Relatório do governo Trump sobre direitos humanos cita operações policiais na Baixada Santista

Por Marcela Morone em 13/08/2025 às 10:00

Reprodução/The White House/www.whitehouse.gov
Reprodução/The White House/www.whitehouse.gov

O Departamento de Estado dos Estados Unidos divulgou, nesta terça-feira (12), um relatório sobre a situação dos direitos humanos no Brasil e alegou que houve piora no cenário nacional, em continuidade às críticas feitas pelo presidente Donald Trump ao judiciário brasileiro. O documento cita denúncias de execuções cometidas por policiais durante as operações Escudo e Verão, realizadas na Baixada Santista.

O texto cita o caso de Fábio Oliveira Ferreira, morto em julho de 2023 durante a Operação Escudo, em Guarujá. Na ocasião, dois policiais das Rondas Ostensivas Tobias de Aguiar (Rota) foram acusados de homicídio qualificado e de ocultar provas.

De acordo com as acusações, o capitão que coordenou a ação teria disparado três vezes contra Ferreira após ele se render. Já um cabo, também da Rota, teria atirado duas vezes no peito da vítima quando ela estava caída no chão.

Em dezembro do ano passado, ambos foram absolvidos pela Justiça paulista. O Ministério Público do Estado recorreu e, até o fim de 2024, o recurso ainda estava em análise.

Relembre as operações policiais

A Operação Escudo foi realizada entre julho e setembro de 2023, com duração de 40 dias, e resultou na morte de 28 civis. A operação foi deflagrada após o assassinato do soldado Patrick Bastos Reis, da Rota, em Guarujá.

Já a Operação Verão, realizada anualmente nas cidades do litoral paulista e iniciada em dezembro, teve sua terceira fase deflagrada em 2 de fevereiro de 2024, com foco específico no combate ao crime organizado na Baixada Santista. Em quatro meses de ações, foram registradas 56 mortes em intervenções policiais nas cidades de Santos, Guarujá, São Vicente, Praia Grande, Itanhaém e Cubatão.

A Operação Verão teve início após a morte de Samuel Wesley Cosmo, também soldado da Rota, atingido por um disparo no olho durante operação no bairro Bom Retiro, em Santos. A operação é considerada a mais letal do estado de São Paulo desde o massacre do Carandiru, na Capital, em 1992.

Críticas ao Brasil

O relatório afirma que os direitos humanos no Brasil “pioraram ao longo do ano” de 2024. O documento destaca, ainda, que o Supremo Tribunal Federal (STF) tomou medidas “amplas e desproporcionais” que comprometeram a liberdade de expressão e o acesso à internet. O texto menciona que o ministro Alexandre de Moraes “ordenou pessoalmente a suspensão de mais de cem perfis de usuários na plataforma X (antigo Twitter)”, em um ato que, segundo o relatório, “suprimiu desproporcionalmente o discurso de defensores do ex-presidente Jair Bolsonaro”.

A agência Reuters e o jornal americano The Washington Post apontaram que o relatório foi “significativamente alterado e encurtado” pela administração Trump para alinhar o conteúdo do documento com a agenda política do governo atual. As denúncias presentes no documentos incluem, por exemplo, missão de temas como direitos LGBTQIA+ e violência de gênero.

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