Presos por tráfico de cocaína avaliada em R$ 80 milhões eram vigilantes de terminal
Por Santa Portal em 08/06/2022 às 10:01
Os quatro homens presos durante a operação da Polícia Federal (PF) deflagrada na manhã de terça-feira (7) para reprimir o tráfico internacional de drogas pelo Porto de Santos são vigilantes de uma empresa de segurança privada.
Os acusados, que eram funcionários da empresa terceirizada, trabalhavam no terminal da Hipercon, situado na Rua Augusto Scaraboto, na Alemoa, em Santos, quando permitiram que outras pessoas entrassem no local para estufar um contêiner com 603 quilos de cocaína, segundo levantamentos da PF.
Acondicionada em sacos de ráfia, a droga foi escondida em um carregamento de grãos de milho, cujo destino seria Portugal. Antes, haveria o transbordo do contêiner no porto holandês de Roterdã.
O plano só não deu certo porque agentes da Receita Federal descobriram o contêiner com a cocaína no último dia 6 de abril, durante inspeção no terminal marítimo da Brasil Terminal Portuário (BTP), antes que ele fosse despachado para a Europa por meio do navio MSC Michela.
Naquela ocasião, não houve flagrante e eram ignorados os envolvidos no esquema. Durante a apuração da cadeia logística do contêiner antes que ele chegasse ao terminal da BTP, a PF apurou que o cofre de carga entrou vazio na empresa Hipercon, em 21 de março.
Com a colaboração desta empresa, que forneceu as imagens de suas câmeras de segurança, a PF concluiu que a contaminação do contêiner com a cocaína ocorreu no dia 26 de março, um sábado, entre 19h27 e 22h23, quando não ocorrem operações no local.
Apenas os quatro vigilantes acusados estavam no recinto de despacho aduaneiro. Segundo a PF, com base nas filmagens, eles permitiram o ingresso de estranhos com um caminhão e os auxiliaram na estufagem do contêiner.
A caixa metálica foi levada da Hipercon para o pátio da BTP no dia 31 de março. O carregamento de cocaína apreendido, caso ele chegasse ao seu destino, alcançaria valor superior a US$ 16,6 milhões na venda por atacado, o que equivaleria a mais de R$ 80 milhões.
A PF requereu as prisões preventivas dos quatro vigilantes e a Justiça Federal as decretou. As investigações prosseguem para identificar outros integrantes da rede criminosa. Além das ordens de captura, na terça-feira (7) foram cumpridos cinco mandados de busca e apreensão.
O Santa Portal apurou que os vigilantes capturados são Danilo Vieira Inácio, Rafael Silva Lopes, Vagner Alves Rosa e Roger Garcia Neri Leite. Em suas residências foram apreendidos celulares e outros objetos que podem interessar às investigações e servir de provas.
Danilo e Rafael moram, respectivamente, em Praia Grande e Cubatão, enquanto Vagner e Roger residem em Santos. Um ex-vigilante da empresa de segurança, sobre o qual recai forte desconfiança, também teve a casa vistoriada, mas a sua prisão ainda não foi requerida pela PF.
Na decisão que decretou a preventiva dos acusados, a Justiça Federal destacou a complexidade das ações cometidas pelo grupo criminoso, “de elevado poderio financeiro e acentuado poder corruptor, integrado por diversas pessoas, algumas ainda não identificadas”. (EF)