Suman e esposa gastaram mais de R$ 3 milhões em roupas e joias, aponta PF

Por Vanessa Ortiz em 01/04/2022 às 11:00

Reprodução/Redes sociais
Reprodução/Redes sociais

As investigações da Polícia Federal sobre um suposto esquema de corrupção e desvio de verbas públicas na Prefeitura de Guarujá, apontaram que o prefeito, Válter Suman (PSDB), e sua esposa, Edna Suman, tiveram gastos “astronômicos” nos últimos dois anos. Compras de roupas e de joias ultrapassam mais de R$ 3 mi. 

Suman foi afastado do cargo na última quarta-feira (29), por ordem judicial, após ser deflagrada a 2ª fase da Operação Nácar, na qual são apuradas acusações contra ele envolvendo fraudes nas contratações das áreas de saúde e educação realizadas pela administração municipal. 

O Santa Portal teve acesso ao documento que aponta os gastos altos com roupas, joias, e imóvel comprados pelo chefe do Executivo e sua esposa. Somente com vestimenta e acessórios de luxo, o casal comprou R$ 3.190.085,25, sem nenhuma fonte lícita de recursos, conforme o levantamento das autoridades.

Em uma loja do Rio de Janeiro, foram gastos R$ 1.579.973,00, e R$ 948.062,45 em um grupo famoso de joias, na cidade de Manaus, além de R$ 180.184,00 em outro estabelecimento do mesmo segmento, na cidade de São Paulo, e R$ R$551.027,80 em uma confecção de roupas, também na Capital. 

Além disso, recentemente, dois apartamentos foram adquiridos em Campo do Jordão com custo aproximado de R$ 700 mil, registrado em nome dos filhos, e empenhado R$ 300 mil na reforma de um deles.

Se apurou ainda, que Suman e Edna adquiriram 8 imóveis de hotel no valor de R$ 270 mil cada, totalizando R$ 2.485.778,00, pagos em espécie e boletos, em nome de Valter Suman Júnior, Lucas Suman e Marcelo Feliciano Nicolau, ex-secretário de Educação, e também alvo da investigação.

Somente os gastos mensais de cartão de crédito chegam a superar os rendimentos lícitos de ambos, conforme apuraram as autoridades. Em imagens obtidas pela reportagem, Suman, inclusive, aparece pedindo para que a esposa deixe de gastar no cartão de crédito, pois estão sendo monitorados. 

Em outros prints, é possível ver diversas negociações de joias realizadas por Edna, onde a condição para compra é que seja realizada a venda sem nota fiscal. Os pagamentos eram realizados em parcelas e cada uma era dividida em vários depósitos simultâneos em dinheiro realizados por pessoas sob ordem da primeira-dama

Investigações

A Polícia Federal aponta que, ao menos, duas organizações criminosas atuavam na prefeitura, sendo uma delas chefiada pelo prefeito Suman e a esposa, e operada por Marcelo Nicolau. Junto com outros envolvidos, de acordo com as autoridades, fraudavam contratações públicas, para negociar vantagens indevidas com empresários.

De acordo com a PF, Nicolau seria o homem responsável pelo recebimento, e então, repassava esses valores para o casal. Prints de conversas mostram a primeira-dama pedindo para que o ex-secretário de Educação lhe entregue quantias em dinheiro. 

“Vou precisar de dinheiro para pagar contas […]. Pode ser R$ 20 mil”, diz em uma das conversas.

Em posse de Nicolau, os agentes encontraram ainda contratos de serviços onde se consta o valor ajustado já com a propina inicial para a negociação do contrato, e o quantitativo em percentagem referente às vantagens indevidas que seriam pagas mensalmente pelas empresas. 

Já a segunda organização era chefiada por Almir Matias, um empresário dono e controlador de entidades que se qualificam como Organizações Sociais, e firmam contrato de gestão com as prefeituras para atuarem na administração da Saúde. Nessa, eram realizadas contratações públicas superfaturadas, além de repasse de recursos por serviços não prestados e para empresas fantasmas. 

Primeira fase 

A acusação contra Suman envolve fraudes nas contratações das áreas de saúde e educação realizadas pela prefeitura. As empresas Organização Social Pró-Vida (OS) e a empresa AM da Silva Serviços Administrativos Ltda. (AM da Silva) teriam firmado contratos com o município que superam valores de R$ 30 milhões – uma parte substancial desse valor teria sido repassada pelo Governo Federal para o combate à pandemia da covid-19.

Suman e o secretário de Educação, Marcelo Nicolau, chegaram a ser presos pela Polícia Federal em setembro de 2021 durante a primeira fase da Operação Nácar-19. Em imóveis ligados aos investigados foram encontrados dinheiro e joias, inclusive no Gabinete Municipal.

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