Novonor estuda leilão do túnel Santos-Guarujá, que também atrai chineses e europeus
Por Thiago Bethônico/Folha Press em 16/02/2025 às 12:00
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O leilão do túnel Santos-Guarujá está em estudo por grupos brasileiros, chineses e europeus. Segundo informações obtidas pela reportagem, o projeto atraiu nomes já conhecidos do mercado nacional de infraestrutura, como Novonor (antiga Odebrecht) e Queiroz Galvão, além de gigantes estrangeiros do setor.
A licitação está prevista para 1º de agosto e deve ser uma das maiores do ano. Com investimentos previstos na casa de R$ 6 bilhões, a PPP (parceria público-privada) é a maior obra da carteira do Novo PAC (Programa de Aceleração do Crescimento), fruto de acordo selado entre o Governo de São Paulo e o presidente Lula.
Segundo pessoas com conhecimento do assunto, empresas já apresentaram interesse no projeto e vêm organizando consórcios para fazer proposta no leilão.
Um desses consórcios seria encabeçado pelo gigante chinês CCCC, um dos maiores grupos de construção do mundo. A estatal participaria junto com a Mota Engil, de Portugal, e com a brasileira Concremat.
À reportagem a Novonor confirmou interesse no projeto e afirmou que vem estudando a melhor modelagem de participação. De acordo com uma pessoa a par das discussões, a companhia pode integrar um consórcio ao lado da EGTC Infra, empresa do grupo Queiroz Galvão. Procurada, a EGTC disse que não comentaria.
Outra interessada no projeto seria a italiana Webuild, uma das maiores empresas de infraestrutura do mundo, formada após fusão da Salini e Impregilo. O grupo foi responsável por obras do metrô de Milão, expansão do Canal do Panamá, construção de estádio de Copa do Mundo no Qatar, entre outros grandes projetos.
A reportagem apurou que a empresa demonstrou interesse em voltar a investir no Brasil, principalmente em projetos de alta complexidade. A companhia (por meio da Impregilo) teve participação na EcoRodovias, mas vendeu sua parte em 2013.
Representantes da Webuild teriam se reunido com o governador Tarcísio de Freitas (Republicanos) para tratar do projeto do túnel.
Também estariam estudando a obra a espanhola Acciona – que atualmente está à frente da construção da Linha 6-Laranja do metrô de São Paulo – e a EcoRodovias.
Em nota, a Acciona disse estar constantemente analisando oportunidades no setor de infraestrutura que estejam alinhadas à sua estratégia de negócios e de gerar impacto positivo para a sociedade.
“O mercado brasileiro apresenta ativos relevantes e a Acciona está preparada para trazer toda a sua expertise global para contribuir com o crescimento do país”, afirmou.
A Concremat disse que não comentaria. Procuradas, Ecorodovias, Webuild, CCCC e Mota Engil não responderam até a publicação desta reportagem.
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) chegou a um acordo com Tarcísio sobre quem fará a licitação do túnel Santos-Guarujá. O edital será lançado pelo governo paulista, decisão que coloca fim ao impasse político que cercava a obra.
Vistos como potenciais adversários eleitorais, Lula e Tarcísio estão de olho no capital político que pode ser gerado pelo empreendimento. O túnel, que será o primeiro submerso de grande extensão do Brasil e o maior da América Latina, atende a uma demanda histórica da Baixada Santista, uma promessa de décadas que nunca saiu do papel.
Hoje, mais de 21 mil veículos cruzam diariamente as duas margens utilizando balsas e catraias, além de 7.700 ciclistas e 7.600 pedestres. Com a nova estrutura, a travessia será feita em poucos minutos, reduzindo filas e otimizando o fluxo logístico do Porto de Santos.
A estrutura terá 1,5 km de extensão, sendo 870 metros submersa. Haverá três faixas de rolamento por sentido, com uma delas para a passagem do VLT (Veículo Leve sobre Trilhos). O túnel também terá acesso para travessia de pedestres e ciclistas.