diretora da Café Floresta, Daniela Fernandes.

A sustentabilidade da cafeicultura no Brasil é outro quesito apontado pela especialista que influencia positivamente a expectativa de crescimento do setor. De acordo com Daniela, o número de regiões produtoras brasileiras certificadas com o selo DOC (Denominação de Origem Controlada), que garante a padronização da produção, é superior ao de outros países.

“Isso nos dará larga vantagem competitiva internacional quando falamos em ESG, que definem se uma empresa é socialmente consciente, sustentável e corretamente gerenciada. Somado ao fato de uma crescente demanda mundial pela bebida, arrisco dizer que, dependendo de fatores climáticos propícios, o agronegócio no Brasil ainda tem grande área arável em hectares, em comparação com outros países produtores, o que indica que teremos bons anos dourados, ou maduros, pela frente”.

Em contrapartida, Daniela explica que, além dos desafios climáticos, o Porto de Santos, sobrecarregado com aproximadamente 80% das exportações, pode frear o aumento do setor cafeeiro nacional. “É um dos grandes desafios do setor em relação à exportação. Será preciso investimentos na infraestrutura do porto e no acesso ao porto, lembrando que as condições logísticas muitas vezes atrasam os embarques. Em um curto espaço de tempo, esse gargalo pode se tornar um fator impeditivo de crescimento e até de deslocamento de divisas para outros portos”.

Amor pelo café

A boa expectativa de produção e exportação nacional é celebrada pelas 16 marcas de café que atuam na região. A Café Floresta, empresa familiar santista com 84 anos de história e pioneirismo em diversas atividades no café industrializado, é uma delas. A instituição contribuiu para diversas iniciativas que ajudaram a desenvolver a cafeicultura nacional, como a participação na implantação do Programa de Qualidade do Café (PQC), que passou a distinguir as categorias da bebida entre tradicionais, superiores e gourmet.

“Fomos pioneiros em lançar cafés de qualidade superior e gourmet, nossos regionais, que até hoje estão em linha. Participamos ativamente junto à ABIC na elaboração de leilões dos melhores cafés do Brasil, os cafés premiados, incentivando outras torrefações também a participarem, onde comprávamos café cru a preços mais remuneratórios para os produtores e, ao mesmo tempo, mostramos aos consumidores a possibilidade de outros sabores característicos do café”.

A Floresta abriu, em 1970, a Casa do Café no Porto de Santos, voltada para atender turistas estrangeiros. Na década de 70, também foi inaugurada a coffee shop da Praça Independência, que segue em operação até os dias de hoje. Para Daniela, o amor é o que mantém a empresa ativa e pensando em inovações há tanto tempo.

“É um mercado muito complicado e competitivo, mas o amor ao negócio e ao café faz a Café Floresta atuar há quase um século. Estamos na terceira geração e acredito que sejamos uma das poucas torrefações ainda familiares 100% brasileiras a persistirem por tanto tempo”.

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