Seguranças são acusados de espancar jovem após ele pedir cigarro na Riviera de São Lourenço

Truculência, covardia e abuso de autoridade em razão de um simples pedido de cigarro. Por esse motivo, seguranças da Riviera de São Lourenço, um dos mais luxuosos empreendimentos imobiliários do Litoral, estão sendo acusados de espancar um jovem. Ele foi encaminhado ao Pronto-Socorro de Bertioga, onde enfaixou o braço esquerdo, e recebeu alta com a orientação de que precisará passar por cirurgia.

Natural de Petrolândia (SP), município pernambucano na região do Vale do São Francisco a cerca de 400 quilômetros da capital Recife, o carpinteiro C.G.D.S., de 29 anos, contou que estava na praia em frente à Riviera, por volta das 18 horas de sábado (15), quando pediu um cigarro a um banhista. Ele teve o pedido atendido, porém, outro homem, que supõe ser segurança do local, o recriminou pela solicitação feita e o agrediu.

Um cano de ferro foi usado pelo suposto segurança na violência e a vítima se afastou dele para não ser mais agredida. Em seguida, o rapaz sentou-se próximo a uma passagem de acesso a uma avenida do empreendimento, porque sentia muitas dores. Enquanto se recuperava, o carpinteiro foi novamente abordado, desta vez por dois seguranças uniformizados, que o levaram a um beco e deram sequência ao espancamento.

O jovem detalhou que levou chutes e foi obrigado a sentar sobre as mãos para não poder reagir. Os seguranças determinaram que ele ficasse assim até a chegada de uma viatura da segurança da Riviera de São Lourenço com a inscrição “canil”. Colocado no veículo, o rapaz foi levado para outro ponto do condomínio, onde foi embarcado em uma ambulância também do empreendimento e deixado no pronto-socorro público.

O carpinteiro permaneceu durante a noite e a madrugada no pronto-socorro, recebendo alta pela manhã de domingo (16). Devido à situação de vulnerabilidade do jovem, que se encontra em situação de morador de rua, foi solicitado o seu acolhimento na Casa de Passagem de Bertioga até que ele seja operado. A instituição é administrada pela Secretaria Municipal de Desenvolvimento Social, Trabalho e Renda.

Boletim de ocorrência para apurar o crime de lesão corporal dolosa foi registrado na Delegacia de Bertioga na tarde de domingo. O Santa Portal ligou para o telefone de emergência da segurança da Riviera de São Lourenço e foi atendido por um homem que se identificou por “inspetor de segurança Fernando”. Ele alegou não ter ciência do episódio, bem como do uso da viatura do canil e da ambulância no caso.

Ainda no domingo, o Santa Portal tentou entrar em contato com a assessoria de imprensa da Riviera, mas ninguém atendia ao telefone fixo informado no site do próprio empreendimento. Novo contato foi feito na manhã desta segunda-feira (17), sendo enviada nota oficial às 15h30. O comunicado nega qualquer agressão ao carpinteiro por parte de seguranças, colocando em xeque a sua versão e o contato feito pela Reportagem.

Confira a íntegra da nota:

“Ao contrário do que foi citado na reportagem, a equipe de segurança de Riviera de São Lourenço não teve qualquer envolvimento com a agressão relatada na matéria. Esclarecemos que, por volta das 11h20 de sábado, dia 15, foi relatada por ambulantes locais a presença de um homem na praia, que estaria perturbando os banhistas. Ele teria sido abordado por pessoas no local, sem a presença das equipes de segurança de Riviera.

Essa pessoa teria, então, saído da faixa de areia e percorrido as ruas de Riviera. Por volta das 12 horas, uma equipe da segurança da Associação encontrou esse homem na rua, com ferimento no braço. Esse homem tinha sinais de perda de autodiscernimento e em nenhum momento relatou ter sido ferido na praia.

Às 12h04, a equipe de segurança acionou uma ambulância, que o levou ao Hospital de Bertioga. Todo o ocorrido ficou registrado na comunicação interna da equipe de segurança e nos registros operacionais. O departamento de Segurança da Riviera está à disposição para a colaboração com a polícia na identificação do agressor. A ouvidoria da Riviera de São Lourenço também informa que durante o período do fato não registrou nenhum contato de jornalistas em busca de informações.”