PM foi torturado no tribunal do crime e enterrado duas vezes, diz delegado

Por Santa Portal em 20/05/2024 às 21:00

Patrícia Nunes/Santa Cecília TV
Patrícia Nunes/Santa Cecília TV

O corpo do soldado Luca Romano Angerami, encontrado na manhã desta segunda-feira (20), no morro da Vila Baiana, em Guarujá, foi desenterrado e mudado de lugar pelos criminosos para dificultar a ação da polícia. De acordo com os delegados Fabiano Barbeiro e Rubens Barazal, ainda foi torturado pelo tribunal do crime antes de ser enterrado.

“Os criminosos levaram Luca de carro da biqueira do Santo Antônio até o final da rua Chile, Vila Baiana, no escadão, onde tem uma casa abandonada utilizada pelos criminosos para o tribunal do crime. Uma vez que foi decidido que o PM seria executado, ele foi levado para o alto do escadão onde há uma trilha. Após 30 minutos de caminhada, chegaram a uma clareira, já quase no alto do morro, onde ele foi morto e enterrado pela primeira vez. Dias depois, foi retirado dali e levado para um segundo local, uma vez que os criminosos que ainda estavam em liberdade, percebendo a movimentação da polícia acabaram fazendo essa movimentação para dificultar o que achássemos o corpo”, afirmou o delegado Fabiano Barbeiro durante a coletiva de imprensa no palácio da polícia na tarde desta segunda-feira (20).

Barbeiro disse ainda que a identificação foi feita através das tatuagens do PM e, apesar dos 36 dias em que ficou enterrado, o cadáver do policial ainda não apresentava muitos sinais de decomposição por conta das condições geológicas e geográficas da região.

“O local onde o corpo foi encontrado, de mata fechada, é um local de muita umidade, o que favorece a preservação do corpo. Mas mesmo que ele tenha sido enterrado e em um primeiro momento a gente tivesse a informação de que ele teria sido enterrado em uma cova profunda, é jogado pá de cal em cima, mesmo assim, com as condições geológicas e geográficas do local favorecem a preservação do corpo. Porque o sumiço total do corpo, ou seja, para que ele saia do estado de matéria para a fase de esqueletização completa demora muito tempo. Se a gente deixassemos correr o tempo, falaríamos de oito meses a um ano. Nós estamos há 36 dias da morte, então o estado que nós encontramos o corpo realmente condiz com o período de tempo. Agora se ele foi morto naquele mesmo dia ou uma semana depois, só saberemos quando sair o resultado dos exames do IML”, explicou o delegado.

O soldado sofreu violência antes e depois da morte, segundo os delegados da Polícia Civil. No entanto, não é possível confirmar com exatidão essas informações e os policiais aguardam os exames periciais do IML. Barazal e Barbeiro ainda disseram que não houve nenhum motivo específico para que Luca fosse morto, ou seja, ele teria morrido apenas por ser policial.

“Há sinais de violência no corpo, tanto antes da morte quanto depois da morte. O laudo é quem vai detalhar todas as formas de violência que o policial passou. Não existe um motivo específico, não houve nenhuma briga, nada relacionado a nenhum tipo de desavença. Ele foi morto por ser policial e estar na hora errada e no local errado”, concluíram os delegados.

De acordo com a Polícia Civil, o local exato onde o soldado foi enterrado só foi encontrado devido a ajuda de um colaborador, que não foi identificado e sem essa ajuda, não seria possível localizar o cadáver.

“Um colaborador sinalizou o local onde o corpo do soldado estaria. Sem isso não conseguiríamos encontrar. Na manhã desta segunda feira seis investigadores subiram o morro da Vila Baiana seguindo a trilha deixada por este colaborador fazendo com que os policiais chegassem ao local onde se encontrava o corpo do soldado Luca Romano Angerami”, disseram.

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