Médico é preso por envolvimento em homicídio de paciente em hospital de Guarujá

Um médico ortopedista foi preso na tarde desta segunda-feira (16), dentro do Hospital Santo Amaro, em Guarujá, por envolvimento no homicídio de um paciente, ocorrido em 24 de abril. O homem foi morto a tiros quando saía do hospital após ser internado por levar um tiro na região das nádegas. Ele foi executado dentro da unidade.

De acordo com o delegado da 3ª Deic de Santos, Thiago Nemi Bonametti, em coletiva de imprensa nesta segunda-feira, foi confirmado pelas investigações o envolvimento do médico no crime. O nome do médico não foi divulgado. Foi cumprido um mandado de prisão preventiva, e por isso o indivíduo permanecerá em uma cadeia pública pelos próximos 30 dias.

“O que foi feito hoje foi o cumprimento do mandado de prisão temporária e mandado de busca e apreensão com relação a esse médico, que se apura o envolvimento no homicídio que foi amplamente noticiado, dentro das dependências do hospital do Guarujá”, disse o delegado.

A principal suspeita é que o médico teria facilitado a entrada dos criminosos dentro da unidade, para que o homicídio contra o paciente fosse cometido. “Essa suspeita inicial é o que nós estamos apurando, e já temos indicativos concretos nesse sentido, por diversas formas de investigação, que demonstram fortemente esse indício, ainda pendente de comprovação e análise judicial, mas os indícios foram suficientes para a decretação de prisão temporária”.

Ainda segundo o delegado, o envolvimento de outras pessoas ainda está sendo apurado, e enquanto o médico estiver preso, a polícia ganhará tempo para prosseguir as investigações. Para chegar no médico, a polícia utilizou imagens de câmeras de segurança, além de outras provas, o que subsidiou o pedido de busca e apreensão e mandado de prisão temporária.

Na residência do suspeito, a polícia não encontrou nada de irregular, mas na busca pessoal realizada nas dependências do hospital de Guarujá, foi encontrada uma pequena quantidade de pó branco, aparentando ser cocaína, com o médico. O pó ainda será analisado para comprovação de que trata-se de droga. Também foi apreendida uma quantia em dinheiro, cuja origem será apurada pela polícia.

No momento da prisão, o médico demonstrou nervosismo e exaltação, mas depois foi informado sobre os direitos dele e que estava sendo preso, e se acalmou. “Ele compreendeu, como se já soubesse o que o esperava”, relatou o delegado. Ele não atendia nenhum paciente durante a chegada dos policiais, que escolheram o momento mais oportuno para realizar a prisão sem alarde.

Organização criminosa

As investigações da polícia apontam que o médico teria envolvimento também com uma facção criminosa e tráfico de drogas, de acordo com o delegado Thiago Nemi Bonametti. Por isso, é possível que a ligação dele com o homicídio vá além de uma simples facilitação para o crime.

“As investigações apontam a ligação desse médico com uma facção criminosa, não apenas para esse homicídio, mas também com relação a tráfico de drogas, fato inclusive que já foi investigado por outras unidades policiais. Então, ele possui uma ligação com facção criminosa, isso é evidente e também é objeto da apuração, por isso pode ser que passe da mera facilitação. Isso ainda depende da apuração e do que ele vai falar, mas existem indícios de ligação dele com facção criminosa em outras situações, o que revela no nosso entendimento uma ligação mais próxima com o crime organizado, até porque a gente apura notícia dele tratar indivíduos envolvidos com o crime, que o procuram para buscar tratamento médico sem que haja alarde”, disse o delegado.

A polícia também apura o envolvimento do médico em uma apreensão de drogas ocorrida em uma residência no bairro Acapulco, em Guarujá. “Essa investigação não tramita pela nossa delegacia, a gente só investiga o homicídio e a ligação dele com a organização criminosa, mas essa ocorrência é ligada a ele, que outra unidade apura a propriedade e autoria do tráfico de drogas em relação a ele”, explica Thiago.

Investigação

A investigação iniciou a partir de um hipótese, que foi validada a partir dos elementos colhidos, de acordo com o delegado da 3ª Deic. “A gente começa a investigação de homicídios com várias hipóteses, e o envolvimento dele era uma das hipóteses que, ao longo da investigação, acabou validando cada vez mais pelos elementos que a gente angariou. Desde o dia dos fatos, a gente está sempre analisando as hipóteses e ele estava ali como uma dessas possibilidades.”

Durante as investigações, as imagens obtidas pela polícia foram determinantes. “Nós pegamos mais imagens em uma semana de trabalho denso, que mobilizou toda a delegacia. Não posso revelar, mas temos mais coisas do que as imagens, e foi isso que nos levou a fazer o pedido ao Ministério Público e Poder Judiciário”.

A polícia também atuou na investigação da motivação por trás do crime que levou a vítima ao hospital, um tiro nas nádegas. “Existem boatos, mas todos caminhando no sentido de uma retaliação por organização criminosa, que precisava com muita intensidade matar esse indivíduo antes que ele saísse do hospital. A gente viu o interesse na organização em matar esse indivíduo e para nós, isso basta”, finalizou.