Caminhoneiros encerram greve no Porto de Santos após acordo com transportadoras
Por Santa Portal em 08/11/2021 às 19:33
Os caminhoneiros que estavam em greve no Porto de Santos há uma semana declararam o fim da paralisação na noite desta segunda-feira (8). As atividades retornarão imediatamente, segundo o sindicato.
Luciano Santos de Carvalho, presidente do Sintraport (Sindicato dos Operários e Trabalhadores Portuários), afirma que 68 transportadoras participaram de uma reunião nesta segunda, e um acordo comercial foi feito.
“Chamamos em reunião as transportadoras e fizemos um acordo comercial, onde as mesmas irão cumprir o frete mínimo e mais 10% de aumento nesse primeiro momento, e em dezembro, mais 20%”, disse o presidente do Sintraport.
Cerca de 400 caminhoneiros participaram da reunião, segundo o sindicato, incluindo trabalhadores da Baixada Santista e de outros locais. “O acerto foi um acordo comercial para seguir o piso mínimo de frete, segundo a tabela de referência. O ministro [da Infraestrutura] me ligou e falou que o aumento do diesel precisa ser tirado do frete, então aumentou o diesel, aumentou o frete”, explica Carvalho.
Sobre a reivindicação da aposentadoria especial aos caminhoneiros, o presidente do Sintraport disse que, em conversa com o ministro da Infraestrutura, Tarcísio Gomes de Freitas, ficou definido que a questão será passada ao setor competente.
A advogada Luciana Saldanha, que atua no Sindicato dos Caminhoneiros (Sindicam), diz que a negociação foi feita por um grupo com líderes do movimento. “Montamos uma pauta e abrimos, através do sindicato, a possibilidade de um acordo comercial entre as empresas que aderirem a essa minuta, esse acordo firmado entre eles”.
Segundo a advogada, as atividades devem retornar a partir de terça-feira (9), e já passa a valer o novo acordo comercial com as empresas que aderiram às demandas após a reunião, incluindo o novo valor do frete negociado entre as partes.
Autoridade portuária
Em nota enviada pela Santos Port Authority (SPA), a autoridade portuária informou que o Porto de Santos não parou de operar durante manifestação. Leia a nota completa:
“Caminhoneiros autônomos que atuam no Porto de Santos encerraram a greve que completou uma semana nesta segunda-feira (8). Em assembleia realizada nesta tarde, a categoria decidiu retornar ao trabalho. Os autônomos representam aproximadamente 30% dos caminhoneiros que atuam no Porto de Santos.
O acesso ao Porto de Santos fluiu normalmente durante esse período, sem retenção ao tráfego nem concentração de caminhões parados.
A Polícia Militar do Estado de São Paulo, a Polícia Rodoviária Federal, a Polícia Federal e a Guarda Portuária, sob a coordenação da Comissão Estadual de Segurança Pública nos Portos, Terminais e Vias Navegáveis (Cesportos-SP), órgão responsável pela segurança pública portuária, atuaram numa força-tarefa estratégica para garantir a fluidez das cargas por meio do maior porto marítimo da América Latina. Um efetivo de 200 homens foi destacado para formar um grande corredor de segurança desde o acesso aos terminais até a subida da Serra do Mar.
As forças de segurança realizaram escoltas de caminhões na saída, na chegada e dentro do Porto para evitar atos de vandalismo e garantir a segurança dos que não aderiram à greve. Polícia Militar do Estado de São Paulo e Polícia Rodoviária Federal fizeram patrulhamento aéreo sobre o Porto e acessos em esquema 24/7.“
Maior custo para o Porto
O diretor de assuntos portuários do Sistema Santa Cecília de Comunicação, Casemiro Tércio, afirma que a greve dos caminhoneiros gerou custos extras para as empresas que operam no Porto de Santos. Por conta da greve, navios que precisavam descarregar no Porto de Santos precisaram pagar pelo tempo extra na área de fundeio.
“A greve de caminhoneiros deixou suas sequelas. Apesar de serem praticamente sete dias de greve, quem operava na descarga direta sofreu as consequências pelo bloqueio da operação na descarga entre o costado do navio e os armazéns”, diz Tércio.
“No caso dos contêineres, alguns deixaram de chegar aos seus terminais. A operação marítima continuou, ou seja, todos os contêineres de importação chegaram ao terminal. Aqueles que já estavam no terminal seguiram caminho e podemos classificar que, aqueles que deixaram de chegar aos terminais, ficaram para a próxima escala. Com relação às cargas ferroviárias, tudo normal, não sofreu nenhum problema na operação”, completou.
Segundo o especialista, o ponto crucial é que os navios que deixaram de operar pagaram a estadia extra na área de fundeio. “Isso obviamente teve consequências financeiras. O que a gente pode avaliar é que o Porto continua a sua vida, porém custando mais. A greve deixou um custo maior para o Brasil, um custo maior para a operação em Santos. Diga-se de passagem, uma greve que só aconteceu em Santos”, comentou.