Três guardas municipais são acusados de agredir trabalhador em abordagem ilegal

Por Santa Portal em 01/11/2023 às 11:33

Arquivo Pessoal
Arquivo Pessoal

Um caseiro de 41 anos acusa três guardas civis de Guarujá de o terem agredido com soco, tapa e chute durante uma abordagem que, independentemente da violência relatada, não é típica da atuação de agentes municipais, mas de policiais militares ou civis, desde que haja fundada suspeita ou justo motivo. Ainda conforme a vítima, o trio da Guarda Civil de Guarujá jogou spray de pimenta em seus olhos. A Polícia Civil e a GCM apuram o caso.

A caminho do imóvel do onde trabalha, na Avenida Manoel Nascimento Júnior, no Jardim Virgínia, o caseiro pedalava uma bicicleta, quando foi abordado pelos agentes, que ocupavam uma viatura. A residência fica a um quarteirão da Praia da Enseada e, segundo o caseiro, ele estava a cerca de 10 metros dela no momento em que o veículo oficial foi “jogado” em sua direção, forçando a parada.

Era final da tarde do último domingo (29) e, do interior da viatura, como se fossem policiais, os guardas apontaram as suas armas para o caseiro e determinaram que ele levantasse a camiseta. O trabalhador trazia apenas o seu celular na cintura e, ainda assim, os agentes municipais mandaram que ele encostasse na parede. Em seguida, dois integrantes da GCM desembarcaram, permanecendo o terceiro ao volante.

Conforme o caseiro, com rispidez e truculência, um dos guardas o agrediu com um soco na boca e um chute na perna, enquanto o outro desferiu um tapa no rosto. Ao dizer que tiraria uma foto da viatura, o trabalhador deixou os agentes ainda mais enfurecidos, motivando aquele que deu o tapa a jogar o spray de pimenta em seu rosto. Por causa da ação do produto químico, a vítima ficou sem enxergar por mais ou menos três minutos.

Do interior da viatura, o guarda que a dirigia, segundo o caseiro, deu a seguinte justificativa: “Você apanhou porque é burro e ignorante”. Nesse momento, a vítima retrucou que a sorte dela era estar naquela região, porque, se fosse em um local afastado, seria morta. O motorista, então, disse “com certeza, não dá nada”. Os demais agentes, então, passaram a acusar o trabalhador de “desacato”.

Porém, apesar da imputação que fizeram, os guardas não levaram o caseiro à delegacia para o registro do suposto crime de desacato. Ao contrário, foram embora, não sem antes arremessar as chaves e o celular do cidadão no chão. Por meios próprios, a vítima passou por atendimento médico na Unidade de Pronto Atendimento (UPA) da Enseada e compareceu à Corregedoria da GCM, onde denunciou a violência.

Após prestar depoimento na Corregedoria, o caseiro reconheceu por meio de fotografia, no próprio órgão, os autores da abordagem. Em seguida, ele compareceu à Delegacia de Guarujá, onde a delegada Liliane Lopes Doretto registrou o caso como lesão corporal dolosa (agressão) e abuso de autoridade, por submeter a vítima a “situação vexatória ou a constrangimento não autorizado em lei”.

Advertência a demissão

Segundo nota enviada pela assessoria de imprensa da Prefeitura de Guarujá ao Santa Portal, os fatos narrados não condizem com a “filosofia da instituição”, que passa por “treinamento e requalificação constante em relação a procedimentos e protocolos de abordagem”. Conforme o comunicado, após ser informada sobre a denúncia, a Corregedoria da GCM, imediatamente, instaurou procedimento para apurá-la.

Caso seja confirmado o episódio, será aberto processo administrativo disciplinar que pode resultar em sanção, que vai desde advertência à demissão por justa causa. A nota não respondeu a questionamento do Santa Portal se os três acusados ainda continuam escalados para as atividades operacionais e de posse dos armamentos funcionais ou se foram, preventivamente, afastados das ruas e tiveram as armas recolhidas. (EF)

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