06/11/2024

PMs são afastados após morte de menino no Morro São Bento; disparo teria saído de arma de policial

Por Santa Portal em 06/11/2024 às 14:25

Reprodução
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Os policiais militares envolvidos no tiroteio que resultou na morte do menino Ryan da Silva Andrade Santos, de quatro anos, na noite da última terça-feira (5), no Morro São Bento, em Santos, foram afastados previamente. Além disso, o comando da PM trabalha com a hipótese de que o disparo que matou a criança tenha saído da arma de um agente da corporação.

De acordo com a Polícia Militar, os policiais da Ronda Ostensiva com Apoio de Motocicletas (Rocam) foram surpreendidos durante uma incursão no Morro São Bento e precisaram reagir, trocando tiros com criminosos.

“Lamentamos muito o desfecho trágico, com a morte do menino Ryan, em ação que foi provocada por criminosos do Morro São Bento, em confronto com policiais militares. Estávamos com uma patrulha pela região, feita pela Rocam, quando em determinado momento uma moto inicialmente com dois homens fez uma manobra mais radical entrando numa rua. Eles se uniram a outras pessoas e passaram a atirar contra os policiais. Os criminosos perceberam que poderiam ser abordados e entraram nessa rua. Cerca de 10 criminosos, pelo relato dos policiais, efetuaram disparos de arma de fogo. Rapidamente chegou o apoio de uma equipe de Força Tática. Os policiais pararam a viatura e fizeram a progressão tática. Os criminosos efetuaram diversos disparos contra os policiais. A perícia esteve no local, não conseguimos precisar a quantidade de tiros provenientes dos criminosos, mas foram muitos. Os policiais tiveram que se defender, um dos criminosos foi baleado e faleceu. Um segundo foi socorrido com vida, passou por cirurgia e continua internado sem risco de morte. Os dois criminosos baleados são menores: um de 17 anos, o que faleceu, e o que apreendido, que está internado, com 15 anos. Além de outros que participaram dessa ocorrência. O menor infrator que morreu em confronto com a PM ostentava armas de fogo, possivelmente pertencia a facção criminosa. Discussão que precisamos retomar urgentemente sobre a maioridade penal, o tráfico utiliza mão de obra de adolescentes e a sociedade precisa discutir.”, disse o coronel Emerson Massera, chefe de Comunicação da Polícia Militar, durante entrevista coletiva na Capital.

Massera apontou que a dinâmica da ocorrência indica que o tiro que matou Ryan tenha saído da arma de um policial militar. O porta-voz da PM ainda confirmou que os agentes envolvidos na ação foram afastados temporariamente de suas funções.

“Provavelmente o disparo partiu da arma de um policial militar. O projétil ficou alojado no abdômen da criança, vamos fazer esse confronto balístico para comprovar a origem do disparo. Com o laudo da perícia, poderemos ter esse dado 100%. Pelo cenário que se dispôs partiu da arma de um policial, lamentamos muito. Mas não estamos considerando os policiais culpados. Eles foram atacados, agredidos e protegeram suas próprias vidas. Os policiais que participaram disso estão afetados, atingidos, esse resultado não era nunca o desejado. Volto a ressaltar: os responsáveis pelos disparos, pela morte do menino e ferimentos em outras pessoas foram os criminosos, não os policiais. Embora tudo indique que o tiro tenha partido da arma de um policial, não podemos tratar esses policiais como responsáveis ou culpados. Foram afastados imediatamente por causa de uma ocorrência como essa. Toda a dinâmica será avaliada pelo comandante Neri e pela Corregedoria. Será avaliada a necessidade de afastamento mais prolongado desses policiais. Estão sofrendo bastante com a morte de uma pessoa inocente, que não tinha nada a ver com a ocorrência”, afirmou.

Indagado se os policiais envolvidos na ação portavam câmeras corporais, Massera falou que eles não estavam com esses equipamentos. “O 6º Batalhão ainda não dispõe de câmeras corporais. Temos planejamento para ampliar a abrangência. (Os policiais envolvidos na ação) não usavam porque o Batalhão não foi contemplado com essas câmeras”, destacou.

Por causa da morte do menino Ryan, a Polícia Militar informou ainda que haverá um reforço do efetivo das forças de Segurança Pública na região.

O objetivo é identificar e prender os criminosos envolvidos na troca de tiros com os PMs no Morro São Bento.

“A partir do resultado dessa ocorrência, o policiamento será ainda mais reforçado. Estamos enviando a tropa de Coque. A nossa preocupação também é identificar e localizar esses bandidos. Estamos com reforço do policiamento, atuando juntamente com o serviço de inteligência da Baixada e do Choque, monitorando essas pessoas para que consigamos prendê-los. Essas prisões vão ocorrer, é questão de tempo”, concluiu Massera.

Entenda o caso

Tiroteio entre policiais militares das Rondas Ostensivas com o Apoio de Motocicletas (Rocam) e criminosos no Morro São Bento, em Santos, às 20h15 de terça-feira (5), teve saldo de um menino de apenas 4 anos morto. Dois supostos adolescentes infratores foram baleados, dos quais um não resistiu e também faleceu. Relacionados na ocorrência como vítimas de tentativa de homicídio, seis PMs escaparam ilesos ao confronto.

O menino Ryan da Silva Andrade Santos estaria em sua casa ou na frente dela, na Rua Nove, Vila Progresso, quando foi atingido por um disparo. Populares prestaram socorro à criança e, para isso, contaram com o apoio de uma mulher, que utilizou o seu carro para levar a vítima à Santa Casa de Santos. Em estado grave, o garoto foi internado na Unidade de Terapia Intensiva (UTI), onde morreu durante a madrugada desta quarta-feira.

A notícia sobre a morte de Ryan foi comunicada ao delegado Max Pilotto, na Central de Polícia Judiciária (CPJ), por volta das 3h30. A autoridade já havia registrado a ocorrência sobre o tiroteio entre a equipe da Rocam e bandidos no São Bento, no qual dois supostos infratores, de 15 e 17 anos, foram baleados. O mais velho morreu na Santa Casa. Sob escolta policial, o outro permanece internado no mesmo hospital.

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