Governo de SP anuncia trajeto da 3ª pista da Imigrantes, que promete desafogar porto de Santos
Por Thiago Bethônico/Folhapress em 10/01/2025 às 10:00
O Governo de São Paulo vai divulgar nesta sexta-feira (10) o projeto da terceira pista da rodovia dos Imigrantes, principal ligação entre a capital e a Baixada Santista e cuja ampliação promete desafogar o acesso ao porto de Santos.
A reportagem teve acesso ao traçado da nova rodovia, que terá 21 quilômetros de extensão e uma inclinação menor que a atual via de descida, possibilitando o tráfego de veículos pesados no sentido litoral paulista.
Em razão do aclive e dos longos túneis, os 20 mil caminhões que acessam diariamente o porto de Santos não podem usar a Imigrantes, apenas a Anchieta. Por isso, a terceira pista é considerada uma das principais soluções para resolver os gargalos de acessibilidade da principal porta de saída das exportações do país, que vive sob o risco de colapso.
Com o novo trecho, o governo paulista estima que a capacidade de tráfego de veículos pesados no sistema Anchieta-Imigrantes aumentará em 145%. Considerando todos os automóveis, a ampliação será de 25%.
De acordo com a SPI (Secretaria de Parcerias em Investimentos), o custo da construção ainda não foi definido, mas a estimativa é de algo entre R$ 6 bilhões e R$ 8 bilhões, com prazo de conclusão para 2031.
O projeto que será apresentado nesta sexta prevê uma nova pista no trecho de serra com 21,5 quilômetros de extensão, compostos principalmente por túneis, que somam 17 quilômetros, além de 4 quilômetros de viadutos. A estimativa é que um dos túneis tenha 6 quilômetros de extensão, o que faria dele o maior do Brasil.
Com duas faixas de rolamento e um acostamento com possibilidade de ser revertido em faixa de tráfego, a terceira pista terá início no quilômetro 43 da rodovia dos Imigrantes. Na Baixada Santista, a conexão será no quilômetro 265 da Rodovia Cônego Domênico Rangoni (SP-055), próximo ao Polo Industrial de Cubatão.
O foco do projeto é permitir a descida de veículos pesados. Automóveis de passeio também poderão usar o trecho, mas o trajeto para Baixada Santista ficará um pouco mais longo em relação à via atual.
“Quem vai para o litoral sul, Santos, Praia Grande, São Vicente, Itanhaém, Mongaguá vai pegar a pista atual. Quem vai para o litoral norte, Guarujá, Bertioga, São Sebastião pegará a nova”, diz Rafael Benini, secretário de Parcerias em Investimentos.
O anúncio vem um ano após o governo estadual autorizar a Ecovias, concessionária responsável pelo sistema Ancheita-Imigrantes, a elaborar o projeto executivo, que deve ficar pronto em 2026. Esse documento terá todas as diretrizes da obra, indicação de técnicas de construção, prazo de execução e custo total do empreendimento.
Benini explica que a nova pista entrará no contrato da Ecovias, que será responsável pela execução da obra. Posteriormente, o governo fará um aditivo para reequilibrar os valores pagos pela concessionária.
Os caminhos possíveis para esse reajuste contratual são: aumento de tarifa, extensão do prazo de concessão, aporte de recursos públicos ou destinação da receita pelo aumento de tráfego para o governo.
Em nota, a Ecovias disse estar orgulhosa por fazer parte desse projeto, “que será de grande importância para o desenvolvimento do estado de São Paulo e do Brasil”.
Segundo a concessionária, as etapas do empreendimento ocorrem conforme o prazo previsto e, no momento, a empresa está dedicada ao desenvolvimento dos projetos funcional, básico e executivo, que trarão todos os detalhes da obra.
Atualmente, o sistema Anchieta-Imigrantes está no limite diante do alto fluxo de veículos. Só nesta operação verão, que vai de dezembro a fevereiro, a expectativa é que 3,6 milhões de veículos trafeguem pelas rodovias.
Por se tratar de um acesso importante para o litoral e para o porto de Santos, parlamentares defendiam a necessidade de uma terceira pista para ligar a Baixada Santista à capital.
“Tenho certeza que esse é o projeto mais importante para o desenvolvimento do porto de Santos e para diminuir os gargalos que a gente sofre na chegada e na saída dos caminhões na Baixada Santista”, diz a deputada estadual Solange Freitas (União Brasil), que preside a frente parlamentar da 3ª Pista da Imigrantes.
Segundo ela, a preocupação agora é com as obras complementares, pois não adianta fazer mais uma rodovia se, na Baixada Santista, não forem executados projetos adicionais, como o segundo viaduto da Alemoa, bairro onde está localizado o porto, e as avenidas perimetrais.
Para o presidente da Autoridade Portuária de Santos, Anderson Pomini, o anúncio é a notícia mais importante que o porto e o agro brasileiro poderiam ter. Segundo ele, os terminais devem fechar com uma movimentação de 180 milhões de toneladas.
“Ainda hoje, 60% do modal que utiliza o porto, o rodoviário, desce a Serra do Mar pela histórica Via Anchieta, já que a rodovia dos Imigrantes, por sua inclinação de 6%, não permite a descida de caminhões pesados. A solução da ligação Planalto-Baixada é também a principal solução para o gargalo rodoviário que afeta o mais importante porto do hemisfério sul”, afirma.